segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Maçonaria abre as portas ao público da Expointer

Pela primeira vez na Expointer, a Maçonaria está presente com a Casa do Maçon. Sob responsabilidade da Loja Luz, Vida e Amor, de Esteio, filiada ao Grande Oriente do Rio Grande do Sul, a casa representa a maçonaria unida, que congrega as três potências: Grande Oriente do Brasil (GOB), Grande Oriente do RS e Grandes Lojas. Conforme Jorge Rodrigues, responsável pela casa na Expointer, essa foi uma iniciativa pioneira em que a Maçonaria abriu as portas ao público.

Mais de 300 maçons visitaram a casa. Dentre eles, funcionários, integrantes do Governo do Estado, cabanheiros e visitantes da França, Argentina e Uruguai e dos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. A Casa do Maçon recebeu também visitantes das cidades de Chapecó, Soledade, Santa Cruz, Novo Hamburgo, Camaquã, Lajeado,Osório e Tramandaí.

Além da presença constante de Dorotéo Fagundes, passaram pelo local Adão Bueno, vencedor da 2ª Tertúlia Gaúcha Maçônica de Poesia Crioula e grande divulgador da cultura gaúcha; o consultor agronômico da empresa Grano, Vilmar Mário Rohde, o consultor estratégico de negócios da empresa John Deere, Lorentz Brenner, e o superintendente-geral da Assembléia Legislativa, Armênio de Oliveira Santos, entre outras autoridades.

Pacto Federativo

A Casa do Maçon realizou durante a Expointer 2008 reunião-almoço que reuniu o Grão-Mestrado do Grande Oriente do RS e palestra buscando posições sobre o Pacto Federativo, contra a violência e a criminalidade.

O que é

A maçonaria é uma associação de caráter universal, cujos membros cultivam a filantropia, justiça social, aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia e igualdade, aperfeiçoamento intelectual e fraternidade.É uma ordem universal formada de homens de todas as raças, credos e nacionalidades.
Bento Gonçalves e Davi Canabarro eram membros ativos da maçonaria. Ombreando ideais e combates ao lado destes estavam Tito Livio de Zambeccari e Giuseppe Garibaldi. A associação de Zambeccari e Garibaldi aos Farroupilhas se deu pela comunhão de princípios cristalinos que a ordem preconiza de liberdade, defesa de povos oprimidos e combate ao autoritarismo. Os maçons em qualquer parte do globo terrestre estão convocados a defenderem estes princípios.

Notícia publicada no site do evento.
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terça-feira, 11 de agosto de 2009

QUANDO UM HOMEM É MAÇOM ?

Quando puder olhar além dos rios, das montanhas e do horizonte distante, com um profundo senso de sua própria pequenez no vasto complexo das coisas, e ainda ter fé, esperança e coragem. Quando souber que no fundo do seu coração, cada homem é tão nobre quanto viu, tão divino quanto diabólico e tão solitário quanto ele mesmo e procurar conhecer, perdoar e amar seu semelhante. Quando souber como simpatizar-se, com homens em suas tristezas e até mesmo em seus pecados, sabendo que cada homem enfrenta uma luta difícil contra múltiplos obstáculos. Quando tiver aprendido a fazer amigos e a conservá-los e sobretudo, conversar com os amigos consigo próprio.
Quando amar as flores, puder ir atrás dos pássaros sem uma espingarda e sentir o encanto de uma velha alegria esquecida, ao ouvir o riso de uma criancinha. Quando puder ser feliz e generoso em meio a vicissitudes significativas da vida. Quando as arvores de copas estreladas e o brilho da luz do sol nas águas correntes conquistarem-no como a lembrança de alguém muito amado e há muito desaparecido.
Quando nenhuma voz de angústia atingir seus ouvidos em vão e mão nenhuma procurar sua ajuda sem resposta.
Quando encontrar o bem em cada fé que ajude a qualquer homem reter as coisas mais elevadas e a ver os significativos majestosos da vida - qualquer possa ser o nome dessa fé.
Quando puder olhar para um charco de beira de estrada e ver algo além da lama e na face do mais objetivo mortal e ver algo além do pecado. Quando tiver mantido a fé em si mesmo, no seu semelhante, no seu Deus : na sua mão uma espada contra o mal, no seu coração o toque de uma canção - feliz por viver, mas sem medo de morrer !
Em tal homem, seja ele rico ou pobre, erudito ou iletrado, famoso ou obscuro, a Maçonaria cumpriu o seu doce mistério! Tal homem descobriu o único segredo real da Maçonaria e o único que ela está tentando doar a todo o mundo.


"JOSEPH FORT NEWTON"
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Um poema de Vitor Hugo

Desejo primeiro que você ame, e quando amado, também seja amado; E que se não for, seja breve em esquecer, e que se esquecendo, não guarde mágoa;
Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar;
Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos num deles você possa confiar, sem duvidar;
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas a medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas, e que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro;
Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível, e que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé;
Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros;
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que sendo velho, não se dedique ao desespero, porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós;
Desejo por sinal que você seja triste... Não o ano todo, mas apenas um dia, mas que neste dia descubra... que o riso diário é bom... o riso habitual é insosso e o riso constante é insano;
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência... acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta, desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o joão-de-barro, erguer triunfante o seu canto matinal, porque assim, você se sentirá bem por nada;
Desejo também que você plante uma semente... por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas... muitas vidas é feita uma árvore;
Desejo, Outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático, e que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem;
Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que se morrer você possa chorar, sem se lamentar e sofrer sem se culpar;
Desejo por fim que você sendo homem, tenha uma boa mulher; e que sendo mulher, tenha um bom homem, e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar, e se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a te desejar !!!
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O último discurso de "O Grande Ditador"


Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador.
Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer quer seja.
Gostaria de ajudar - se possível - judeus,
o gentio...negros...brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros.
Os seres humanos são assim.
Desejamos viver para a felicidade do próximo
não para o seu infortúnio.
Por que haveremos de desprezar e odiar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos.
A terra, que é boa e rica, pode prover a
todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e
da beleza, porém nós extraviamos.
A cobiça envenenou a alma dos homens...
levantou no mundo a muralha do ódio...
e tem-nos feito marchar a passo de ganso
para a miséria e os morticínios.

Criamos a época da velocidade,
mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz abundância,
tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos;
nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia
e sentimentos bem pouco.

Mais do que de máquinas,
precisamos de humanidade.
Mais do que de inteligência,
precisamos de afeição e doçura.
Sem essas virtudes, a vida será de violência
e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais.
A própria natureza dessas coisas é um apelo
eloquente à bondade do homem...
um apelo à fraternidade universal..
à união de todos nós.

Neste mesmo instante a minha voz chega a
milhões de pessoas pelo mundo afora...
milhões de desesperados,
homens, mulheres, criancinhas...
vítimas de um sistema que tortura
seres humanos e encarcera inocentes.

Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!"
A desgraça que tem caído sobre nós não é mais
do que o produto da cobiça em agonia...
da amargura de homens que tem o
avanço do progresso humano.

Os homens que odeiam desaparecerão,
os ditadores sucumbem e o
poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo.
E assim, enquanto morrem homens,
a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais...
que vos desprezam... que vos escravizam...
que arregimentam as vossas vidas...
que ditam os vossos atos,
as vossas idéias e os vossos sentimentos!
Que vos fazem marchar no mesmo passo,
Que vos submetem a uma alimentação regrada,
que vos tratam como gado humano e
que vos utilizam como carne para canhão!
Não sois máquina! Homens é que sois!

E com o amor da humanidade em vossas almas!
Não odieis!
Só odeiam os que não se fazem amar...
os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão!
Lutai pela liberdade!

No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito
que o Reino de Deus está dentro do homem,
não de um só homem ou de um grupo de homens,
mas dos homens todos!
Está em vós! Vós, o povo, tendes o
poder de tornar esta vida livre e bela...
de faze-la uma aventura maravilhosa.
Portanto - em nome da democracia
usemos desse poder, unamo-nos todos nós.

Lutemos por um mundo novo...um mundo bom que a
todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à
mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que
desalmados têm subido ao poder.
Mas, só mistificam! Não cumprem o que promete.
Jamais cumprirão! Os ditadores liberam-se,
porém escravizam o povo.

Lutemos agora para libertar o mundo,
abater as fronteiras nacionais,
dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência.
Lutemos por um mundo de razão,
um mundo em que a ciência e o progresso
conduzam à ventura de todos nós.

Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo?
Onde te encontres, levanta os olhos!

Vês, Hannah!
O sol vai rompendo as nuvens que se disperam!
Estamos saindo da treva para a luz!
Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor,
em que os homens estarão acima da cobiça,
do ódio e da brutalidade.

Ergue os olhos, Hannah!
A alma do homem ganhou asas e afinal
começa a voar.
Voa para o arco-íris, para a luz da esperança.
Ergue os olhos, Hannah!
Ergue os olhos!
.'. Charles Spencer Chaplin .'.
16/04/1889 à 25/12/1977


Texto de um dos maiores homens que viveram em nosso Planeta, CHARLES CHAPLIN, proferido no final do filme "O grande Ditador", que é um dos mais belos textos pacifistas já escritos...
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sábado, 1 de agosto de 2009

POESIA: "ALMA DE APRENDIZ"

Olhei bem,
Prestei atenção,
Vi o sistema solar
- O Big-bang!
O universo em expansão.
Viajei pelas órbitas dos cometas,
Questionei o rito dos planetas.
Naveguei pelo espaço-tempo,
Luz, som, mundo desconhecido.
Explorei nosso passado,
A vida e sua relação esotérica.
Ganhei a palavra sagrada,
Sinais, magia, cabala e simbologia.
Todos os mistérios e a ritualística periférica.

Conheci o saber, o verbo, o princípio e a fé.
Viajei pelas águas sagradas,
Senti a pureza da terra, do fogo e do ar.
Realizei as viagens simbólicas,
livre, seminu, sem enxergar.
Segui com coragem a beleza que nos conduz
E descobri o valor da confiança,
Da descoberta – divina luz.

Olhei bem,
Prestei atenção,
Vi a Abóbada Celeste
Em seus detalhes.
Encontrei a harmonia inconteste
Do Grande Arquiteto do Universo
E sua lei universal,
Que revigora, encanta e se espalha
Pelas entranhas e profundezas
Da minha alma.
Que esclarece os mistérios
E a verdade fundamental.

Alma de aprendiz,
Que se revela com graça e discernimento.
Alma intuitiva e calma,
Que sacrifica o espírito
E ilumina a virtude do verdadeiro irmão.
Alma que liberta o profano
E que renasce
Com a Iniciação.
Inteligentemente,
Purifica a força e o pensamento
Do aprendiz Maçon.
Sol que aparece no Oriente
E jorra-se em Luz
Ao romper do dia,
Luz que movimenta a gente.
Aprendiz que trabalha ao meio-dia,
Gérmen, feto, princípio da maçonaria.
Elo da corrente,
Verso reverso,
Prosa e poesia.

Alma de aprendiz,
Que se revela homem em sua plenitude,
Estuda, evolui, aprende, contradiz,
Cava masmorra ao vício
E levanta templos à virtude.
Alma de um menino valente,
Que voa em seus objetivos
E caminha sempre em frente:

Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade!

Objetivo supremo do homem,
Caminho, revelação e verdade.
Vida Justa e Perfeita,
Retidão, filosofia,
Alimento da alma,
Luz de sabedoria.


Wlidon Lopes da Silva, A:.M:.
A:.R:.L:.S:. Mounth Moriah 3327, São Paulo - Brasil
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A IMPORTÂNCIA DOS GRAUS SIMBÓLICOS

Os três graus simbólicos, Aprendiz, Companheiro e Mestre, comuns a todos os ritos maçônicos, representam a essência total de toda a doutrina moral da Maçonaria.

Na primitiva Franco-maçonaria, formada pelas organizações de ofício, só existiam os Aprendizes; e os mestres-de-obras eram escolhidos entre os mais experientes Aprendizes. O grau de Companheiro seria criado já nos primórdios da Maçonaria dos Aceitos --- também chamada, impropriamente, de Especulativa --- no século XVII; e essa era a situação, quando da fundação, a 24 de junho de 1717, da Pemier Grand Lodge, de Londres, a primeira do sistema obidencial. O grau de Mestre seria criado em 1725, mas só introduzido em 1738, pela Grande Loja londrina. A parti daí, iria se concretizar a totalidade da doutrina moral e da mística da instituição maçônica.

