sábado, 24 de julho de 2010

O PAGAMENTO E O AUMENTO DE SALÁRIO

Na Maçonaria operativa, os obreiros recebiam o seu pagamento em quantidades de sal, azeite, trigo, etc.
Na Maçonaria especulativa, os obreiros também recebem o seu pagamento e têm direito a aumento de salário. O ensinamento é ministrado através de símbolos e alegorias, apesar de o pagamento ser simbólico, ele deve ser efetuado em todas as reuniões para que os obreiros fiquem contentes e satisfeitos.
O pagamento dos obreiros são as instruções ministradas no dia a dia das lojas maçônicas. Quanto mais ensinamentos, maior o pagamento efetuado aos obreiros, e maior a satisfação.
Estamos sempre buscando o aperfeiçoamento moral e espiritual. É na prática das virtudes que se dá o aprimoramento de nosso ser. O trabalho do maçom é o trabalho solitário e pertinaz, da construção do templo interior, não se faz um aperfeiçoamento sem conhecimento e sem prática, cada um deve ser o próprio arquiteto construtor deste edifício.
A pedra bruta deve ser polida e transformada em pedra cúbica para ser utilizada na construção do novo ser. A argamassa que irá ligar as pedras é o cimento místico, que é constituído da soma de virtudes.
O maçom deve procurar conhecer todo o simbolismo que o cerca, de acordo com suas interpretações e procurando assimilar o que lhe é passado por outros irmãos. O trabalho coletivo bem executado é que forma a egrégora da loja.
É importante que ao iniciarmos uma reunião maçônica, que nós estejamos preparados espiritualmente, para os trabalhos que iremos participar, loja é uma oficina de trabalho e não podemos estar preocupados com os problemas e atribulações do nosso cotidiano.
Quanto mais trabalhamos, mais teremos direito a receber o pagamento, e maior será o benefício que obteremos através da soma de conhecimento que esteja disponibilizado pelos demais irmãos em loja.
Quando entendemos e praticamos os belos ensinamentos morais e espirituais que nos são passados através de símbolos, de lições e exemplos, aí sim, estaremos aptos solicitar um aumento de salário. O aumento de salário é simbólico, mas o seu significado para cada obreiro é de um valor inestimável, pois, quando tudo está justo e perfeito poderemos receber uma melhor remuneração pelo trabalho executado. Com o aumento de salário, podemos auferir de novos benefícios, poderemos evoluir e crescer na busca da perfeição, quando poderemos, então, ter o conhecimento alquímico e saber sobre o manejo da pedra de toque, a pedra filosofal, transformando os metais inferiores (vícios, defeitos, etc), em ouro (aprimoramento moral e espiritual). Só com conhecimento se consegue transformar o que é simbólico em realidade.
Passaremos a entender o verdadeiro sentido simbólico do tronco de beneficência na frase: quem tem põe, quem não tem tira. Quem tem muito a dar de ensinamento, doa para a loja e deixa o saber à disposição dos demais irmãos, aqueles que não o têm, se quiserem podem colher estes ensinamentos, estes estão disponíveis, mas é preciso querer.
Temos necessidade e obrigação de buscar constantemente o aperfeiçoamento de nosso ser, com a nossa transformação interna, influenciamos aos que estão ao nosso redor. Mas, temos que ter consciência que devemos começar esta mudança primeiramente a partir de nossa transformação pessoal.
Cada um recebe o seu pagamento, de acordo com o trabalho apresentado, mas o aumento de salário deve ser obtido apenas por aqueles que tenham merecimento.

PEDRO NEVES .’. M .’. I .’. 33
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A PARTIR DA PEDRA BRUTA A OBRA PRIMA

“Na fase da conclusão de seu trabalho, para merecer aumento de salário, o aprendiz conhece boa parte do programação, no momento posterior ao estudo e a racionalidade, está pronto para entrar no próprio íntimo e obedecer plenamente ao imperativo “CONHECE-TE A TI MESMO”.

Livre interpretação da obra do pintor Di Prinzio, por Pedro Neves.

O Sol, corpo celeste mais rico em simbolismo; representa o espírito, princípio da vida e de todas as coisas, símbolo da divindade por excelência. Emblema da geração, conservação e sustentação da vida, força positiva, agressiva e dominadora. É o princípio vital. Representado por um círculo (símbolo do espaço e do tempo infinitos) com um ponto no meio (símbolo do espírito). O seu anjo é Zaraquiel.
A Lua, a “Deusa da noite”, mãe universal, princípio feminino, representa a alma e a matéria. Força de caráter magnético. Símbolo da imaginação. Representada por um crescente em forma de copa, simbolizando o lado receptivo da natureza humana. O seu anjo é anjo Tsafiel.
Vênus para os gregos e romanos representa a figura da sua Deusa do amor e beleza, Afrodite. Amor espiritual e atração sexual. Natureza feminina. A sua cruz na parte inferior do círculo, significa o espírito tentando se libertar da matéria. O seu anjo é Hamaliel.
Júpiter o maior dos planetas, simboliza o pai, o patriarca, o rei, grandeza de espírito, sabedoria e generosidade. Representado por uma meia-lua crescente (consciência da alma) unida a uma cruz (matéria), natureza masculina, positiva. Seu anjo é Gabriel.
Mercúrio “O mensageiro dos deuses”, representado por um círculo com a meia lua em cima e a cruz embaixo, são a força ativa do eu, a consciência da humanidade, o intelecto, natureza andrógina. O seu anjo é Rafael.
Saturno simboliza o tempo, o terrível apetite para a vida, devora todas as suas criações, poderoso e malévolo, devido à natureza sutil e imperceptível com que mina a vitalidade do organismo físico. Natureza lenta, paciente, furtiva e velada. Representado pela cruz surgindo da meia-lua crescente, significa a manifestação da consciência. Positivo e masculino. Seu anjo é Micael.
Marte símbolo da força viril, da atividade e capacidade criadora, “Deus da guerra”, destrói rápido como um raio. Representado por um círculo com uma flecha na parte superior direita, significando a força criadora do espírito. Seu anjo é Ouriel.
O Diamante representa o “centro Místico irradiante”, conectado ao sol, é a luz, atributo das divindades, simbolizando o poder divino. O diamante é a obra prima que se obtém da pedra bruta, sobre ele simbolizando o adepto que alcançou o conhecimento está o homem, Acima dele a representação do infinito. Em torno do diamante a corda simbolizando que tudo é possível através da união de todos.
A pedra cúbica tem em suas faces os instrumentos que foram usados no desbastamento da pedra bruta. O esquadro, representa a perfeição. O compasso, a medida justa. O malho é a força criadora. O cinzel o juízo que direciona a força. A trolha símbolo do trabalho.
Tudo está justo e perfeito entre as colunas, que simbolizam a vida e morte, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino.
Na penumbra, diversos vultos, parecem admirar a obra prima, eles ainda não atingiram a luz. Estão até mesmo fora do pavimento de mosaicos, símbolo da dualidade, amor e ódio, belo e feio, o bem e o mal, a vida e morte.
O trilhar do adepto sobre o pavimento de mosaicos é difícil, ele deve caminhar sempre entre o preto e o branco, é uma linha muito fina para se atingir a perfeição.

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PEDRO NEVES .’. M .’. I .’. 33
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A Viagem - reflexão

Acompanhe-me numa singular viagem.

Para isto é necessário que você aceite alguns postulados e a pouca consistência do que mostrarei, considerando que, em essência, tudo não passa de simples fantasia, mas os conceitos são os mais modernos de que a ciência dispõe. Façamos à semelhança de nossas lendas na Maçonaria, que mesmo em sendo ficções, pretendem transmitir profundos conhecimentos filosóficos, dependendo apenas do grau de interesse e desenvolvimento de cada indivíduo e da perseverança em alcançar o conhecimento que leva a educação natural.

Tenha certeza que a pretensão é flutuar por caminhos fascinantes que poderão revelar entendimento de verdades complexas e difíceis de explicar de outra forma.

Preparando o Ambiente da Viagem

Façamos de conta que estamos parados no centro de uma loja aberta ritualisticamente. Aparelhada com todos os instrumentos de trabalho do maçom, bem como sua matéria prima: a pedra bruta.

Esotericamente falando, o teto não existe, então, vamos tirar de vez esta cobertura do lugar de onde está e empurrá-la para bem longe, tão longe que desapareça. Descortina-se sobre nós o espaço infindo e ao longe brilha o sol.

Empurremos também as paredes de nosso templo para bem longe. Estamos no centro do espaço infindo que só não é totalmente negro porque a luz do luzeiro o ilumina.

Eliminemos igualmente o piso de nosso templo, afastando-o mais devagar para que nossa mente se acostume lentamente com o flutuar no espaço. Como não temos mais referenciais, não sabemos ao certo se é o piso da loja e a Terra que estão se afastando, ou se somos nós que estamos levitando, viajando espaço afora.

Se pensar que paramos aí, enganou-se, agora possuímos poderes sobrenaturais que nos permitem parar o tempo, o que fazemos.

Este é nosso novo Universo: nada ao nosso redor, o tempo parado e apenas o Sol a nos iluminar. Neste ambiente especial construído por nossa imaginação, apenas nós nos movemos. Estamos sem ponto de referência a não ser o sol. Longe de tudo. Não existe ruído ou necessidade de ar. Somos poderosos.

Olhamos ao redor e observamos a imensidão. Como é diminuta a nossa estatura em relação a este Universo ilimitado e sem horizonte.

Com nossa nova capacidade de imaginação deixamos nosso corpo material e flutuamos para fora de nossa prisão. Olhamos para as pedras brutas que somos pelo seu lado externo de formas como nunca nos foram dadas observar. Observamos como é nosso túmulo material. Como já aprendemos, o que este corpo tem por fora é mero invólucro de nossa manifestação material no Universo tridimensional, o importante desta massa é seu conteúdo interno, algo que aos olhos materiais é impossível identificar.

Foi devido a esta limitação que saímos de nossos túmulos materiais e estamos aqui fora olhando para eles.

Aqui somos finitos e infinitos. Nesta existência artificial não rege tempo ou matéria, não existe início ou fim. Todas as coisas materiais que possuímos em nossa efêmera vida material são nada se comparados com a imensidão que ora contemplamos ao lado de fora de nossos cárceres que nos servem apenas como instrumentos de nossas experiências sensoriais.

Locke defendeu que as idéias são formadas a partir de experiências sensoriais exteriores e que a reflexão interior colocava em seu devido lugar. Combateu o Inatismo, filosofia que parte do pressuposto do homem possuir idéia inata do Grande Arquiteto do Universo; que esta idéia já nasce com a pessoa. Vamos comprovar esta assertiva ao sairmos do nosso corpo apenas por força de nosso pensamento e levarmos junto conosco apenas nossas capacidades de ver e pensar.

Na Maçonaria nos é ensinado que nascemos livres porque nascemos racionais e os seres humanos são, por isto, considerados iguais, independente de governos e outros homens. Usamos desta experimentação sensorial não apenas através de nossos dispositivos de percepção da realidade, criamos uma nova percepção, pela fantasia, e por um exercício do pensamento estamos passeando fora de nossos corpos físicos pelo espaço infindo.

Parece insanidade, mas é divertido. E como diz Domenico de Masi: não sei se estou trabalhando, aprendendo ou me divertindo.

Os trabalhos do Rito Escocês Antigo e Aceito querem demonstrar ser o homem infinito e que suas posses são finitas. Locke concebe o infinito como resultante da unidade homogênea de espaço, número e duração, e o que diferencia uma da outra é que o infinito apenas não tem limite. Deduzimos que o homem material é finito enquanto presa da materialidade e torna-se infinito quando desperta para a liberdade da razão apoiada pelo conhecimento.

É isto a que este passeio conduz.

Início do Passeio

Percebe quão devagar estão nossos passos neste passeio? Não há necessidade de correr. Nossas experiências mais eficientes não ocorrem sempre aos saltos, mas em pequenos avanços de uma dimensão para a outra de um conhecimento alicerçando o próximo, ciclos eternos de tese, antítese e síntese. Assim se faz na Maçonaria. O salto é dado pela mente e não pelo corpo material. É disto que devemos nos libertar para penetrar nos segredos de nós mesmos. Apenas em condições especiais obtemos a verdadeira luz para investigar a verdade oculta em nós mesmos. Nossa fantasia cria o ambiente, nossa racionalidade preenche os vazios.