Os três graus simbólicos, síntese do universo maçônico, mostram a evolução racional da espécie humana, ou seja: intuição (Aprendiz), análise (Companheiro) e síntese (Mestre). O Aprendiz, ainda inexperiente, embora guiado pelos Mestres, realiza o seu trabalho de forma praticamente empírica, através da intuição, apenas, representando o alvorecer das civilizações, dominadas pelo empirismo ; o Companheiro, já tendo um método de trabalho analítico e ordenado, simboliza uma mais avançada fase da evolução da mente humana, enquanto o Mestre, juntando, através da síntese, tudo o que está disperso,, para a conclusão final da obra, representa o caminho derradeiro da mente, na busca da perfeição.

Simbolicamente, nesses três graus, os maçons dedicam-se à construção do templo de Jerusalém, símbolo das obras perfeitas dedicadas a Deus, de acordo com a concepção da Ordem dos Templários, criada em 1118 e regida pelos estatutos idealizados por São Bernardo. A construção do templo, no caso, representa a construção moral e ética do iniciado. Para a concretização desse simbolismo, a Maçonaria criou a lenda do terceiro grau, de forte cunho moral, segundo a qual havia um arquiteto, Hiram Abi ("Hiram, meu pai"), que fora enviado ao rei Salomão por Hiram, rei da cidade fenícia de Tiro, para ser o mestre das obras do templo ; isso, evidentemente, é pura lenda, pois, Hiram Abi era, simplesmente, um entalhador de metais. Diz, também, a lenda, que Hiram dividia os seus obreiros, de acordo com suas aptidões, em graus --- Aprendiz, Companheiro e Mestre --- dando-lhes a oportunidade de progredir, pelo seu trabalho. Embora isso também seja, lenda, pois não havia Maçonaria na época da construção do templo de Jerusalém e nem graus de Companheiro e Mestre (embora alguns ingênuos acreditem nisso), mostra duas lições morais: a cada um segundo as suas aptidões e a cada um segundo os seus méritos. Hiram, a personificação da Sabedoria, acabaria sendo morto pela personificação de vícios degradantes, a inveja, a cobiça e a ignorância, representadas em três Companheiros, que, sem os méritos, procuravam ser Mestres, a qualquer custo (o que também é apenas lenda e não realidade).

Esses traços gerais da lenda --- já que o seu desenvolvimento e as suas minúcias são reservadas aos iniciados no terceiro grau --- mostram que o maçom, ao atingir o grau de Mestre, já deve possuir a plenitude do conhecimento iniciático, moral, social e metafísico, necessário e pertinente aos objetivos da Ordem maçônica, restando-lhe, então, o trabalho, sempre constante, na busca da perfeição, nunca atingida, mas sempre perseguida, pois ela é o estímulo sempre presente na vida do ser humano.

Terá, então, o Mestre, a humildade de se prostrar perante os grandes mistérios da vida e os insondáveis escaninhos da Natureza, despojando-se de todas as vaidades, incluindo-se, entre elas, a busca desvairada dos galardões, símbolos da fatuidade, e a busca da ascensão a qualquer custo, numa escala que quase nunca reflete um conhecimento apreciável e um desejável mérito pessoal. Deverá, então, o Mestre, lembrar-se, sempre, de que a verdadeira beleza é a interior, mesmo que o exterior não seja coruscante e não brilhe em faíscas de ouro e prata, pois o maçom, o verdadeiro maço, o maçom integral é um Mestre pelas suas qualidades mentais e espirituais e não por sua posição na escala, ou por seus vistosos paramentos. O hábito não faz o monge, diz a velha sabedoria popular, e se pode até acrescentar que um muar ajaezado de ouro nunca poderá ser confundido com um corcel de alta linhagem.

Na Loja Simbólica, verdadeira e única essência da Maçonaria universal, o iniciado percorre um longo caminho, desde as trevas do Ocidente até à luz do Oriente, tendo o seu lugar de acordo com as suas aptidões e a sua ascensão de acordo com os seus méritos. Sua ascensão não deverá, nunca, ser devida a favores pessoais, a apadrinhamentos, a rapapés e bajulações, ou ao poder corruptor dos metais, expedientes, esses, tão comuns na sociedade, em geral, mas excluídos dos templos da verdadeira Maçonaria, desde os seus primórdios, nos velhos tempos em que só existiam Aprendizes e Companheiros, que usavam um simples avental de couro, símbolo humilde do trabalho, sem as riquezas flamejantes de uma nababesca farrambamba.

Acham, muitos maçons desavisados, que os graus simbólicos são secundários e representam um mero apêndice da maçonaria, uma etapa primária e elementar, um trampolim para grandes escaladas, quando, na realidade é basilar e relevante a sua importância --- a ponto deles constituírem, segundo consenso, a "pura Maçonaria" --- pois, como alicerces de toda a estrutura maçônica universal, nada mais existiria de maçônico sem eles, restando apenas as honorificências, de que o mundo não maçônico é tão prenhe.
* * *

Do livro "Liturgia e Ritualística do Grau de Mestre Maçom"
Editora A Gazeta Maçônica - 1987
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ESTRELA FLAMÍGERA

Quero começar este trabalho dizendo que foi o mais difícil de todos os que já fiz na Maçonaria – e este é o oitavo texto que escrevo. Difícil em primeiro lugar por ser um assunto totalmente novo e desconhecido para mim, mas, principalmente, porque o material pesquisado exigiu um grande esforço de classificação e depuração, uma vez que oferece muitas idéias que considero inaceitáveis. E, ainda, porque o tema da estrela flamejante aborda com ênfase a questão dos números – binário, ternário etc. – que como já escrevi em outro trabalho, se me afigura como de nenhuma importância. Ressalto, porém, que estou aberto a aprender e rever meus conceitos.
Descarto, por considerar inaceitável, a interpretação da estrela flamígera como expressão de magia, seja destinada ao bem, quando a quinta ponta está voltada para cima, seja para a prática do mal, quando essa ponta está voltada para baixo. Entendo que não podemos de forma alguma aceitar a idéia de que seja possível a prática da magia, ainda que voltada para o bem, pois isso nos levaria a uma atitude de comodismo, partindo do pressuposto de que basta executarmos determinados gestos rituais para resolver todos os problemas. É evidente que buscamos a solução dos problemas e a construção de uma vida melhor para nós e para todos, através de nosso trabalho, de nosso estudo, de nossos esforços, de nosso comprometimento. Enquanto a idéia da magia ilude as pessoas, prendendo-as em seu comodismo e alienação, o compromisso com a transformação e burilamento de nossa vida exige um grande esforço diário.
Os símbolos, por outro lado, são válidos e importantes dentro de nossa vida. Não pelo objeto em si, mas por aquilo que representam. É assim que entendo o sentido da estrela flamígera: um sinal luminoso a nos indicar o caminho a seguir. Estrela que apontou aos sábios vindos do oriente o caminho para encontrarem o menino nascido em Belém. Estrela-guia a indicar a rota aos navegantes que cruzavam os mares. Estrela que nos aponta o caminho, ilumina a escuridão, nos aquece com seus raios de fogo.
A estrela flamígera, ou flamífera, ou flamejante, também chamada pentagonal ou pentalfa, por ter cinco pontas ou raios, é o símbolo do companheiro maçon. Essas pontas representam, segundo muitos autores, as pernas, os braços e a cabeça do homem. Achei oportuno, em decorrência, o paralelismo com o famoso desenho de Leonardo da Vinci conhecido como o Homem Vitruviano (figura na página seguinte), por ter sido baseado numa famosa passagem do arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio. O redescobrimento do corpo humano, com suas proporções perfeitas, é considerado de grande importância no surgimento do Renascimento italiano.
O desenho do Homem Vitruviano forma uma estrela de cinco pontas, simbolizando de forma muito sugestiva a realidade que também nos é apontada pela estrela pentagonal: devemos ter os dois pés bem plantados no chão, para que nossos projetos e trabalhos sejam realistas e possíveis de serem executados. Estrela flamejante, com duas pontas voltadas para os lados, expressão de nossos braços sempre abertos para acolher os outros, lembrando-nos que não estamos sozinhos e que nossa caminhada é solidária no fraternismo e no apoio mútuo. Estrela flamígera, com a ponta voltada para cima, lembrando-nos que nossa cabeça está voltada para o alto, buscando a sintonia com o Criador, na certeza de que somos guiados por nosso ideal.
Se dentro do simbolismo maçonico a estrela flamífera com a quinta ponta voltada para cima, representa o bem, a virtude, o próprio Deus, enquanto a estrela com essa ponta voltada para baixo representa o mal, o vício, o próprio diabo, nós queremos ter nossa vida iluminada, guiada e aquecida pelos raios da estrela flamejante em sua posição original. Para o companheiro maçom, portanto, a estrela pentagonal simboliza e testemunha a obra que está sendo feita: obra de luz, obra do bem, obra do homem em comunhão com Deus, com os irmãos e com todas as criaturas. Sempre conscientes de que não se trata de uma estrela mágica, que resolve nossos problemas e dificuldades, e sim de um símbolo a nos lembrar o compromisso com o mundo, com os irmãos e com o Grande Arquiteto do Universo.
Nesse tríplice relacionamento, o homem deve se postar como filho em relação ao Criador, como irmão em relação aos outros homens, como senhor em relação às outras criaturas. Na medida em que nos deixamos guiar pelo egoísmo, quebrando a harmonia dos relacionamentos, queremos nos tornar iguais a Deus e senhores de nossos irmãos. Saindo do prumo, porém, nem percebemos que acabamos nos tornando escravos dos bens materiais.
O companheiro maçom deve buscar nos mestres os ensinamentos e o exemplo de vida para continuar sua caminhada. Em muitos momentos, porém, será obrigado a caminhar sozinho em meio à noite das dificuldades. Entendo que por isso a estrela flamejante é o símbolo do companheiro maçom, pois simboliza a luz que mostra a direção a ser seguida, o fogo dos raios que aquece e reanima para superar as fraquezas e dificuldades encontradas da jornada.
Aquecido e reanimado pela flama da estrela, o companheiro deve trabalhar com criatividade, planejamento e empenho na obra que assumiu. Tendo desbastado a pedra bruta, deve agora unir-se aos irmãos no esforço de construir uma edificação sólida, erguida sobre a rocha e não sobre a areia. No grau de companheiro, o maçom já deve estar preparado para trabalhar em benefício dos outros, quer na vida familiar, quer na vida profissional e social. A estrela flamejante representa a iluminação que vence as trevas em nossa vida, para que caminhemos em segurança, sem o risco de nos perdermos, afastando-nos de nosso ideal.
Gostaria de concluir este trabalho prestando uma singela homenagem a um dos maiores escritores brasileiros. Num estudo sobre a obra genial de Guimarães Rosa, “Grandes Sertões: Veredas” – sem sombra de dúvida uma das mais ricas e instigantes obras da literatura nacional – Consuelo Albergaria afirma que o obra está fundamentada numa visão maçônica. Os nomes dos personagens, por exemplo, tem todo um simbolismo que expressa essa visão. O próprio Guimarães Rosa, mineiro de Cordisburgo, apresentou-se como "O Cavaleiro da Rosa do Burgo do Coração”, título que certamente será entendido pelos Irmãos que já atingiram o grau 18 da Maçonaria. A ensaísta cita diversas passagens que comprovariam sua tese, mas, para ficarmos em nosso tema, podemos ver uma expressão simbólica da estrela flamejante no elenco dos cinco chefes de jagunços: Joca Ramiro, Medeiro Vaz, Zé Bebelo, Hernógenes e Ricardão. Ressalte-se que os três primeiros são bons e leais, enquanto os dois últimos são traidores (Judas), simbolizando a desarmonia e o mal.
Conscientes de que vivemos a eterna luta entre o bem e o mal, possamos continuar nosso esforço, guiados, iluminados e aquecidos pela estrela flamejante, colocando nossa pedra na edificação de uma sociedade mais justa, aspiração do povo brasileiro, tão bem retratada por Guimarães Rosa.

José Fernando Eberhardt, Companheiro, 18/09/06 - ARLS Hugo Simas, nº 92.
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AS COLUNAS


1 – Sob o ponto de vista zodiacal

Existe estreita relação mística entre os signos e a renovação anual da natureza, ou seja, eles representam as constantes mortes e ressurreições da natureza, simbolizadas pelo imutável ciclo dos vegetais (lenda da deusa Deméter, dos gregos, ou Ceres, dos romanos) e pela fabulosa Fênix, ave que renasce das próprias cinzas. Há relação, também, evidentemente, com todos os mitos solares de todos os povos (lenda de Osíris, dos egípcios, de Mitra, dos persas, etc.).

Graças a essas relações, os doze signos zodiacais simbolizam, no Rito Escocês, TODO O CAMINHO MÍSTICO PERCORRIDO PELO INICIADO, desde o seu ingresso na Ordem, como Aprendiz, até ao cume de sua trajetória iniciática, no grau de Mestre. As colunas zodiacais, encontradas nos Templos e que possuem, em seu topo, os pentaclos (representações dos signos, com seus elementos e planetas respectivos), simbolizam essa trajetória.

2 – Sob o ponto de vista arquitetônico

No Templo Maçônico, além de outras influências da antiga civilização grega, encontramos os três grandes estilos arquitetônicos da Antigüidade, usados principalmente nos templos, já que A CONSTRUÇÃO DE TEMPLOS FOI A MAIS ALTA EXPRESSÃO DA ARQUITETURA ANTIGA.

Na arquitetura antiga, distinguem-se três sistemas diferentes: os estilos DÓRICO, JÔNICO E CORÍNTIO, cujas denominações foram, durante a Renascença, tiradas da Antigüidade, muito embora elas não possam ser tomadas, literalmente, como específicas de uma determinada região da Grécia antiga, já que o dórico não se limitou, apenas, à região dos dórios, no Continente e no Peloponeso, o estilo jônico, embora tenha florescido na Jônia (com as construções feitas em Mileto, Samos e Dídima), deu origem à ordem atico-jônica no Continente, enquanto que o estilo coríntio, muito posterior aos outros dois, é totalmente semelhante ao jônico, só diferindo na forma do capitel de suas colunas.

COLUNA DÓRICA – Sem base, o aspecto da coluna dórica é o de uma estrutura simples, mas de forma bastante convincente. Considerando-se que a função principal de uma coluna é erguer-se para o alto, suportando um peso, a forma da coluna dórica confirma essa função arquitetônica, para cuja realização, todavia, colaboram alguns recursos sutis, como: o adelgaçamento do fuste (a gradual redução do seu diâmetro, de maneira que, no topo, ela tenha um quarto do diâmetro da parte inferior); o canelado, que divide o corpo da coluna em sulcos e o capital, concretizando a transição da força ascensional do fuste para o peso do entablamento. Sua construção, de formas simples, mas com aspecto de robustez, de força, permitiu que fosse associada, no Templo Maçônico, à Coluna da Força, a Coluna representada pelo 1º Vigilante.

COLUNA JÔNICA – O estilo jônico diferencia-se do dórico, principalmente, por suas colunas que apresentam um fuste mais alto e mais belo, onde existem CANELURAS cavadas profundamente, separadas por LISTÉIS planos, ao invés de arestas vivas. Além disso, a coluna jônica apresenta uma base circular e um complicado capitel, em forma de volutas que se estendem superficialmente, para a direita e para a esquerda. Sua forma está associada, no Templo Maçônico, à Coluna da Sabedoria, representada pelo Venerável Mestre.

COLUNA CORÍNTIA – O estilo coríntio segue todas as demais características do jônico, com exceção do capital, que tem uma rica decoração de folhas de acanto; o nome desse estilo deriva da lenda, segundo a qual o escultor CALÍMACO, teria visto, em Corinto, sobre o túmulo de uma donzela, um cesto (KALATHOS) coberto por folhas de acanto, que cresciam em volta dele (século V a.C.). Por sua beleza inconfundível, a forma da Coluna Coríntia está associada à Coluna da Beleza, representada pelo 2º Vigilante.

As colunas gregas, por serem realmente destinadas à sustentação dos edifícios dos templos, foram associadas aos três dirigentes principais do Templo maçônico (o Venerável e os Vigilantes) porque são eles, simbolicamente, que sustentam o Templo.

3 – As colunas Vestibulares

As colunas B e J, do pórtico do templo de Jerusalém, adotadas pela maçonaria, são de outro estilo. São colunas egípcias, com motivos de flores de lótus e folhas de papiro, um rendilhado, uma fileira de pequenas romãs, no capitel, e tendo, sobre ele, dois globos (um em cada coluna), representando, um, a Terra, e o outro, o Universo.


BIBLIOGRAFIA – O Rito Escocês Antigo e Aceito, de José Castellani.
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MUDAR DE OPINIÃO... SIM!

Como é difícil!

Quantas vezes nos encontramos no dilema em que se exige de nós uma opinião.

Quantas vezes nos encontramos no dilema, em que aquela opinião que tínhamos de determinado assunto, cada vez mais se torna anacrônica e pior, nos angustiamos, porque o que era talvez uma verdade que a achávamos irrefutável, agora se torna obsoleta; agravando-se ainda mais, quando essa opinião de que éramos possuidores e que a achávamos “imutável”, algumas vezes é do conhecimento de outros.

Que fazer?

Nosso derredor está permanentemente em mudança. Células de nosso corpo são mortas e renovadas; uma insignificante semente, se transforma em uma frondosa árvore; nosso crescimento anatômico muda, da infância à velhice; nossa mente também muda, da infância inocente, passando pela emotividade explosivo da adolescência, para depois tornar-nos racional na idade adulta e sermos ponderados na velhice.

Quem desconhece isto, desconhece as mudanças as quais estamos em constante mutação, de pensamento e atos.

Isso é lógico pois nada é estático, nem o corpo rígido cadavérico, porque este, está-se decompondo, dando para a terra o que dela tirou para sua composição e, dos resíduos deste outros corpos vivos formar-se-ão.

Uma das maiores estupidez que existe em nossas vidas é usar o jargão, “não mudo de opinião”, ou se preferirem “não abro mão de...”, isso reflete o homem não evoluído de pensamento, homens mesquinhos que não tem capacidade ou quem sabe, tem medo de pensar em outras coisas para suas mudanças intelectuais. Este é o homem que vai contra ditame de sua consciência, o homem arcaico e negligente com sua sabedoria, o homem que fica preso a arquitetura paleóntica do relacionamento interpessoal.

Dizer não mudo de opinião, mesmo sabendo que está errado, é ir contra os ditames de um mundo em constante mudanças, é não saber corrigir um erro que está dentro dele, é ser covarde de não poder enfrentar os outros covardes, por medo que lhe digam, “mas como, você pensava diferente há algum tempo”? e este, não poder responder, “felizmente mudei de opinião, felizmente estou evoluindo não me tornando um ser estático e inconseqüente, sustentando um raciocínio que não mais faz parte de mim”.

Mudar de opinião, é dar um atestado de sabedoria, pois essa mudança traz consigo maior bagagem de conhecimento, pois nós levou a uma reflexão, usando o discernimento intelectual para operar mudanças que são do nosso agrado.

Mudar de opinião, é corrigir erros que fazem parte nós de maneira permanente.

Mudar de opinião, é ser você mesmo, é agrupar dentro de seus pensamentos novas formas de ver a sociedade.

Mudar de opinião, é sair da estagnação da idade da pedra para entrar na realidade da era da informação, alias que avança de maneira vertiginosa.

No século XX, fomos testemunha do que significa mudanças, pois evoluímos de uma sociedade que caminhava a passos de charrete, para nossa sociedade atual, que avança rumo a outros planetas.

Por outro lado, existem os chamados “formadores de opinião”, cuidado com essas pessoas, porque podem ter duas caras: a emotiva, inspirada pela eloqüência irresponsável e a racional, inspirada pelo pensamento lógico e inconseqüente.

Quando nos deparamos com as palavras emotivas, que são aquelas carregadas de apelo e que nos tocam mais internamente, aqui, a análise crítica torna-se um elemento desprezível, porque nosso lado emocional está apenas sentindo tal apelo sem levar em consideração o raciocínio lógico, frustrando dessa maneira nossa autocrítica. Estamos sendo incapazes da análise e nos tornando objetos de manipuladores intelectuais. Muito cuidado meus irmãos, porque o fanatismo aqui começa, e, o fanático não pensa, age

Por outro lado quando nos deparamos com opiniões de uma lógica indestrutível pondo em evidência nossa análise racional, não podemos jamais esquecer que a ética e a moral presente em cada um de nós, são os juizes de nosso ditame emocional e que poderá dizer-nos, o certo e o errado perante situações extremas; isto é, nosso raciocínio deve partir do pressuposto, de que embora seja muito lógico e racional o exposto, devemos sempre nós perguntar: será que para mim, é moral e eticamente aceitável? Muitos exemplos temos na história, como assim foi o nazi-facismo na propaganda do mestre da manipulação, Joseph Goebel.

O homem é emocional e analítico, não podemos apenas usar uma fase, pois estaremos sendo parciais conosco.

Na análise de uma opinião, as perguntas a serem respondidas são:

Está conforme com meu julgamento ético e moral?

Qual será a opinião contrária? (sempre temos que ouvir a outra parte),

Sou suficientemente humilde para poder julgar?

Tenho que aceitar tal opinião como um todo?

Quantos beneficiar-se-ão da minha aceitação?

Quantos perderão?

Em primeiro lugar, devemos apreender a sermos juizes de nós mesmo, para podermos ser juizes de outrem; sendo que o exercício de julgar é preponderantemente a imparcialidade.

Não temos nenhum direito de jogar pedra no telhado vizinho, pois sempre estamos expostos a julgamentos de outros.

Por essa razões meus irmãos, sejamos ponderado em nosso julgamento, nunca deixando que a emoção pura ou a lógica irrefutável, faça de nós meros títeres presos como marionetes a dançar conforme slogans de músicas, onde a racionalidade e a emoção não estejam presente em uníssono para tirarmos nossas conclusões.

Por essa razão também quando necessário devemos mudar nossa opinião, pois só assim estaremos evoluindo.

Nossa Instituição com seus Mistérios, da qual fazemos parte nos ensina: humildade e amor fraterno, não só para com nossos confrades, mas extensivo também com nossa sociedade em que vivemos.

Se assim atuarmos, estaremos levando como estandarte o escopo de uma de nossas máximas, qual seja, de sermos justos e perfeitos.

Justiça, por sermos imparciais.

Perfeitos, por tratar sempre de ir de encontro à verdade, trilhando o caminho do intelecto no julgamento de nossas paixões.

Para isso temos que ter a devida coragem e, mudar de opinião...sim!

Luis Javier Miranda Mc Nally

M\M\

LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS “BRASIL”
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REFLEXÕES...

Autor Hercule Spoladore –Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”

“NÃO CREIAIS em coisa alguma pelo fato de vos mostrarem o testemunho de algum sábio antigo;

NÃO CREIAIS em coisa alguma com base na autoridade de mestres e sacerdotes;

AQUILO,POREM, que se enquadrar na vossa razão, e depois de minucioso estudo for confirmado pela vossa experiência, conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisa vivas:

A ISSO, aceitai como verdade;

POR ISSO, pautai vossa conduta !

Çakia Muni ( Bhuda)


Sou um maçom repleto de grandes dúvidas existenciais. Em relação às religiões, filosofia, história e à própria doutrina maçônica, o meu pensamento é livre de quaisquer dogmas ou tendências. Mas mesmo assim procuro.. procuro e nem sempre acho as explicações que necessito. Sempre me imponho inúmeras objeções, produzo muitas perguntas tentando provar o contrário, até exaurir todas as possibilidades, reviro uma teoria ao avesso, não aceitando o que não passar pelo meu cuidadoso crivo intelectual, e pela experiência vivida.

Prefiro as várias verdades, misturando-se as doutrinas e usufruir exaurindo tudo o que interessa já que a Ordem permite pelo ecletismo que isto aconteça, me detendo especialmente nas incongruências, nos paradoxos, nas contradições e na relatividade geral de tudo que me cerca. Sou muito mais documental que místico.

Como vivo num mundo complexo e estranho, não aceito explicações simples, a não ser que realmente sejam simples quando sabemos que na maioria das vezes, as explicações são de fachada para se explicar algo que não se tenha explicação transparente e coerente.

Não sou fanático por coisa alguma. Tenho mais perguntas a fazer que resposta a dar.