Se olharmos todo o trajeto que nos trouxe até aqui é realmente um salto imenso para a nossa pequenez de criatura vivente do espaço tridimensional. Aqui só existe a noção de espaço porque trouxemos junto conosco as carcaças que nos contêm. Qualquer forma que adotarmos, seja ela material ou assim como nos imaginamos agora, não passamos todos de simples viajantes espaciais, é o que todos somos; astronautas deslocando-se permanentemente pelo espaço sideral numa velocidade estonteante a um destino desconhecido.

Vamos diminuir de tamanho, aliás, nós não temos dimensão, podemos ser imensamente grandes ou infinitamente pequenos, basta querer. Nossa mente vai fazer com que diminuamos de tamanho lentamente, porque ainda faz pouco tempo que abandonamos nossa clausura física e adentramos nesta nova condição de existência.

Vamos encolher até que possamos entrar pelo ouvido do meu corpo material aí em frente e que conheço bem, haja vista que já fiz alguns passeios dentro dele ultimamente. Vamos diminuir de tamanho até que possamos divisar as moléculas desta carcaça.

Percebeis como meu corpo está desaparecendo?

O corpo está se dissolvendo lentamente.

Porque será?

Um Universo Interior

Boyle foi o primeiro que não aceitou mais as teorias de Aristóteles dos quatro elementos: água, terra, ar e fogo e formulou as bases e conceitos dos elementos químicos.

A diversidade de moléculas com que um corpo físico é composto é enorme, então escolhamos a primeira molécula que encontrarmos e vamos continuar a diminuir de tamanho para podermos abordar um dos átomos.

Sabia que não foi Boyle quem criou a idéia de átomo? Isto já foi cogitado na antiga Grécia, por Demócrito; é dele a idéia que os materiais são formados por partículas minúsculas. Hoje dispomos deste conhecimento porque estamos apoiados nos ombros de gigantes do passado.

Pode-se dizer que o átomo é formado por duas regiões que ocupam o espaço: o núcleo, que é seu centro compacto e pesado, e uma coroa ou eletrosfera. No núcleo estão os nêutrons e prótons e na eletrosfera movem-se os elétrons em diversas órbitas.

Rutherford sugeriu que o tamanho do átomo seria algo em torno 0,000.000.01 centímetro. Para imaginarmos melhor o significado desta dimensão consideremos o homem do tamanho de um átomo e toda a população da Terra caberia na cabeça de um alfinete e ainda sobraria muito espaço.

E nós estamos do tamanho de um átomo agora.

Só que não vemos nada.

Por quê? Se moléculas das mais diversas compõem um corpo físico, elas deveriam estar em todo lugar, trilhões delas deveriam estar presentes aqui, e deveriam obliterar a luz do sol.

Onde estarão?

A eletrosfera de um átomo é cerca de 10.000 a 100.000 vezes maior que o núcleo. Então, porque não estamos vendo nada?

Vamos diminuir mais umas 100.000 vezes o nosso tamanho. Ainda não vemos nada. O corpo pelo qual estamos viajando simplesmente sumiu. O que existe ao nosso redor é apenas espaço vazio. Só a luz do sol chega até nós.

Continuemos a procurar até encontrar um núcleo de átomo, formado de prótons, nêutrons e outras partículas insignificantes, e assim como nós, desloca-se solitário nesta imensidão do espaço. É do tamanho de uma laranja, e cabe em nossa mão.

Onde estará o elétron que faz par com este núcleo?

Sabemos que a massa do elétron tem em torno de 1.840 vezes menos massa que o núcleo. Muito pequenos para serem vistos, mesmo com estes olhos que temos agora. Temos que diminuir ainda mais de tamanho para divisar corpúsculo tão diminuto, será por isto que não vemos o elétron?

Não! Ele não é visto porque nós paramos o tempo, lembra?

Somos criaturas muito poderosas em nosso mundo de fantasia.

O elétron deste átomo está parado em algum lugar que pode estar em termos proporcionais a nossa atual estatura a alguns quilômetros daqui, ou até bem perto como alguns centímetros. Não o vemos apenas devido suas dimensões relativas diminutas.

Estou cansado. Vamos diminuir mais nossa estatura, até ficarmos tão pequenos que possamos sentar confortavelmente sobre o núcleo deste átomo.

Ainda não vemos o elétron, e teríamos que encolher ainda cerca de quase umas 2.000 vezes a nossa atual estatura, e ainda assim seria muito difícil encontrá-lo.

Vamos restaurar o fluxo do tempo.

Não se assuste com a escuridão!

Consegue imaginar o que aconteceu?

Porque esta escuridão súbita?

São os elétrons! Eles nos deixaram cegos! Esconderam o Sol.

O Mundo Material

Os elétrons em movimento impedem a luz de chegar até nós. Isto porque a velocidade com que o elétron gira em torno do núcleo é tão alta que mesmo com sua minúscula massa impede a passagem da luz.

Sua velocidade é tal que pode ser comparada à própria velocidade da luz.

A velocidade dos elétrons é de tal magnitude que num determinado instante cada um deles pode estar ocupando qualquer espaço ao redor do núcleo. Ele tem apenas uma probabilidade de estar fisicamente num determinado lugar, num determinado instante. As fórmulas matemáticas da mecânica da física quântica não oferecem valores determinados, apenas probabilidades.

Compare com as hélices de um avião; as pás parecem estar em todo o entorno de seu eixo ao mesmo tempo, podemos olhar através delas porque sua velocidade é inferior a da luz. Mesmo assim, as pás parecem estar em todo lugar ao mesmo tempo. Com o elétron é parecido, mas em escala de velocidades imensamente superior.

É assim que se forma a matéria sólida de que são formados nossos corpos, o mausoléu de nossos pensamentos. A velocidade com que os elétrons giram ao redor de seus núcleos cria a matéria, lhe proporciona solidez. É como tudo no Universo físico é construído.

Esta é a assinatura do Grande Arquiteto do Universo dentro de nós mesmos.