Moro num país de contradições, no qual a República foi proclamada por um marechal, maçom e monarquista, e que estava doente, onde até hoje existem muitas mentiras e muitas meias verdades. Sobram poucas verdades puras. E esta República até a presente data não se assumiu como tal, pois ainda existe o privilégio de cor, raça, sexo, latifúndio e o poder sempre está nas mãos de uns poucos onde grassa a corrupção a violência e outros males que tanto intimidam os bons cidadãos. Isto não se enquadra na “res publica” idealizada por Cícero e tão sonhada pelo grupo de idealistas republicanos de 1870.

Adepto da democracia, da igualdade total dos cidadãos em deveres e direitos. Assim também atuo na Ordem. Por isso, não aceito a ucasse que como sabemos são decisões contaminadas por absolutismo intolerante, por sinal muito usado pelos chefes das Potências em função da “síndrome do poder” que, infelizmente costuma contaminar a maioria dos mandatários da Maçonaria brasileira.

No passado do meu presente, tenho saudades de um tempo que não vivi, aquele do “maçom livre em loja livre” onde era eleito venerável o homem mais bom, mais sábio, e o mais competente do grêmio. Que pena que acabou esta linda fase da Maçonaria. Naquele tempo os maçons eram mais felizes.

Sou um teísta que crê na imortalidade da alma, e que as vezes tem uma compulsão para ser um deísta, tendo repentes de pensamento num Deus mais racionalista porem, acabo sempre me socorrendo no meu Deus pessoal mas, paro por aí. Prefiro acertar minhas dúvidas e súplicas espirituais diretamente com o Grande Arquiteto do Universo, sem necessariamente apelar a ele através dos intermediários, criados pela mente humana através das religiões, já que estas iludem o homem com promessas impossíveis, atendendo-os de forma enganosa e manipulada, justamente usando o seu desamparo e medo da eternidade.

Aceito os chamados Livros Sagrados religiosos como códigos de moral de um povo monoteista ou politeísta e não como sendo atribuídos às Divindades, ditados aos homens conforme as religiões fazem com que a maior parte da humanidade acredite. E esta minha postura é tranqüila e está voltada também com todo o respeito e consideração aos que pensam diferente de mim. Afinal, porque se fala tanto no numero dois, numero dos opostos, o numero da Dialética?

Gosto de lutar contra falsos mitos. Sofro muito na Ordem por causa desta tendência.

Muito embora acredito que este seja o meu perfil mental e intelectual, ainda que suspeito por tentar fazer uma auto-análise, confesso que sou um sonhador. Sonho com o futuro, projeto-me no porvir, imaginando como será a Maçonaria, quando cairão por terra, muitas bobagens que atualmente somos todos obrigados a fingir que as estamos aceitando. Acredito no Homem bom, acredito no futuro da Humanidade. Isto significa que acredito nos maçons bons e eles sempre existirão para compensar as nulidades que ora existem na Ordem.

Tenho um ideal superior, o qual foi forjado por mim como uma busca incansável do meu aprimoramento e autoconhecimento. Enquanto eu peregrino lentamente por esta vida em direção a esta meta estão se apresentando inúmeras situações, todas elas importantes nas quais eu posso fazer descobertas maravilhosas.

Entendi que não posso desprezar uma partícula por menor que seja, um detalhe mínimo sequer para eu conseguir o que me proponho. Estou escapando aos poucos do cartesianismo e me envolvendo placidamente na aplicação humana, não subatômica, da Teoria dos quanta e da Relatividade.

Se eu tomar a Maçonaria como um todo, ela é complexa demais. Existem todas as matizes de idéias, de pensamento, de situações, enfim, uma parafernália total. É fácil um maçom se confundir neste marasmo intelectual, e se perder na sua busca interior.

Entendi que a Ordem não passa de uma escola, uma imensa sala de aula de vida, onde eu terei que extrair para mim mesmo, a essência de todos estes ensinamentos. Tenho que separar com muito cuidado o que há de bom. O longo caminho que estou percorrendo tem nuanças interessantes. Algumas vezes os passos que terei que dar serão fáceis e rápidos, outras vezes serão difíceis e espinhosos. As experiências vividas, ou a lições recebidas serão os degraus da minha Escada de Jácó. É uma escada de uma subida infinita. São milhões o numero de degraus a serem escalados.

Aprendemos mais nos nossos erros que nos acertos Não posso me deixar trair por sofismas, por falsas verdades por falsos ídolos. É um caminho de humildade interior a ser seguido. Não sei exprimi-lo com palavras. Tudo tem quer enquadrado meticulosamente. Há uma necessidade frontal de auto superação. Sempre terei que estabelecer um desafio, mesmo quando tenha conseguido superar o último de maneira vitoriosa. Não posso ser presunçoso, porque serei um fracassado. O caminho do autoconhecimento não tem fim.

Uma das características do cérebro humano é que ele funciona através de padrões de comportamento. Como na Maçonaria eu poderei estabelecer relação com um paradigma? Se cada adepto tem uma concepção, uma verdade, uma interpretação. Poucos falam a mesma linguagem. Será que existem tais padrões?

Acho que a Ordem quer, é isso mesmo. Que cada um descubra o seu próprio modelo e dentro do respeito à forma de pensar e agir de seu Irmão, e estabeleça o seu jeito próprio de ser maçom, ou seja terei que ser o protótipo de mim mesmo. É uma luta muito árida e árdua. Eu não devo basear-me em ninguém. Somente eu e o mundo. Eu e o infinito. Poderá ocorrer identidades ou coincidências de idéias e pensamentos ou forma de raciocinar com alguns poucos Irmãos. Serão meras semelhanças paralelas, mas de qualquer forma serão os nossos quase iguais. Por esta razão a Maçonaria, quando sentida, quando vivificada, ela fala muito perto por dentro de cada um. Cada qual fará a sua própria Maçonaria.

Entretanto não posso esquecer que o homem é um ser vulnerável e vicissitudinário. Ele é fraco e muda muito porque sempre está em crise, mas se mudar que o faça sempre para melhor, nunca para pior. Esta é a grande dúvida, saber, sentir e conhecer a diferença, eis a superação. Esta é a grande diferença.

Sei que sou imperfeito, grito no escuro querendo me conhecer mais, mas o eco não responde. Onde está o meu duplo Eu?, Onde está a minha dupla consciência? Quem sou realmente?

Sei que não sei. Porem o que aprendo é o meu legado o qual eu posso dividir sempre com o meu Irmão, se ele assim o quiser.

A Maçonaria é individualista? Claro que é. Os maçons não são iguais. Não existe ninguém igual a alguém. Todos são completamente diferentes. Então qual seria o ponto de aproximação? A Iniciação? Nem ela mesma torna os Irmãos iguais. Ela terá a ritualística igual para todos, mas o psique, de cada um terá uma maneira diferente de receber as mensagens iniciáticas, de acordo com o seu universo simbólico e sua sensibilidade. Então porque ainda subsiste a Ordem?

Não sei. Seria porque ela é mágica? Até hoje não sei o que é Magia. Aos que acreditarem em destino, poderia se argumentar que o Grande Arquiteto assim o determinou e estaria explicado. Mas, não para mim. É uma explicação muito simplista, não convence.

Será que os símbolos, cujos poderes imensos os maçons nem sabem avalia-los, os responsáveis pela perpetuação da Ordem? Seria a falsa ilusão dos graus superiores? Seria o status de ser maçom?

Há um mistério e um segredo, que não sei revela-los não sei decifra-los, porem a Ordem continua de pé. Talvez , o desafio desta busca incessante, seja a chama que me mantém perguntando, pesquisando e estudando. Mas quem me responderá? Algum Mestre Superior? Não, ninguém responderá. A resposta está dentro de mim mesmo. Eu terei que procura-la. Sei que o esforço será muito grande mas as respostas sempre estarão dentro de cada um.

E sempre repleto de dúvidas continuarei gritando no espaço, mesmo que ninguém ouça:

QUERO SER UM LIVRE-PENSAAADOOORRR...
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O TEMPO E OS CALENDÁRIOS

Ir.\ Angelo Spoladore

“Não tem sido fácil para o Homem encarar o tempo”. Alguns, “na tentativa de elucidar aspectos do abismo do tempo” acabaram caindo no abismo da ignorância.

(Claude C. Albritton, The Abyss of time)

Algumas vezes nos deparamos com números incrivelmente grandes, outras com espaços enormes. Não é raro ouvirmos alguma coisa sobre o átomo ou outra partícula qualquer infimamente pequena Será que de fato entendemos o que essas dimensões significam?. De uma maneira em geral, quando nos deparamos com dimensões com que não estamos acostumados, temos dificuldade em expandir a nossa concepção de realidade e entender o significado do que vemos ou ouvimos.

Talvez tal fato seja mais marcante quando temos de criar uma concepção de tempo que vá além daquela que nossa mente nos coloca como passado, presente e futuro. Devido a nossa vida relativamente curta, estamos acostumados a pensar em 10 ou 20 anos. Um século (100 anos) costuma ser uma referência de um longo período de tempo. Todavia, considerando a história da Terra, 100 anos representam apenas um breve instante.

Entretanto, temos de nos lembrar de que a nossa história, e quando digo isso me refiro a história do nosso planeta e da raça humana, vai muito mais além do que os livros nos contam. Para chegarmos até aqui, muita coisa se passou ficando posteriormente esquecida ou perdida no abismo do tempo.

Devemos nos lembrar então que existem períodos de tempo muito maiores. Assim, devemos pensar em de milhões e bilhões de anos.

Mas, como podemos quantificar o tempo? Como medir esses longos períodos temporais? Existem métodos ou sistemas adequados para a contagem do tempo? O que é o tempo? O tempo existe ou é apenas mais uma das invenções humanas? O nosso sistema de contagem de tempo, ou em outras palavras, o nosso calendário, está correto? Teria ocorrido realmente o nascimento de Jesus na data de 25 de dezembro?

O tempo é entendido e medido por mudanças.

Estamos todos sujeitos ao crescimento e às mudanças físicas e biológicas. Dessa forma é que percebemos o tempo. O tempo é medido por mudanças, e as mudanças ocorrem em muitas escalas. Existem muitas formas de marcar o tempo como por exemplo o pêndulo, relógio de areia, movimento da Lua ao redor da Terra e da Terra ao redor do Sol. Tratam-se de fenômenos físicos cíclicos ou periódicos, ou seja, se repetem em períodos determinados e sempre iguais. Podemos utilizar como marcadores de tempo até mesmo os intervalos biológicos cíclicos, em outras palavras, períodos entre fenômenos biológicos tais como o sono, a fome, a menstruação, dentre outros.

A Terra é seu próprio marcador de tempo. Nela vemos mudanças nos dias, estações, anos, etc. Determinar a idade da Terra é basicamente determinar o tempo que a ela está girando ao redor do sol, o que para nós seria então o início do tempo.

O relógio (marcador cronológico) é um mecanismo usado para a contagem do tempo. Normalmente estamos acostumados a relógios mecânicos construídos para medir horas, minutos; todavia, existe uma grande quantidade de relógios naturais que fornecem bons parâmetros para se medir o tempo. Com eles podemos medir pequenos ou grandes intervalos de tempo. Vibrações dos átomos, por exemplo, fornecem intervalos pequenos com incrível precisão. Já as órbitas dos planetas e outros corpos do espaço sideral servem para marcar períodos de tempo maiores.

Por calendário (do latim calendae que significando primeiro dia do ano no calendário romano que por sinal era o dia em que as contas eram pagas) entende-se que seja o sistema de divisão do tempo em que se aplica um conjunto de regras baseadas na astronomia e em convenções próprias, capazes de fixar a duração do ano civil e de suas diferentes datas.

Em outras palavras, os calendários seriam formas, esquemas ou sistemas feitos pelo homem, obedecendo determinadas regras, utilizados para a contagem do tempo, tentando organizar e medir da melhor maneira possível o tempo conhecido.

Resumidamente, o calendário pode ser definido como sendo um sistema de divisão e contagem do tempo através da aplicação de uma série de normas e regras normalmente baseadas na astronomia.

O homem sempre tentou medir o tempo para saber a sua própria idade e também para saber a idade da Terra, sendo que várias formulas e metodologias para a medição e quantificação do tempo já foram propostas. Para tal, utilizou-se dos relógios naturais, ou marcadores cronológicos periódicos existentes na natureza. Uma vez quantificado, o tempo passou-se então para a tarefa de organização dos chamados calendários.

Falemos um pouco sobre a nossa noção de tempo e de como ela se desenvolveu.