Isto até contradiz Locke, mas não esqueçamos que nossa existência aqui é apenas resultado de ficção, do exercício de nossa mente criativa.

Mesmo assim, esta constatação nos leva a inferir ser este, de fato, o nosso local mais sagrado. Como é imenso o corpo físico de qualquer ser vivente! O homem em sua inteireza, considerando a carcaça, a mente, as emoções, sua espiritualidade e outros detalhes é um universo tremendamente complexo, semelhante ao grande Universo.

A este universo que existe dentro de cada ser vivente, devido exatamente a esta diversidade e complexidade, denominamos Macrocosmo apenas para simplificar nossas limitações de entendimento.

É assim, de forma espantosa, com quase nada de matéria, com quase absoluto espaço vazio que o Grande Arquiteto do Universo produziu toda a matéria sólida do Universo.

Milagre ou realidade?

Será que legitima a expressão do penso, logo existo, de Descartes?

Se tomarmos a realidade do ponto de vista em que nos encontramos agora, certamente deduziríamos que nada somos. Tudo o que existe é feito essencialmente de espaço vazio, somos feitos do nada, então nada deveríamos ser. Existimos apenas como que por milagre. Um maravilhoso feito do Incriado.

Heidegger argumentava que o ser se faz no tempo; e é o que constatamos em nossa experiência; o ser é o nada que o constitui.

Platão afirmava que o Universo em que vive o homem é ilusório, feito de sombras e aparências; em nossa experiência, quanto desta assertiva é verdadeiro?

O que acabamos de afirmar e virtualmente constatar, foi baseado na informação de que o elétron e o próton contêm massas, isto é, que sejam efetivamente feitos de matéria sólida, mas que o garante?

Existem considerações científicas atuais que dizem terem os átomos ora o comportamento de partícula e ora de fenômeno ondulatório, isto é, não possuírem massa e serem constituídas exclusivamente de campos de força, de campos eletromagnéticos, de energia.

Aí então a nossa pasma intelectualidade entra em pane!

Se os átomos não são nada mais que campos de força, então somos efetivamente feitos de puro espaço vazio, nada somos!

Simples fótons?

Campos magnéticos em interação e deslocando-se à velocidade da luz?

Ainda sem considerar a teoria das Supercordas que remetem até o instante do inicio da expansão do Universo, o inicio de toda a história que nossos cientistas sonhadores dão para o Universo e ao qual denominam big bang, já nos satisfazemos com o fato de constatar que existe um projeto racional e um objetivo válido para tomar parte nesta grande orquestra da vida, esta milagrosa massa de seres viventes. Porque olhando em nossa própria essência, sequer deveríamos existir! É um milagre! Os fatos apontam para uma realidade onde a vida tem uma insignificante possibilidade de se manifestar.
A Improbabilidade da Vida

Partindo da constatação que as fórmulas da mecânica quântica nos fornecem apenas probabilidades e nunca certezas qual seja a verdadeira constituição do átomo. Acrescente-se que as moléculas de que nossas carcaças são formadas constituem apenas um por cento de toda a massa do Universo, isto porque, 75% de toda matéria do Universo é formada por Hidrogênio, 24% é Hélio, e o restante 1% (um por cento) é constituído por todos os demais elementos da tabela periódica. Desde o lítio, passando pelo carbono até chegar ao urânio.

A química que dá origem à vida é uma insignificância quantitativa em relação ao gigantismo do Universo!

Daí nossa intelectualidade vir a se preocupar com a existência e a realidade nos faz singelos na imensidão deste Universo - especula-se que existam outros Universos. É deveras um milagre possuirmos consciência!

Percebe a maravilha desta descoberta dentro de nós mesmos?

Consegue observar o quanto somos infinitos na forma em que nos encontramos e o resto do Universo é finito? Em termos absolutos poderíamos até dizer que nem infinitos somos, mas inexistentes.

Conscientizou-se agora do quanto somos livres e iguais neste Universo criado pelo Grande Arquiteto do Universo?

É razão mais que suficiente para buscar o conhecimento para nos entendermos melhor uns com os outros.

Fazer estes tipos de viagens é o único caminho que dispomos para trilhar pelos caminhos que conduzem para a liberdade e perfeição; simplesmente porque nos conscientizamos que existe um criador, não é possível que tudo seja resultado de obras do acaso sem a presença de uma mente pensante por traz de tudo o que se manifesta na natureza.

Esta nossa realidade, esta nossa insignificância perante o milagre da existência material já é suficiente para nos levar a entender do porque o amor fraterno é o único caminho para a verdadeira igualdade.

Na essência somos todos relacionados e iguais. Somos imperfeitos em nossa materialidade, mas alcançamos a perfeição em nossa racionalidade, da mesma forma como disse Platão: o único círculo perfeito é a idéia de círculo que existe em nossa imaginação.
Abrangência do Mundo Interior

Estenda esta visão às outras dimensões que temos: espiritualidade, emotividade, pensamentos, e outros. Este conhecimento de nós mesmos não fica limitado ao que estamos percebendo neste instante, este crescimento exige a perfeição tanto do espírito como do coração.

Há necessidade de treinar nossas percepções tanto do visível como do invisível, e tudo é dedutível por nossa capacidade de abstração, de fantasia, até vir a comprovar-se pela experimentação científica. Assim como aconteceu com Pitágoras, que na tradição intelectual do mundo ocidental teve transformada a sua capacidade de mística matemática numa espécie de ponte entre a razão humana e a inteligência divina. De nossa parte, enquanto sonhamos, não temos provas materiais da imaginação ser realizável, ao menos enquanto estivermos restritos ao nosso cárcere material, ao nosso corpo físico. Tampouco criamos proposições que não possam ser questionadas, até contrariadas, pois algo assim, nas palavras de Isaiah Berlin, não contém informação.

Devemos procurar a justiça e a fraternidade, o amor fraterno, para obter a possibilidade de, mesmo imperfeitos em alguns aspectos, sermos levados à perfeição do intelecto e da espiritualidade pela força do pensamento.