Inicialmente a civilização ocidental pensava que a Terra seria tão velha quanto os seres humanos, possuindo aproximadamente 6000 anos. Em outras palavras, Tudo teria sido criado, inclusive o tempo, a aproximadamente 6000 anos.

O fato de que a Terra e o tempo eram mais antigos do que se pensava foi “descoberto” em Edimburgo, mais ou menos em 1770, por estudiosos liderado por James Hutton. Esses homens, estudando as rochas da região costeira da Escócia, perceberam que cada pedra, sem importar a idade, era formada por fragmentos de outras pedras mais velhas.

Esta foi talvez a descoberta mais importante do século XVIII, pois mudou o pensamento e a forma de encarar a Terra, os planetas, o Sol e outras estrelas, e, como conseqüência, a forma de olharmos para nós mesmos.

Da interpretação de que as rochas são produtos e registros de eventos ocorridos na história da Terra gerou-se a idéia de que as leis da natureza não mudam com o tempo.

Hutton viu ainda evidências de que a Terra teria tido uma evolução uniforme e por processos lentos e graduais que atuavam durante um longo período de tempo. Da mesma forma que uma P\ B\ através do desgaste lento e gradual, é trabalhada até se transformar em P\P\, a Terra evolui e rios pequenos podem erodir por completo toda uma cordilheira de montanhas, se lhe for dado tempo suficiente.

As obras importantes que se seguiram, como por exemplo o celebre trabalho de Sir Charles Darwin que tratou da evolução das espécies, utilizaram estes conceitos.

As idéias de Hutton foram muito criticadas e demoraram para serem aceitas. Até o final do século XVIII a história da Terra bem o tempo eram contados baseando-se na Bíblia. Acreditava-se que a Terra e tudo o que nela existe, tal como ela é hoje, teria sido criada em apenas 6 dias por obra direta e pela vontade de um Deus Criador. A criação em tão pouco tempo, mesmo considerando um Criador, envolveria forças de tremenda violência, ultrapassando qualquer coisa experimentada pela natureza. Esta teoria ficou conhecida como teoria do catastrofismo sendo proposta oficialmente pelo Barão George Cuvier (1769-1832) - naturalista francês.

Com relação à idade da Terra, várias foram as tentativas de quantificação bem como saber há quando tempo existe a raça humana.

Uma tentativa de quantificação importante posto que ainda é considerada em calendários de alguns Ritos até os nossos dias, é aquela feita em 1654, por um arcebispo irlandês que calculou, tendo por bases dados bíblicos, que a Terra teria sido criada 4004 anos antes de Cristo, no dia 26 de outubro, as nove horas da manhã. Um outro cálculo foi feito pelo pastor anglicano James Usher chegou a uma idade para a criação da Terra de 4000 anos antes de Cristo.

Atualmente, além dos calendários para a contagem e organização do tempo, utilizamos dois conceitos diferentes de tempo e duas metodologias distintas a quantificação do tempo: a datação relativa (que nada mais é senão a simples determinação de uma ordem cronológica de uma seqüência de eventos) e a datação absoluta (estabelece idades em termos quantitativos, ou seja, anos, séculos, milhões ou bilhões de anos, através dos métodos C14, U/Pb, K/Ar, dentre outros).

Estabeleceu-se assim a idade da Terra a qual teria se formado a aproximadamente 5,0 bilhões de anos. As rochas mais antigas datam de 4,5 bilhões de anos e que a vida humana surgiu a apenas a aproximadamente 2 milhões de anos.

Para termos uma idéia do esses números significam, se a idade da Terra fosse igual a um ano, o homem teria surgido no dia 31 de dezembro às 23 horas e 55 minutos. Portando, os registros históricos que possuímos representam uma gota de água em um oceano, e mesmo neste pequeno intervalo, demorou-se para chegar um uma forma razoavelmente adequada de quantificação e organização cronológica.

Conformo verificamos anteriormente, a idéia do tempo tal qual conhecemos hoje, tem suas origens relacionadas à estudos das rochas e da Terra em sí.

Com relação aos calendários, várias são as tentativas de elaboração de sistemas baseando-se em fenômenos astronômicos especialmente àqueles envolvendo a posição e movimento do Sol e da Lua.

De acordo com o fenômeno adotado, podemos ter o calendário lunar, o solar e o lunissolar. Um calendário solar é um calendário organizado com vista especificamente à revolução da Terra em torno do Sol. Já o calendário lunar é organizado com base específica na revolução lunar enquanto que o calendário lunissolar leva em conta simultaneamente as revoluções da Lua em torno da Terra e desta em torno do Sol.

Os primeiros calendários tentavam marcar o início e o fim do inverno e verão. Estes períodos eram importantes posto que representam respectivamente épocas de escassez e abundância de alimentos. O homem logo percebeu que em determinadas épocas do ano o Sol estaria mais próximo ou mais afastado da Terra. Assim foram definidos os chamados equinócios (21 de março e 23 de setembro - datas do ano em que o dia e a noite são exatamente iguais em duração correspondendo ao cruzamento entre a elíptica - movimento aparente do Sol - e a projeção do equador in “A Voz de Kronus/set. 96) e solstício (22 ou 23 de junho e 22 ou 23 de dezembro - datas do ano em que são desiguais ao extremo a duração do dia e da noite são desiguais em decorrência da máxima distância entre a elíptica e o equador celeste in “A Voz de Kronus/set. 96). Uma forma simples e eficiente bastante utilizada pelos povos antigos para saber da aproximação da nova estação era elaborar construções “alinhadas” com o local no horizonte onde o Sol nasceria nas datas dos equinócios de inverno e verão. Com o passar dos tempos o sistema de contagem de tempo ficou mais sofisticado.

Vejamos alguns exemplos de diferentes calendários utilizados ao longo de nossa história (extraídos de trabalhos dos IIrm\ Hércule Spoladore, Mário A. Cardoso, José Castellani e ainda do Dicionário Aurélio):



Calendário civil - Aquele em que se considera o ano como formado de um número inteiro de dias e meses, segundo as regras próprias de cada povo ou nação.

Calendário egípcio - Calendário usado no antigo Egito, formado por anos de 365 dias grupados em 12 meses de 30 dias e cinco dias epagômenos que o completavam. O início deste calendário ocorre quando o Sol entre no signo Zodiacal de Leo, quando Siriús entra em conjugação com o Sol coincidindo com a canícula a 20 à 22 de julho às 11 horas. Esta data coincide com as cheias do Rio Nilo. O primeiro mês é chamado de Thot. Alguns autores apontam este como o primeiro calendário solar. As estações eram divididas em: inundações ou cheias (Akket), semeaduras (Pen) e colheitas (Shemu).

Calendário Babilônico - Calendário lunar com 354 dias divididos 12 meses de 29 ou 30 dias sendo que o início era assinalado pela lua nova. Devido ao fato do calendário ser lunar, ao final de 3 anos existiria uma defasagem de aproximadamente um mês em relação ao calendário solar. Para solucionar este problema, ao final de cada 3 anos foi acrescentado um mês complementar.

Calendário grego - Calendário usado na Grécia antiga, originário de Atenas, com um ano do tipo lunissolar. Era formado de 12 meses de 29 e 30 dias, alternados, começando próximo do solstíscio do verão. É mais curto cerca de 11 dias que o ano solar. Esta diferença se acumulava de modo que em cada oito anos havia um excesso de 87 dias, que eram compensados com o aparecimento de três anos de 13 meses, os denominados anos embolísmicos de 383 dias.

Calendário romano - Calendário utilizado na antiga Roma antes da criação do calendário juliano, e que não obedecia a regras fixas, sendo o ano dividido em 10 meses de 20 ou de 55 dias, variando de acordo com os trabalhos da agricultura e as idéias políticas e religiosas dominantes.

Calendário juliano - Chama-se de calendário juliano ao resultante da reforma do calendário romano. Foi introduzida por Júlio César no ano de 45 a.C. mediante conselhos do astrônomo Sosígenes. Tal mudança foi realizada pois o antigo calendário romana era muito confuso. No calendário juliano em cada quatro anos existiria um ano bissexto, de 366 dias. Este calendário apresentava séria discrepância entre o ano civil e o ano trópico.

Calendário Hindu - Calendário com 12 meses de 30 dias cada e seis estações (primavera, verão, chuvas, outono inverno e orvalho). Devido a defasagem em relação ao calendário solar, a cada cinco anos era acrescentado um mês suplementar.

Calendário gregoriano - O chamado calendário gregoriano é resultante da reforma do calendário juliano e foi introduzido pelo Papa Gregório XIII (1502-1585). Neste calendário em cada quatro anos existe um ano bissexto, com exceção dos anos seculares, em que o número formado pelos algarismos das centenas e dos milhares não é divisível por 4. Para efeito de acerto para implantação, foi estabelecido na ocasião que o dia 04/10/1562 passaria a ser 15/10/1562.

Calendário eclesiástico ou litúrgico - O baseado nas festas das igrejas cristãs, todavia seu objetivo principal era a determinação da Páscoa. Este calendário, cujo cálculo é muito complexo, foi muito utilizado na idade média sendo elaborado no Concílio de Nicéia em 325 d.C. e é utilizado até os nossos dias pela Igreja Católica.

Calendário muçulmano - Calendário lunar constituído de 12 meses de 30 e 29 dias, que principiam sempre na lua nova. O ano civil muçulmano tem 354 ou 355 dias, e o início do ano retrograda de 10 a 11 dias em relação ao ano do calendário gregoriano. Ele é considerado a partir da Hégira no ano de 622 da nossa era, quando o Profeta Maomé partiu de Medina. Esta se celebra no primeiro dia do terceiro mês e o Ramadã é comemorado no nono mês.

Calendário maia - O calendário maia consiste em três sistemas simultâneos de contagem de dias: um, de interesse civil, com um período de 365 dias; outro, religioso, de 260 dias; e um terceiro de longo curso.

Calendário republicano ou francês - Calendário instituído na França pela Convenção, na Revolução Francesa, a 24/10/1793, pelo qual o ano tinha 12 meses de 30 dias cada um, acrescidos de cinco dias complementares, dedicados às festas republicanas, e começava no equinócio do outono do hemisfério norte (22 de setembro). Os meses tinham nomes um tanto que curiosos. Eis, por ordem, os nomes dos meses: vendemiário, brumário, frimário, nivoso, pluvioso, ventoso, germinal, floreal, prairial, messidor, termidor e frutidor. Convencionou-se que o ano I da República teria começo em 22 de setembro de 1792. Era um calendário anti-clerical.

Calendário israelita ou hebraico - Calendário hebraico é lunar e solar ao mesmo tempo. É constituído de 12 ou 13 meses de 29 e 30 dias, que principiam sempre na lua nova. Tal fato ocorre pois os 12 meses lunares (com 354 dias) não englobam o ano solar (365 dias), ocorrendo assim uma diferença de 11 dias, criando assim, de tempo em tempo um mês a mais. Os meses com 29 e 30 dias ocorrem pois o período de cada lunação é de 29 dias, 12 horas e 40 minutos. Como cada dia e cada mês começa e termina a meia noite, haverá uma diferença que após um período criará um mês com 30 dias.

Este calendário leva em consideração o ano agrícola, religioso e o civil (ou econômico). Se considerarmos o ano agrícola e o religioso, o ano hebraico se inicia no mês de Nissam (correspondente a março/abril). Considerando o ano econômico ou civil, o ano tem início em Tishiri (setembro / outubro).

O ano civil israelita tem 354 dias, e para fazê-lo coincidir com o ano solar se introduzem sete anos embolísmicos de 13 meses em cada grupo de 19 anos. Para se calcular o ano no calendário hebraico basta somar ao ano da E\ V\ o número 3760.

Este calendário é, aparentemente, complexo e de difícil compreensão, sendo utilizado normalmente através de tabelas.

Calendário maçônico gregoriano - O ano tem início em 21 de março sendo dividido em 12 meses com 30 ou 31 dias. O 12° mês possui apenas 28 dias. Tanto os meses como os dias não recebem denominações especiais. Trata-se na verdade de uma mistura entre os calendários gregoriano e hebraico. Para se saber o ano, acrescenta-se o número 4000 ao ano da E\ V\.

Calendário perpétuo - Calendário formado de tal maneira que as datas do ano são fixas em relação aos dias da semana. Este tipo de calendário já foi proposto várias vezes, sob diversas formas, todavia, ainda não foi adotado, em razão das dificuldades que viriam com uma reforma a nível mundial que teria de ser realizada para a implantação do mesmo.



A Maçonaria criou novos calendários ou modificou os já existentes gerando dessa forma calendários particulares que podem variar de acordo com o Rito ou com a Potência. Vejamos alguns exemplos.

O Rito de Menfis se utiliza do calendário egípcio de mesma forma que a maioria dos Ritos orientais.

Já o Rito do Real Arco utiliza um calendário próprio pelo qual é acrescentado a ano da E\ V\ o número 530. De acordo com este calendário, o ano zero seria o ano da fundação do segundo Templo de Jerusalém (ou Templo de Zorobabel).

O Rito da Estrita Observância considera o início de seu calendário no ano 1314 ou o ano da destruição da Ordem do Templo. Neste caso ano invés de acrescentar um determinado número no ano a E\ V\, é subtraído o número 1314 da mesma.

O Rito de Misrain soma ao ano da era vulgar o número 4004 pois o calendário deste Rito considera a datação citada anteriormente pela qual a Terra teria sido criada no ano 4004 a.C. .

O Rito Adonhiramita se utiliza de um calendário muito próximo do calendário hebraico desde 1815.

O Rito Escocês Antigo e Aceito utiliza nos Graus Superiores o calendário hebraico devido ao fato deste Rito ter sido fundado por Irmãos de origem judaica. Este mesmo Rito utiliza no Brasil um calendário baseado no hebraico com início em 21 de março (Missan) acrescentando-se ao ano da E\ V\ o número 4000.

O calendário do Rito Moderno atribui aos meses igual número de dias que o calendário gregoriano, acrescentando o número 4000 ao ano da E\ V\. Antigamente, este calendário tinha seu início no dia 21 de março. Todavia em 1774, o Grande Or\ da França mudou o início do ano para 1° de março alegando que a antiga data (21 de março) causava muita confusão.

O Rito de York utiliza um calendário próprio e simples sendo que apenas é acrescentado o número 4000 ao ano da E\ V\ .

Rito Brasileiro usa o calendário maçônico gregoriano

Da mesma forma que o calendário pode variar, variam também as expressões que acompanham o ano. Assim, o Rito do Real Arco acrescenta a expressão A\ Inv\ (Anno Invencio) enquanto que o Rito de York utiliza A\ L\ (Anno Lucis). Para os Ritos Moderno e Brasileiro é utilizada a expressão V\ L\ (Verdadeira Luz ou Vera Lucis). Para os Ritos que utilizam o calendário hebraico a expressão é A\ M\ (Anno Mundi).

Apesar dos Ritos adotarem oficialmente um determinado calendário, nem sempre essa determinação é seguida.

Conforme relatos de diversos IIrm\ dentre eles os IIrm\ Hércule Spoladore e José Castellani, quando da fundação do então Grande Oriente Brasiliano foi adotado o calendário utilizado pelo Rito Adonhiramita posto que este Rito era o adotado pela Potência.

Sabe-se também que o Supremo Conselho de Montezuma utilizava o calendário do Rito Moderno. Quando posteriormente este Supremo Conselho, em 1855, uniu-se ao Grande Oriente do Brasil, possa ter influenciado a adoção, por parte do GOB, do calendário do Rito Moderno. Todavia, segundo o Ir\ Hércule Spoladore e o Irm\ Kurt Prober, o calendário do Rito Moderno nem sempre era obedecido existindo alternância entre a utilização dos calendários dos Ritos Francês e Adonhiramita e até mesmo o gregoriano de acordo com o Grão-Mestre no poder conforme segue abaixo.

De acordo com diversos documentos analisados pelo Irm\ Kurt Prober e também pelo Irm\ Gomes e posteriormente citados pelo Irm\ Hércule Spoladore, oficialmente, o calendário do Rito moderno foi utilizado pelo GOB entre os anos de 1856 e 1870 quando então passou-se a usar o calendário gregoriano. No período correspondente aos anos de 1871 à 1876 foi utilizado o calendário Adonhiramita e a partir de 1876 até 1889 foi utilizado novamente o calendário gregoriano.

Entre novembro de 1889 a março de 1890 foi utilizado o calendário do Rito Moderno quando então voltou-se a seguir o calendário gregoriano.

Foi somente a partir de fevereiro de 1892 que o Grande Oriente do Brasil passou a utilizar o calendário do Rito Moderno sendo que este é o calendário oficial até os nossos dias.

Ainda de acordo com os IIrm\ citados anteriormente, o Supremo Conselho do Brasil, aproximadamente em 1898, passou a utilizar o calendário hebraico para os graus 31 à 33. Posteriormente, depois do cisma de 1927, o Supremo Conselho adotou este calendário para todos os graus filosóficos.

As Grandes Lojas Brasileiras utilizam até os nossos dias, o calendário do Rito Moderno ou Francês.

Tantas mudanças e tantos calendários assim podem causar problemas principalmente quando pessoas pouco avisadas tentam manuseá-los e interpretá-los.

No Brasil é célebre a confusão causada pela má interpretação e pelo desconhecimento histórico e sobre calendários por parte de certos pesquisadores. A confusão diz respeito a data de fundação do Grande Oriente do Brasil, da iniciação e a posse como Grão Mestre de D. Pedro I e na data da famosa 14ª Sessão quando é tido que o Ir\ Gonçalves Ledo teria proclamado a Independência do Brasil.

Uma das decorrências dessas confusões, além de discussões apaixonadas, foi a instituição em 1957 do 20 de agosto como sendo o “Dia do Maçom”, data esta, comemorada e por uns e criticada por outros posto que nesta data não houve sessão no Grande Oriente do Brasil. Dessa forma, o 20/08 não teria significado maçônico sendo apenas fruto de interpretações errôneas de IIr\ pouco avisados.

Este assunto já foi muito bem discutido pelos IIrm\ Hércule Spoladore, José Castellani Manoel Gomes e João Alberto de Carvalho. Todavia, devido ao pouco interesse por cultura maçônico da maioria dos Obreiros da nossa Real Ordem, muitos ignoram os verdadeiros fatos, assumindo o 20 de agosto como verdadeiro ou o que é pior, não sabe ao menos o porque que esta data foi estipulada como sendo o Dia do Maçom.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CARDOSO, M.A. (1996) - A Maçonaria no Computador.
2. CARVALHO, J.A. (1986) - Dia 20 de agosto de 1822: equívoco histórico. Bol. n° 7 do Grande Oriente de Minas Gerais.
3. CASTELLANI, J. (1986) - Dia 20 de agosto de 1822 : Não houve sessão na maçonaria. Bol. n° 7 do Grande Oriente de Minas Gerais.
4. Dicionário Aurélio Eletrônico
5. GOMES, M.(1986) - 20 de agosto ou 9 de setembro. Bol. n° 7 do Grande Oriente de Minas Gerais.
6. Periódico: A VOZ DE KRONUS, n° 06 / set. 96.
7. PROBER, K. Coletânia Bigorna, n° 1 e 2.
8. SPOLADORE, H. (1991) - Calendários e Maçonaria. 3° Encontro de Membros Correspondentes da Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil.
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LIMITE DA TOLERÂNCIA

Ser sempre tolerante !

Até onde podemos ser tolerantes ?

Podemos ser tolerantes com companheiros inconseqüentes ou irresponsáveis?

Será que a tolerância é amor ou acomodação ?

Será paciência ou indiferença ?

Até onde devemos ser tolerantes com o comprometimento da imagem daquilo em que prometemos resguardar ?

É fácil ser tolerante quando se é corrupto, ou se é desleixado, incompetente. O incapaz tem que ser tolerante por falta de moral para exigir.

O mau professor que não ensina, tem que ser tolerante nas notas.

O mau chefe que não sabe e não quer assumir responsabilidades tem que ser tolerante com seus subordinados.

O pai que não dá o exemplo moral, tem que ser tolerante com seus filhos.

É tão fácil tolerar nos outros os reflexos de nossos próprios erros.

Tolerância é sempre aceitação ?

Aceitação dos outros com seus próprios mundos de experiências e limitações requer um grande amor e respeito ao próximo.

Tolerância só requer alheação, indiferença com o que acontece ou está por vir.

Tolerar um incapaz é muito diferente de aceitá-lo e lutar por ele.

Aceitar um incapaz é descobrir uma atividade que ele possa desempenhar adequadamente e ajudá-lo a realizá-la.

Tolerar um incapaz é agüentar todos os fracassos tentando desempenhar tarefas que você sabe que ele não pode realizar.

Tolerar só requer indiferença !

Aceitar, requer trabalho, adequação e responsabilidade !

Tolerar uma situação é muito mais cômodo que assumir uma posição nela.

Tolerar um problema é mais desumano que participar dele.

Tolerar uma pessoa é muito mais rejeição do que uma aceitação de participação empática daquela realidade.

Assumir papéis em conjunto é diferente de tolerar atores fracassados.

A tolerância deixa só o tolerado !

A tolerância é superioridade sobre os menores.

Só os maiores podem tolerar os menores.

Na igualdade há menos tolerância e mais participação.

Podemos tolerar um fraco mas lutamos com os iguais que nos ameaçam.

O fato da tolerância diminuir quando aumenta nosso próprio prejuízo real mostra que somos naturalmente tolerantes com tudo que não nos atinge.

Com as coisas realmente sérias que nos afetam somos menos tolerantes !

Aí está o limite de tolerância: a seriedade ou importância do tolerável.

O limite da negligência e a limitação.

O limite entre o que devemos tolerar como aceitação e a omissão da indiferença, o tênue e sutil limite entre o tolerável e o intolerável.
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REFLEXÕES SOBRE A INICIAÇÃO

Hercule Spoladore – LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS “BRASIL”

Costumamos ler com freqüência, ou mesmo ouvir em Lojas que certos Irmãos por certas condições peculiares já eram maçons antes de serem iniciados, pois já agiam como se fossem membros da Ordem. Achamos que esta afirmação é apenas uma força de expressão, pois literalmente ela não é verdadeira.

Se ser maçom é sinônimo se ser bom, íntegro, justo, crer em Deus e outros tantos epítetos, então o mundo seria uma imensa Loja, pois existe um número muito grande de homens que poderiam ser maçons, o que realmente não ocorre, portanto não é verdade.

O que realmente acontece é que existem milhões de homens que preenchem os requisitos que a Maçonaria exige, mas só serão maçons se ao serem iniciados quer no dia de sua Iniciação, ou quer com o passar do tempo quando vivenciarão realmente sua Iniciação, é que verdadeiramente se tornarão maçons, a qual é uma condição muito especial, espiritual, e também muito pessoal de cada um.

Alguns são realmente muito marcados e sensibilizados no dia marcado pela Loja do seu recebimento na Ordem. Todo simbolismo empregado, dirigido, toda a técnica iniciática, a privação da visão pela venda, por algumas horas, estimulará outros sentidos de tal maneira que quer queira ou não, o iniciando será obrigado a se colocar numa introspecção de tal ordem que sua mente se tornará receptiva recebendo os ensinamentos previamente preparados que agirão de forma inevitável em cada um, sempre de maneira pessoal, pois cada qual dadas as suas concepções metafísicas receberá estas impressões na sua consciência íntima ou seja no seu EU profundo. Haverá então uma extrapolação de energias positivas durante a experiência, onde transfundir-se-á em dado momento a natureza do ser único e pessoal, impulsionando o iniciando a encontrar novos caminhos do espírito. Será uma maneira dele conhecer o seu mundo interior sem barreiras, de tal forma que terá uma visão mais realista e coerente do universo em que vive. O seu EU se reverterá numa massa compacta de harmonia, impulsionando-o a novas realizações. Aí o maçom perderá sua linguagem habitual, comum linear e unívoca. Não saberá explicar o que se passou consigo. A linguagem do EU profundo, ou da consciência dupla descoberta durante a Iniciação é algo vivido. Não pode ser dito. A mente criará condições insuperáveis e intransponíveis em que ele mesmo que queira, não saberá explicar a outrem o que está acontecendo. Este é o verdadeiro segredo maçônico e não aqueles que se propalam nas Lojas de toques sinais e palavras e que também os profanos acreditam como tal.