E assim como efetuamos nossa caminhada até ficarmos sentados aqui nesta escuridão sem ter medo de nada, quando o tempo está em marcha, aonde chegamos devagar, um passo de cada vez. A Maçonaria nos ensina que o caminho da perfeição também não se dá aos saltos, senão com muita prudência e lentidão. Velocidade é coisa de elétron em sua órbita, nós devemos lentamente ir formando uma base educacional em busca da verdadeira liberdade que nos liberta do fanatismo, do ódio e outros vícios. Pois se viéssemos até aqui na superfície deste núcleo de átomo num salto, certamente desfaleceríamos. A escuridão nos enlouqueceria! Não entenderíamos que na escuridão de nosso mais recôndito ser, na falta da liberdade a que o elétron nos levou, nos sentiríamos presos, imobilizados, com medo de nos mexer, inclusive de pensar. E o medo desta prisão certamente nos induziria a adotar alguma postura fanática e alienante, quem sabe até, num ato desesperado, o suicídio.

Percebe o quanto a nossa capacidade de sonhar é infinita e como isto nos diferencia do homem-fera primitivo? A filosofia do Rito Escocês Antigo e Aceito está conectada ao conhecimento humano, desde sua pequenez diante do Universo, até o gigantismo de sua capacidade de sonhar e pensar. É pela capacidade racional inteligente que todo maçom deriva conhecimentos detalhados e genéricos para a sua própria sobrevivência física e intelectual. Uma coisa puxa a outra.

O sonhar leva a predispor o iniciado na busca contínua de instruções e conhecimentos. Isto o leva a efetuar saltos mentais e lhe impõem denodo quando se interna na caminhada dos mundos desconhecidos, reservados apenas aos que têm coragem de enfrentar as veredas do desconhecido. Mesmo que lá reine escuridão, a mente continuará a irradiar a luz do entendimento de verdades cada vez mais complexas e intrincadas.

O peregrino cego carrega junto de si a luz do entendimento ao buscar intensamente dentro de si mesmo o conhece-te a ti mesmo, de Sócrates. O homem pensador passa a aperfeiçoar-se.

Depois que se aperfeiçoou e descansou parte em nova jornada, em ciclos eternos de sonhos, racionalizações e sedimentações de novos conceitos.

Fica evidente que ao adentrarmos no mausoléu que somos, despertam idéias ocultas que até então não percebíamos. Encontramos alguns porquês da existência: De onde venho? Para onde vou? Algo que é possível descobrir com viagens ao interior de nós mesmos. Faz da passagem para o oriente eterno apenas mais uma etapa da vida; algo que alivia o constrangimento e medo da morte. Este é o conhecimento, a luz que o profano busca em nossos templos; é a travessia que o iniciado faz quando se desloca do ocidente para a luz do oriente. Ao nos libertarmos do medo da morte, rompem-se os grilhões da escravidão do mundo material e passa a brilhar a luz da sabedoria do Grande Arquiteto do Universo.
Templos Vivos

Todo maçom é considerado de fato um templo vivo.

Só a partir desta constatação o maçom passa a considerar-se criatura pura e sagrada. Certamente tudo faz para não conspurcar o ambiente sagrado de que é constituído seu templo interior, derivando que isto induza o desenvolvimento de conceitos morais e éticos cujo objetivo preservará a pureza do lugar sagrado de seu interior. Isto faz do mundo interior um lugar perenemente limpo e puro.

Desperta adicionalmente que apenas limpar o templo interior não é suficiente. A pureza moral e ética é insuficiente. Exige-se que o interior do templo, local da razão e dos sentimentos equilibrados, nutram o cérebro com estímulos que levem a buscar a perfeição. Daí ressalta-se a importância em velar na maioria das vezes do centro das emoções, o coração, de modo a mantê-lo subjugado à mente, pois é considerado esotericamente um mausoléu e tudo aponta para o coração como túmulo do maçom; ao menos enquanto não morrer o maçom que o contém.

O caminho para a liberdade e perfeição do maçom é dominar suas paixões com o objetivo de acabar com atitudes extremadas e fanáticas. E a vereda do espírito passa pela capacidade de sonhar, com grandes chances de converter a fera humana, apenas controlada pelas leis, em ser humilde diante da grandiosidade do que daqui divisamos.

Quando o tempo se desloca, em nosso interior reina escuridão enquanto não efetuarmos um salto para dentro de nós mesmos iluminados pela sabedoria do entendimento desta viagem. Este deslocamento é realizado em pequenas estações, para que o choque da descoberta desta escuridão não nos deixe cegos e com medo, assim como fazemos em nossa evolução pelos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.

O medo pode nos imobilizar e escravizar aos extremismos.

É necessária coragem para desbravar o caminho.

Agora que mostrei a minha senda, faça as tuas viagens a sós para dentro de você mesmo e descubra teus próprios caminhos. Só não se assuste com a escuridão do lugar, leve sempre junto a luz de tua capacidade intelectual para de lá sair em segurança. Ao homem maçom é dado caminhar só na busca de sua espiritualidade e liberdade, exatamente porque ninguém a pode fazer por outrem. É tarefa individual e intransferível.

E saiamos daqui, pois os trabalhos encerraram a meia-noite.


Charles Evaldo Boller, Mestre Maçom da Augusta e Respeitável Loja Maçônica Apóstolo da Caridade, n.º 21 da Grande Loja do Paraná
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quinta-feira, 3 de junho de 2010

NOTÍCIAS SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UM TEMPLO

As colunas não são obra da engenharia humana, e sim da crença do homem na majestade de um Ser Superior.



As famosas colunas do Templo de Salomão estão retratadas em várias passagens do Velho Testamento, mas a mais significativa referência as mostra apenas simbolicamente. Em Oséias 13:9; 14:1, consta que quando o povo de Israel abandonou a Deus e sua justiça, a nação desmoronou. As colunas eram a força e o poder da crença. Jaquim e Boaz significavam o valor e a adoração que nunca podiam ser derrotados, pois a manifestação divina sempre estaria presente para conferir significado e estabilidade (cf.Champlin, RN. O Antigo Testamento interpretado, versículo por versículo. SP, Edit. Candeia). As colunas não são obra da engenharia humana, e sim da crença do homem na majestade de um Ser Superior. O engenho humano é capaz de projetos quase indestrutíveis. Pode-se abalar estruturas de aço e concreto, porém o projetista saberá redesenhar as traves e estacas e o calculista lhes garantirá amarração suficiente para resistir ao mais forte dos ataques. E as colunas da crença, essas também se reerguerão?

Tantas referências bíblicas sobre o Templo de Salomão fizeram dele uma obra da arte de ensinar e convencer, sabiamente usada pela Maçonaria no aperfeiçoamento do caráter dos seus iniciados. Questiona-se se existem razões históricas para esse extremo valor emblemático da obra de engenharia do tempo de Cristo. Sabe-se que o Templo de Salomão foi o primeiro templo em Jerusalém, tendo funcionado como um local de culto religioso judaico central para a adoração e os sacrifícios. Antes de sua morte Davi (um dos mais conhecidos reis do antigo reino de Israel, e o homem mais vezes mencionado na Bíblia), providenciou os materiais em grande abundância para a construção do templo, o que veio acontecer no século XI a.C. Substituiu o Tabernáculo de Moisés. A sua construção ficou concluida sete anos após o início do reinado de Salomão. Foi pilhado várias vezes e totalmente destruído por Nabucodonosor II da Babilônia em 586 a.C., após dois anos de cerco de Jerusalém. Os seus tesouros foram levados para a Babilônia, dando início a um novo período na história judaica.

Décadas mais tarde, em 516 a.C., com o regresso de mais de 40 mil judeus da Babilônia, deu-se início à construção, no mesmo local, do segundo Templo, por sua vez destruído pelos romanos no primeiro século da Era Cristã.

O Templo de Moisés e o Templo de Salomão, nas suas duas versões, são somente história do que teria se passado com a humanidade. Nenhum registro seguro, nenhuma prova efetiva da existência desses monumentos pode-se dizer existente. Há pouco, correu mundo a notícia de que a única relíquia conhecida do Templo de Salomão na verdade é falsa. A peça (um pomo de marfim) tinha uma inscrição em hebraico arcaico: “Dom sagrado dos sacerdotes da casa de Deus”, o que fazia pensar que era um dos objetos de culto do primeiro templo, destruído no ano 586 a.C. segundo a Bíblia.

Em 1988, o Museu de Israel adquiriu a peça, de suposto valor inestimado, pela quantia de US$ 600 mil.

Em junho, a polícia israelense prendeu um comerciante de antiguidades acusado de forjar um relicário com inscrições que faziam referência a Jesus. Ele também teria produzido uma tábua de pedra, que dizia ser do século IX. A farsa foi descoberta pelo Departamento de Antiguidades de Israel.

Ficaram na história, porém, as duas colunas de bronze, que ladeariam a entrada do templo, sobre as quais se assentavam capitéis. E as demais particularidades do templo os reconhecem nas inúmeras lojas ou oficinas reproduzidas na atualidade em toda a face da terra, tendo por base as descrições de Flávio Josefo, importante historiador judeu do século I d.C. e medida constantes do tratado Middoth (de medidas) da Mishnáh, escrito por volta do século II. Nesses prédios modernos erguem-se templos à virtude e cavam-se masmorras ao vício – como nos velhos templos bíblicos, tudo depende da crença de cada um de nós.

Irmão Luiz Antonio Soares Hentz
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MEIA-NOITE EM PONTO

Nada vejo, apenas me abandono e deixo-me ser conduzido refazendo a viagem.

Pousei o malho, descansei o cinzel.
Sinto-me cansado, minhas mãos estão feridas cheias de calos, mesmo assim, não me animo a repousar.
Deixo-me ao sabor de meus pensamentos. Sinto-me de olhos vendados entrando pela primeira vez nesta oficina. Nada vejo, apenas me abandono e deixo-me ser conduzido refazendo a viagem.
Olho para a pedra bruta, que como primeira tarefa tinha que desbastar, tornando-a uniforme e polida. Por instantes, um desânimo incomum toma conta de mim. Já trabalhei nela por um longo tempo, não sei dizer quantos milhares de vezes bati com violência o malho contra o cinzel, sem contar as vezes que o malho em vez de acertar o cinzel, penalizou minha mão, razão dos ferimentos.