Ato contínuo, dando-se prosseguimento à cerimônia iniciática no momento majestoso de se receber a Luz, quando então o já maçom poderá enxergar com os olhos físicos, ocorrerá o que alguns autores chamam de “choque iniciático”. Aliás, a retirada da venda marca a reentrada do iniciando no mundo comum. Alguns Irmãos referem depois, sobre esta passagem, que a retirada da venda lhes foi um tanto desagradável, porque a suspensão da visão durante aquelas horas e tudo o que sentiram e ouviram foram momentos tão seus, tão íntimos, tão mágicos que ao perceberem que estavam novamente em comunidade, deixaram de ser um para ser mais um.

Já tivemos a oportunidade de ver Irmãos viverem no dia de sua Iniciação todo o esplendor e toda a profundidade inciática, que mesmo após a cerimônia, estavam num estado emocional parecido ao transe, tais foram as impressões sentidas e vividas.

É obvio, que estamos discorrendo sobre Iniciações sérias, tecnicamente bem feitas e bem executadas pelas Lojas que assim procedem. Todos os ensinamentos iniciáticos não devem se restringir tão somente ao dia da Iniciação. Eles deverão impregnar o maçom por toda a vida. Não poderão ser apagados ou esquecidos.

Entretanto, ao lado destes maçons que se tornam praticamente iniciados no dia de sua Iniciação, há outros que jamais serão iniciados, apesar de terem passado pelo mesmo processo. Estes acham que a seqüência iniciática até poderia ser dispensada, pois é muito longa, se sentem mal com a venda nos olhos, etc. Estes vieram buscar na Maçonaria uma associação de auxilio mútuo, de esportes, vieram buscar uma sociedade de banquetes, de festas, como se ela fosse um clube social ou mesmo um clube de serviço. Usarão aventais vistosos, saberão realizar os mesmos sinais que seus Irmãos, conhecerão as palavras, usarão até orgulhosos o famoso distintivo do esquadro-compasso na lapela, poderão até serem assíduos às Sessões Todavia, aquela metamorfose espiritual que a Maçonaria tentou incutir neles mesmo que eles tentem a enganar a si próprios, mostrando-se solícitos, ou mesmo até generosos em movimentos de beneficência, ela jamais ocorrerá. Culpa de quem? Da Maçonaria? Difícil avaliar.

Achamos que a verdadeira Iniciação dependerá do Iniciando e de mais ninguém.

Dependerá muito mais do que este homem veio buscar na Ordem e não do que ele pensa estar procurando. As vezes querer não é sentir.

A Maçonaria apenas mostra o caminho. Ela representa um meio. O fim é o próprio Irmão. Se o Irmão não achar a Verdade em si próprio, ninguém a achará por ele.

Se o maçom for pequeno espiritualmente, nem usando avental bordado a ouro, fará dele um verdadeiro maçom.

Krishnamurti disse: “ eu sustento que a Verdade é uma terra não trilhada e que não a alcançareis por nenhum caminho, nenhuma religião, seita...”. Por analogia, o maçom é que se iniciará a si mesmo procurando a sua Verdade.

Existe um grupo de homens bastante restrito, fechado, que só se iniciará verdadeiramente na Ordem pelo Conhecimento. Ao referirmos esta palavra Conhecimento, não queremos apenas dizer a somação intelectual de dados, fatos e informações por um processo de memorização, mas sim a um enorme esforço de conscientização e espiritualidade que agem gradualmente como agente catalisador de uma metamorfose interior.

Tratam-se de homens que muito embora, não deixaram de ficar marcados profundamente pela experiência de várias horas que durou sua Iniciação, porem entendem e concordam que ela foi apenas o inicio de uma jornada., dado a sua sensibilidade e desejo de aprender e tendo um sentido aguçado de pesquisa, com muito esforço e com elevado senso crítico a respeito de tudo que os cerca, de tal forma que tudo após passar pelo sua censura, pelo seu julgamento será aceitado ou rejeitado.

Então, somente após aprenderem por dedução própria o que é realmente Maçonaria, começará a haver nele aquela abertura espiritual é que vão se tornando realmente Iniciados. Esta visão deve ser reciclada dia a dia. O Conhecimento real levará o Irmão a uma espiritualidade tal, sendo este o mais elevado escopo da Ordem.

Dos abismos de sua consciência, mergulhando para dentro de seu interior, bem no fundo de sua personalidade arcaica, irá surgir o verdadeiro Iniciado, o qual a cada revelação tanto mais se aproximará da perfeição.

Na acepção mais profunda e verdadeira a Iniciação é em última análise, um processo de regeneração espiritual e moral, através do conhecimento gradativo lento e seguro das normas que governam o equilíbrio interior do maçom na mesma vibração que o universo exterior.
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ARQUEOLOGIA E O TEMPLO DO REI SALOMÃO