A pedra bruta continua disforme.
Por que?
Tenho me empenhado tanto. Minhas mãos estão feridas, e meu corpo clama por repouso.
Será que o malho é muito leve e a força de seu impacto contra o cinzel é insuficiente para tirar lascas da pedra bruta?
Será que o cinzel está pouco afiado, sua ponta arrendondada?
Não pode ser.
As ferramentas me foram distribuídas em perfeitas condições de uso, e são adequadas à realização da tarefa que me foi confiada.
Porque então não consigo progredir, dando forma à pedra bruta?
Sinto agora o prazer do silêncio. Já é madrugada. Meus irmãos todos adormeceram, vencidos pelo cansaço de mais uma jornada. Minhas mãos feridas chamam minha atenção, sem atividade começam a doer.
Novamente olho a pedra bruta, e para as ferramentas, procuro explicação lógica para o meu insucesso.
Não encontro.
Tudo está perfeito.
Tenho então a certeza de que o sucesso no desbaste da pedra bruta não está ligado simplesmente à qualidade das ferramentas e à força que emprego repetidas vezes.
Então, falta-me o quê?
Sim, porque se tenho a tarefa e as condições para executá-la, o sucesso depende apenas de mim.
Não pode ser, tenho me esforçado, trabalho incansavelmente, não me queixo, escondo as chagas de minhas mãos, não mostro o cansaço, procuro sempre servir a ser servido. Onde, então, estou errando?
Agora, começo a ouvir os sons da madrugada.
Volto-me cheio de dúvidas aos meus pensamentos.
O cansaço da jornada começa a vencer o meu corpo, mas a vontade de descobrir a razão de meu insucesso é maior, o que me faz sentir liberto da fadiga.
Olho novamente para a pedra bruta, minhas mãos deslizam por ela, fecho os olhos e investigo meu trabalho, nada vejo, apenas sinto. Aquela pedra não é mais meu objeto de trabalho, é parte de mim, estamos integrados. Formamos juntos um só corpo.
Surpreendo-me. Descubro a existência de um vértice. Fico animado.
Finalmente parece que meu trabalho não foi em vão, apenas não tinha conseguido perceber a olho nu aquele pequeno resultado, foi necessário descobri-lo, mesmo que de olhos cerrados.
Mantenho-me inerte, consigo sentir o prazer da conquista que meus olhos não conseguiram ver, mas que meu coração me fez sentir.
Sinto os primeiros raios de sol entrando pelas frestas do telhado da oficina, do lado oposto ao que me encontro.
Começo a entender que todo o esforço, as mãos feridas, de pouca valia foram, pois não tinha convocado meu coração para o trabalho de desbaste da pedra bruta.
Não preciso mais da força. As ferramentas devem ser guiadas pelo coração, pelo sentimento puro, pela busca incessante da perfeição.
Reconfortado, abro os olhos. Desta vez, encaro a pedra bruta, percebendo claramente que já não é tão disforme como antes, essa visão me compele. Tiro o malho do repouso, ao cinzel determino o fim do seu descanso, e com amor começo o desbaste.
Não sinto as mãos feridas. O esforço é contido. Vale mais a sintonia das batidas do malho, absorvidas pelo cinzel bem dirigido pela mão firme e decidida, em busca da perfeição.
O resultado é imediato, outro vértice toma forma.
Ouço agora o burburinho dos irmãos que se aproximam da porta de entrada da oficina.
É meio-dia em ponto.
Estou pronto para continuar meu trabalho.
As mãos não doem e o coração está exultante.
Minhas mãos dão movimento ao malho, meu coração guia o cinzel,meus olhos reproduzem o resultado para deleite de meu espírito.
Estou feliz e satisfeito, graças ao Grande Arquiteto do Universo que a todos guia e ilumina, e que foi meu companheiro nestes momentos de reflexão. Fez-me ver que todos somos capazes de realizar as tarefas mais difíceis, bastando tão-somente acreditar em si mesmo, sabendo valorizar o esforço, recompondo forças para continuar. Não esmorecendo nunca, jamais desviando de seus objetivos, ouvindo seu coração e ensinando seus olhos a ver o que precisa ser visto mantendo a inabalável certeza de que a obra realizada deve ser oferecida ao Grande Arquiteto do Universo que nos guiou e conduziu para a obtenção do resultado.
Nada se fez, ou será feito senão pela mão Dele.
Graças te dou, Grande Arquiteto do Universo, por me manteres na relação dos Teus protegidos, onde por certo também estão todos os irmãos desta e de todas as outras oficinas espalhadas pelo mundo que Tu criastes e que a Ti pertence, assim como todas as coisas.
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AS ENERGIAS DA LOJA MAÇÔNICA