Loja de Pesquisas Maçônicas "Brasil"
Irm. Angelo Spoladore

Arqueologia, ou archaiología, do grego archeos que significa antigo e logos significando conhecimento, pode ser definida como sendo a ciência do antigo ou mais precisamente como a "ciência que estuda a vida e a cultura dos povos antigos por meio de escavações ou através de documentos, monumentos, objetos, etc., por ele deixado" (Dicionário Aurélio Eletrônico, 1994).
Os limites da Arqueologia podem ser confundidos com os da Paleontologia. A Paleontologia estuda os fósseis que nada mais são do que vestígios de seres vivos transformados em rocha. No início, a Arqueologia era considerada um ramo da Paleontologia pois as mesmas estudavam restos de animais diversos, dentre eles restos humanos bem como suas civilizações, sendo que se julgam todo este material estivesse petrificado.
Com o tempo ficou caracterizado que o homem não era tão antigo como outros animais e que grande parte dos vestígios de antigas civilizações não estavam na realidade fossilizados. Dessa forma, os chamados "povos antigos" da definição de Arqueologia, não são realmente tão antigos como se supunha inicialmente.
A Arqueologia também tem se ocupado em estudar povos recentes, povos que ainda existem e são nossos contemporâneos, ocupando-se na realidade, da nossa civilização atual. Como exemplo podemos citar as escavações realizadas nas cidades da Europa destruídas pelas duas grandes guerras mundiais. Mais uma vez temos que os "povos antigos" da definição dada no início do trabalho, não são de fato antigos.
Com relação à Arqueologia e Maçonaria, podemos afirmar que não existe ainda uma "Arqueologia Maçônica". Nossa Ordem, apesar de já existir há um tempo apreciável, não é alvo, por motivos diversos, de investigações arqueológicas. Dessa forma, as bibliografias sobre o assunto são raras estando restritas há alguns relatos de tentativas de localização bem como estudos dos monumentos ou cidades bíblicas.
Acredito eu, mesmo não encontrando referências a respeito nas bibliografias consultadas, que algum Templo Maçônico possa ter sido localizado e escavado nas recentes pesquisas realizadas em cidades européias destruídas na II Guerra Mundial.
Apesar de não haver uma relação direta entre a Maçonaria e a Arqueologia, utilizamos em nossas Tradições e Rituais vários fatos ou dados arqueológicos ou que ao menos poderiam ser comprovados pela Arqueologia. O Templo de Salomão, alvo desta pesquisa, é um ótimo exemplo dessa afirmação.
Como o objetivo deste trabalho é visualizar o Templo de Salomão sob a ótica da Arqueologia enquanto ciência, devemos ter um comportamento crítico condizente com a visão adotada, e como tal, não devemos aceitar verdades prontas ou imutáveis.
Assim, nossa tarefa inicial, como deve ser em qualquer pesquisa, é de questionar sobre o assunto para posteriormente procurar buscar dados que possam nos levar a uma conclusão, a qual, diga-se de passagem, não precisa ser necessariamente a correta.
Teria o Templo do Rei Salomão, alvo na nossa Sublime Ordem, de constantes discussões, muitas vezes calorosas, intensas e apaixonadas, existido conforme está relatado na Bíblia? Quais as provas arqueológicas da existência de um Templo, na época de Salomão, com as proporções a ele referidas? Ou, de uma forma mais drástica, teria existido mesmo um Templo de Salomão? Teria existido um Rei Salomão?
Para tentar responder a tais perguntas dispomos de duas fontes básicas de informações: a Bíblia e dados arqueológicos (documentos e resultados das escavações diversas).
Com relação aos textos bíblicos estes são claros: existiu um Rei chamado Davi e outro Salomão, filho de Davi, o qual construiu um Templo conhecido como "Templo de Salomão". De acordo com essa mesma fonte de informações, não existiu apenas um, mas sim três Templos.
A Bíblia nos relata os preparativos para a construção não só do primeiro e o mais importante dos Templos, mas também a respeito dos outros Templos, fornecendo ainda nomes dos construtores, plantas, localizações, descrições detalhadas do interior e exterior do Templo bem como o nome de seus destruidores.
De acordo com os relatos bíblicos o Primeiro Templo, ou o Templo de Salomão propriamente dito, aquele que nos referimos na maior parte do tempo neste trabalho, teria sido construído em Jerusalém pelo Rei Salomão (971-931 a. C.) e destruído por Nabucodonosor em 598 - 597 a. C..
O Segundo Templo ou Templo de Zorobabel, construído no mesmo lugar que o Primeiro sob a direção de Zorobabel sendo demolido em definitivo quando da construção do Terceiro Templo.
Este Terceiro Templo, também conhecido com Templo de Herodes, foi construído mil anos após a construção do Primeiro Templo e no mesmo sítio que os Templos anteriores. A edificação teria ocorrido, provavelmente, na última década que antecedeu o nascimento de Cristo. De acordo com a Bíblia, Jesus costumava freqüentar os portais desse Templo existindo ainda referências de que as obras do mesmo ainda não haviam sido concluídas nesta época.
O Templo de Herodes foi destruído pelas sucessivas invasões ocorridas em Jerusalém. Todavia, em 70 d. C., quando da invasão de Jerusalém por Tito, este Templo não estava destruído por completo, conforme relatos de viajantes (Horne, 1972).
O "Muro das Lamentações" existente até os dias atuais e o qual inicialmente julgava-se ser salomônico, através de datações radiométricas, revelou-se pertencer ao Templo de Herodes (Horne, 1972)
Aqui vale a pena ressaltar que um ramo da Arqueologia que se desenvolveu muito nos últimos anos foi a chamada Arqueologia Bíblica a qual tenta encontrar restos e vestígios das cidades citadas na Bíblia utilizando-se das informações nela contida.
Um bom exemplo a ser citado a esse respeito são as ruínas da cidade de Jerico onde se realizam estudos (escavações) há 50 anos, sendo que foram caracterizadas até o momento cinco ocupações desse sítio arqueológico em diferentes épocas.
A localização desta cidade pode ser encontrada de forma precisa na Bíblia. Todavia a história que está sendo resgatada pelos estudos ali realizados indicam que a famosa batalha de Jerico, quando suas muralhas foram derrubadas, nunca existiu. Possivelmente a ocupação de toda essa região pelo povo judeu tenha sido de forma pacífica.
Existem evidências sim, de um grande terremoto que atingiu não só Jerico mas como outras localidades existentes na época causando grande destruição.
Outro bom exemplo que podemos citar de como a ciência pode ajudar a decifrar e a confirmar ou não relatos bíblicos é o descrito anteriormente em relação ao "Muro das Lamentações".
Com relação à evidências extra-bíblicas sobre a época salomônica, estas trazem uma série de dúvidas não só quanto a existência do Templo de Salomão mas também quanto a existência do próprio Salomão e até mesmo de seu pai, Davi.
Conforme afirma o Ir\ Alex Horne, membro da Loja de Pesquisa Quatuor Coronati, os registros históricos dos Estados vizinhos com que Davi e Salomão, segundo a Bíblia, mantinham relações comerciais, dentre eles o Egito e a Fenícia, não fazem menções a estes dois reis; "...é como se esses dois reis nunca tivessem vivido". (Horne, 1972).
De acordo com o mesmo autor, um exemplo dessa falta de referências sobre Salomão pode ser obtido na história de Sheshonk I (Rei do Egito) que cedeu sua filha para casar-se com ele (Salomão).
Versa a história que posteriormente, na verdade após a morte de Salomão, este rei egípcio invadiu a Palestina saqueando o Templo e o Palácio do rei morto.
Entretanto, no chamado "O Grande Relevo de Carnaque", um painel gravado em alto relevo, onde consta os nomes dos lugares invadidos e dominados por Sheshonk I, não encontramos qualquer identificação dos domínios salomônicos.
Se Sheshonk I de fato invadiu, subjugou e saqueou Jerusalém, ele simplesmente se "esqueceu" de escrever tal conquista em sua lista um tanto que macabra de feitos e façanhas guerreiras.
Dessa forma, não temos qualquer menção em documentos históricos da época salomônica sobre o Rei Salomão, ficando seu registro restrito à Bíblia - de acordo com Horne (1972). Mais adiante iremos tecer comentários sobre os manuscritos de Josefo, os quais se referem de forma vaga ao Rei Salomão. Estes documentos, apesar de serem uma grande evidência deste período, apresentam uma série de problemas. Além do mais, estes manuscritos são considerados "praticamente" bíblicos.
Especificamente sobre o Templo do Rei Salomão, a Arqueologia não conseguiu produzir provas que atestassem a sua existência, o mesmo podendo ser dito com relação a outras obras a ele atribuídas. Todavia, conforme nos lembra Horne (1972), no norte da Palestina foram encontradas, escavadas e identificadas com êxito as ruínas do palácio de Ahab, rei do norte de Israel, cujo reinado deu-se entre 875 - 853 a. C., portanto , não muito distante do reinado de Salomão.
Uma pergunta que automaticamente vem a nossa cabeça é porque são encontradas ruínas do reino vizinho e praticamente contemporâneo do reino de Salomão e não encontramos as ruínas salomônicas?
A resposta que muitos dão a esta pergunta é que as diversas invasões e saques destruíram de tal forma o Templo e o Palácio de Salomão que nada mais pode ser recuperado. Além disso, afirmam alguns autores, os Templos posteriores (Zorobabel e Herodes) foram construídos sobre o Templo original.
Existem várias afirmações de que os restos do Tempo foram achados, porém nunca foram apresentadas provas inquestionáveis sobre tais achados.
Aqui vale citar as pesquisas realizadas por Sir Charles Warren, Mestre Fundador da Loja de Pesquisas Quatuor Coronati. Sir Charles resgatou na Palestina a chamada "Pedra Moabite" (Moabite Stone). Este pedra foi descoberta por um pesquisador da Prússia que inicialmente tentou manter o achado para o seu país (Jackson, 1986).
A "Pedra Moabite" seria um registro do período descrito na Bíblia no Livro dos 2 Reis 3:4, podendo ser dessa forma, uma evidência da era salomônica (Jackson, op. cit.). Tal fato nunca ficou comprovado. Tal pedra encontra-se atualmente no Museu do Louvre, em Paris.
De acordo com o Ir\ John Webb da Loja Quatuor Coronati, Sir Charles, quando era um jovem Capitão em Jerusalém, participou das escavações do que se acreditou ser o Palácio de Salomão. Desses trabalhos resultou a idéia de que o Palácio e Templo de Salomão seriam dois prédios distintos mas que fariam parte de um mesmo complexo de construções.
Charles Warren também participou de outras escavações em Jerusalém e morreu acreditando ter encontrado o Templo de Salomão. Suas descobertas trouxeram uma nova gama de conhecimento para um melhor entendimento da história dessa parte do mundo. Todavia, nunca ficou provado que ele realmente escavou o Templo de Salomão.
Outra informação interessante só que mais distante do local onde o Templo teria sido construído diz respeito a cidade de pedra conhecida por Zimbambue, localizada na Rodésia, centro-sul da África. Esta cidade foi descoberta por um geólogo alemão quem acreditou tratar de uma réplica do Templo de Salomão construída pelos desentendes da Rainha de Sabá. Evidentemente que tais idéias não tinham fundamento, caindo no campo da mera especulação. Posteriormente provou-se que Zimbabue foi edificada na idade média e por uma cultura nativa do local.
Sem contato algum com os movimentos arquitetônicos, sociais e culturais existentes na Europa, desenvolveu-se em Zimbabue uma sociedade onde os chamados "Mestres Pedreiros do Grande Zimbabue" tinham um status , reconhecimento perante a sociedade e conhecimento sobre as ciências consideráveis.
Voltando ao assunto principal deste pesquisa, apesar de não terem sido encontrados o Palácio e o Templo de Salomão, arqueólogos descobriram recentemente as edificações salomônicas de Megido (cidade) bem como a refinaria e a fundição de cobre em Eziom-Geber.
A cidade de Megido é na verdade um complexo que consiste em estábulos (os verdadeiros estábulos de Salomão) para cavalos bem como acomodações para moços de estrebaria e espaço para quadrigas (Horne, 1972).
"Esses estábulos eram evidenciados por pilares talhados de pedra calcária, os quais", inicialmente, foram tomados como objetos de cultos de santuários cananeus (Horne, 1972). As escavações revelaram pilares dispostos de forma regular ficando evidente que se tratava de cavalariças quando da descoberta de cochos e manjedouras talhados em pedra calcária. Calcula-se que havia acomodação para cerca de 450 cavalos. Pesquisas posteriores revelaram que apenas uma parte dessas edificações seriam do período atribuído a Salomão. Também foram descobertas ruínas de estábulos, possivelmente do mesmo período, em Taanaque e em Eglon.
Com relação a fundição de cobre e a refinaria, as mesmas estão localizadas na atual Tellel - Kheleifeh a qual julga-se ser a Eziom - Geber de I Reis 9:26. Sua localização é tal de forma a aproveitar no processo de fundição e refinamento, a força dos fortes e constantes ventos que afetam a região. A configuração topográfica é tal que o vento é canalizado, aumentando assim sua velocidade e força (Horne, 1972).
A construção mostra evidências de que existia um complexo sistema de canais de correntes de ar trazendo assim o oxigênio necessário para alimentar a chama do complexo metalúrgico. Existem ainda suspeitas da existência de um porto de mar, o qual, segundo a Bíblia, existia nesta região. Todavia, ainda não foram localizadas as ruínas do mesmo.
Em Jerusalém foram encontradas ainda as ruínas de uma pedreira subterrânea de calcário de onde supostamente Salomão teria retirado material para a realização de construções. Nos escritos de Josefo estas pedreiras são referidas como sendo as "Pedreiras Reais".
O Ir\ J. Herman em seu trabalho "King Solomon s Quarries" (As Pedreiras do Rei Salomão) nos fornece uma bela descrição não só do local mas também as rochas que lá existem.
Diz o referido Irmão que a entrada da caverna é ao norte da Cidade Velha, próximo a Cerca de Damasco. A partir da entrada principal segue-se para sul por um corredor com extensão aproximada de 225 metros até um salão conhecido por "The Freemasonic Hall".
De acordo com Herman (1996) a caverna contém uma série de rochas diferentes predominando no entanto as rochas calcárias. O tipo principal de calcário apresenta estrutura maciça, tratando-se de rocha muito bonita para construção, todavia de resistência moderada. Deste tipo de rocha retirou-se grande quantidade (blocos) para construções diversas.
Na entrada da caverna aflora um calcário muito "mole" por isso mesmo, facilmente trabalháveis mas não se pode fazer grandes blocos para construções devido a sua fragilidade. Afloram também nesta caverna um outro tipo de calcário rico em ferro o qual possui coloração avermelhada e uma maior resistência.
Esta caverna / pedreira subterrânea está localizada nas proximidades de onde supostamente foi erguido o Templo de Salomão sendo dessa forma, uma possível fonte de matéria prima para a construção do Templo. Este fato poderia ser possível, todavia o mesmo não foi ainda comprovado. Sabe-se que as estruturas da rochas das paredes do que alguns Irmãos supõe ser o Templo de Salomão, são idênticas às estruturas visualizadas nas rochas aflorantes nas caverna.
Sendo este local realmente uma pedreira utilizada pelo Rei Salomão, teria um significado especial para os Maçons. Dessa forma, esta caverna é utilizada cerimonias maçônicas. Também já foram retirados muitos blocos de pedra desta pedreira para fazer parte de Templos Maçônicos espalhados pelo mundo afora.
Todavia, não existem provas conclusivas sobre a destinação das pedras dali retiradas. Sabe-se apenas que o calcário é uma rocha abundante em toda a região e que essa pedreira seria poderia ser apenas mais um das diversas fontes de matéria prima utilizada ao longo dos séculos naquela região.
Com relação à documentos escritos, podemos encontrar registros atribuídos a era salomônica nos manuscritos de Josefo citados anteriormente, e como querem alguns autores, "o grande historiador judeu". Apesar de fazer referências sobre Tiro e sobre Salomão, o Rei de Jerusalém, e seu Templo, Josefo nunca viu o Templo e não fornece maiores informações. Na verdade, de acordo com informações verbais dos IIr\ Francisco de Assis Carvalho e Hércule Spoladore, Josefo foi um soldado de Israel que passou grande parte de sua vida preso. Muitas das coisas sobre as quais escreveu, ele nunca viu mesmo porque algumas delas já haviam ocorrido há muito tempo. Josejo não foi contemporâneo a todos os seus relatos. Um outro exemplo a respeito de uma certa desconfiança sobre a obra de Josefo é que este autor viveu na mesma época do que de Jesus, mas em seus manuscritos praticamente não existem referências a Jesus.
Uma outra fonte de informações importante são as chamadas "Crônicas Babilônicas" que entre outros, narram a invasão de Jerusalém pelo exército de Nabucodonosor em 16 de março de 597 a. C. (in Horne, 1972). Tal relato pode comprovar a destruição do Primeiro Templo, conforme prega a Bíblia. Todavia, Nabucodonosor não deixou qualquer registro sobre a pilhagem e destruição do Templo como era costume na época.
As "Cartas de Láquis" - Láquis, atual Tell ed - Duweir, era uma fortaleza militar que guardava o caminho entre Jerusalém e Hebron - fazem referências indiretas a uma possível segunda invasão (5899 - 587 a. C.) de Jerusalém. Acredita-se que Láquis tenha sido completamente destruída nesta invasão. Prova disso são as camadas de cinzas e de material (vasos e cerâmicas) quebrados encontrados no local.
Como vimos, tem-se mais dúvidas do que certezas. Existem algumas evidências indiretas da existência do Templo e de todas as obras que constam na Bíblia e atribuídas a Salomão. Todavia, não existem provas concretas.
Atualmente, diz-se que as ruínas do Templo de Salomão encontra-se de baixo da Mesquita de Omã, em Jerusalém. Acredita-se também que o "Muro das Lamentações" seja parte do muro de arrimo do Terceiro Templo ou Templo de Herodes.
Recentemente foi gerada grande uma polêmica na Palestina, pois estão querendo abrir túneis sob a Mesquita de Omã. Caso isto ocorra e os relatos bíblicos estejam certos, poderão ser encontradas as ruínas do Primeiro Templo.
Pelas pesquisas realizadas, minha opinião pessoal é que deve ter existido um Templo não com as dimensões citadas na Bíblia. Pode ser até mesmo que já tenha sido descoberto e não deram a menor importância para ele pois é um Templo normal. Pode ser também que o Templo de Salomão nunca tenha existido não passando assim, de uma grande mistificação. Ou como disse Alex Horne, uma "mistificação que continuou, por certo, a ser piedosamente perpetrada através de seis séculos" ... constituindo "uma das mais estupendas mistificações da história".
Todavia, a Arqueologia não tem que provar ou desmentir a Bíblia.
A Bíblia não precisa ser provada. As muralhas de Jerico, o Templo de Salomão, dentre outros, são mitos que sustentam diversos povos do mundo inteiro por milhares de anos.
Um mito não precisa de prova.
Para nós Maçons, o importante é o simbolismo que o Templo de Salomão tem e não o fato de ele ter existido ou não.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- BÍBLIA SAGRADA
- CARVALHO, B. (1994) - História da Arquitetura. Edições de Ouro. Rio de Janeiro, RJ.
- DICIONÁRIO AURÉLIO ELETRÔNICO (1994).
- DOCUMENTÁRIOS CIENTÍFICOS EM VÍDEOS (Discovery Chanel, Net).
- HAUSER, A. (1982) - História social da literatura e da arte. Editora Mestre Jou. São Paulo, SP.
- HERMAN, J. (1996) - King Solomon s Quarries. Boletim Haboneh Hahofshi - The Israeli Freemason. Vol 2/3. Tel Aviv, Israel.
- HORNE, A. (1972) - O Templo do Rei Salomão na tradição Maçônica. Editora Pensamento, São Paulo, SP.
- JACKSON, A. C. F. (1986) - Sir Charles Warren, G.C.M.G., K.C.B. Fouding Master of Quatuor Coronati Lodge, n 076. Boletins da Loja de Pesquisas Maçônicas Quatuor Coronati , 11/09/1996.
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