Esta miniatura do Universo – o ser humano – chama-se Microcosmo

Existem bilhões de galáxias, cada uma das quais formada por bilhões de astros seguindo, sistematicamente, um curso lógico e harmônico, determinado por uma “Força” existente, muito complexa à inteligência humana.
Inserida, nesse contexto gigantesco, está, dentre as galáxias, a Via-Láctea, com cem milhões de estrelas, onde se situa nosso Sistema Solar, com vários planetas e satélites, inclusive a Terra. Denomina-se tudo isso Macrocosmo.
Respeitando-se as proporções, há outros universos, infinitamente menores, que se associam àquele, estando sujeitos à mesma Fonte de Energia, Leis e Harmonia, sob a maestria de um Grande Regente: as criaturas. Estas são constituídas por unidades de vidas: as células, que são de dimensões microscópicas, com exceção de algumas, visíveis a olho nu, como é o caso da gema do ovo.
Elas têm funções especiais no organismo, mantendo-o em plena harmonia, devido à energia existente em cada uma delas, que é originária do Todo Universal. Isto as torna diferentes nas suas formas, concedendo-lhes funções típicas no corpo, como se fossem trabalhadores em operações diferentes.
As do cérebro – os neurônios – possuem responsabilidades mais complexas, cabendo-lhes registrar, interpretar e arquivar dados sensoriais e mentais, captados pela percepção tridimensional e extra-sensorial dos indivíduos.
Essa miniatura do Universo – o ser humano – chama-se Microcosmo.
Cada célula é composta por bilhões de minúsculas partículas, chamada de átomos; nome este dado pelos gregos, na Antiguidade, que quer dizer “sem divisão”.
Modernamente, sabemos que eles possuem outras partículas, que os compõem; dentre elas, prótons e nêutrons, integrantes do núcleo do átomo, e os elétrons, formando a sua coroa.
Estes últimos giram numa velocidade incrível, produzindo energia, tanto no indivíduos como nos astros.
Portanto, pode-se concluir que Tudo tem a mesma origem e, por este motivo, a mesma Energia Universal.
O Macrocosmos sempre mantém sua harmonia e, assim é necessário, que o Microcosmos – o humano – também a mantenha, para que haja um equilíbrio de si próprio com o TODO; pois, ninguém é uma peça solta nessa engrenagem.
TUDO está ligado entre si, o TODO está no TUDO.
A afirmação ‘EU SOU’, encontrada nas Escrituras, refere-se ao Grande Arquiteto do Universo, que é a Energia Universal, a Grande Mente.
Quando dissermos: ‘EU SOU QUEM EU SOU’ (com letras maiúsculas), estaremos confirmando a presença da Centelha Divina – do Grande Arquiteto do Universo – de sua Energia no nosso coração.
Aquele que está em tudo: no alto, nas galáxias e, embaixo no Microcosmo, ou seja, nas criaturas.
Em verdade, como essa Energia Amorosa existe em toda a humanidade, depreende-se que todos os indivíduos constituem a Grande Fraternidade Universal, isto é, somos todos irmãos, independentemente de raça, idade e sexo.
“Ouvir” o Eu Interior é necessário para sintonizarmos a CONSCIÊNCIA DO UNIVERSO.
Sentir o Criador significa comunhão com a Poderosa Presença EU SOU, o TODO existente no TUDO.
Aceitando-se que somos integrados à Energia Universal, nosso pequeno mundo tem muitos mistérios, às vezes, não desvendados.
Não nos conhecemos suficientemente.
Por isso, temos de desbravar nosso interior e nos descobrir naquilo que parece não existir à mente inferior: o EU superior, que é além dela, mas que existe em todos os indivíduos.
É a convicção inabalável do EU SOU QUEM SOU.
Muitos compreendem seu ambiente, integram-se nele e relacionam-se bem com outros indivíduos, mas não são capazes de entender seus universos interiores.
Por esse motivo, Sócrates, 300 anos da era vulgar, propunha aos discípulos esta máxima: “conheça-te a ti mesmo!”
Jesus também disse: “O reino de Deus está dentro de vós”, “Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?”
Avicena, médico e filósofo árabe, escreveu esta frase sublime no ano 1000 da era vulgar: “Acreditas ser nada, e em ti está o Universo”.
Os egípcios sabiam da residência do Divino Poder em todo ser humano, mesmo na mais degradada das criaturas, que poderia ser beneficiada pela Luz Oculta, se assim o desejasse.
Em suas pirâmides, tumbas do Deus Íntimo que se acha dentro do Homem, condensavam a energia cósmica pra, através de rituais de renascimento, infundi-la nele, com o objetivo de despertar o Divino que no mesmo encontrava-se adormecido.
A Maçonaria possui finalidade idêntica: proporcionar ao neófito que avive o Potencial Divino que lateja em seu interior, concentrado e oculto pelos véus dos sentidos, pronto para ser pesquisado e desenvolvido, para que possa movimentar mais precisamente esse valioso e soberano engenho, que é sua própria existência.
É a ordem ritualística que ensina ao Homem a buscar por sua essência, procurando todo o conhecimento escondido em seu íntimo, a fim de que o utilize para o bem comum.
E esse aprendizado dá-se na Loja Maçônica.
Simbolizando o Macrocosmo, que é o Templo do Grande Arquiteto do Universo, e o Microcosmo, sua cópia fidelíssima , que é o Homem, reproduz em sua arquitetura a Lei da Correspondência de Hermes Trimegisto: “O que está em cima é tal como o que está embaixo, e o que está embaixo é igual ao que está em cima”.
Por essas características, proporciona ao neófito que contemple o seu interior para buscar e ver a Luz.
Como poderoso canal de fluência da Energia Divina, ativa-se pelos Rituais, visando distribuir essa irradiação espiritual através de um aprendizado construtivo, direcionado a estimular a atividade das forças de tal natureza que habitam no Homem, para que ele evolua.
São sete (sete) os centros de forças existentes no Homem, e denominados “chakras”, palavra de origem sânscrita que significa discos, rodas de fogo; base da coluna vertebral, baço ou esplênico, plexo solar ou umbigo, coração ou cardíaco, garganta ou laríngeo, espaço interciliar ou frontal, e coroa da cabeça ou coronário.
Os “chakras” são círculos de energia que giram incessantemente, estando próximos às regiões ganglionares e glandulares do corpo físico.
Localizam-se no corpo etérico ou da memória, que é uma forma de matéria sutil, envolvendo aquele.
A emanação de vida tem sete corpos, interessando-nos os quatro inferiores, que são: o físico, etérico, mental e emocional.
Podemos compará-los com uma flor(1º), que possui pétalas(2º), contornando a corola(3º), onde se formam as sementes(4º).
Assim acontece com a criatura humana: envolvendo o corpo físico, estão os outros três, que são faculdades superiores da Alma.
Pelos chakras penetra a Energia que o Grande Arquiteto do Universo derrama constantemente sobre todos, para fluir ao redor e ao longo da coluna.
Os chakras básico, esplênico e plexo solar servem basicamente para nutrir as necessidades do corpo material, enquanto a partir do cardíaco começa o trabalho pelo Amor Universal, o contato com o Cristo Pessoal e com o átamo permanente que acompanha cada Ser desde o início.
Os estímulo dos chakras é aplicado no momento em que o Venerável Mestre cria, recebe e constitui o candidato como Aprendiz Maçom ao esgrimir-lhe a sua espada, sendo o primeiro centro ativado àquele relacionado com o sinal do referido grau.
Cada lado do corpo humano expressa uma polaridade diferente, onde a Energia nele ingressa positiva pelo pé direito, e negativa pelo esquerdo, fluindo e se concentrando na potencialidade máxima dessa dupla força, para unir-se no chakra básico, quando passa a subir alinhada pelos demais.
No primeiro grau, Ela afeta o aspecto feminino da Força, denominado “ida”, situado do lado esquerdo do corpo humano, que força o neófito pode dominar suas paixões e emoções
No segundo grau, afeta o aspecto masculino, denominado de Pingala, situado do lado direito do corpo humano, para que seja estabelecido o domínio da mente.
Ida e Pingala atuam junto à parede curvada da coluna espiral, sendo respectivamente negativa e positiva.
No terceiro grau, desperta a Energia Central, denominada Sushumma, abrindo caminho para a influência superior do espírito.
Estes três aspectos da força estão representados no Caduceu de Mercúrio, com as duas serpentes que simbolizam o Kundalini, ou serpente ígnea, movendo-se ao longo do canal medular,enquanto as asas representam o poder, conferido pelo fogo, de elevação aos planos superiores.
Assim está em Loja é fazer com que o intelecto adentre no Santuário da Verdade, para que o Homem redescubra o EU SOU INTERNO.
O Grande Arquiteto do Universo é a própria raiz do mundo, que não foi criado do nada, mas Dele próprio.
Dele desprendem-se partículas a todos os seres e a todas as coisas da natureza, e a que se incorpora ao Homem é, como as demais, dotadas de certa vibração energética.
Sendo o Homem feito à imagem e semelhança de Deus (Gênesis, 1:26), cumpre-lhe aumentar a vibração energética que Dele recebeu, entre os pontos de partida e de regresso da mesma à Divina Fonte, porquanto, assim, fazendo-a retomar com maior voltagem que a que lhe foi dada, contribui para que o Grande Arquiteto do Universo seja Cada vez mais Deus, irradiando e expandindo cada vez mais a sua Luz para a evolução da Humanidade, comprovando que “o que está em cima é tal como o que está embaixo, e o que está embaixo é igual ao que está em cima”.
Muitos são os chamados, e poucos os escolhidos a participar dessa Construção: sejamos dedicados e humildes operários da mesma.
Irmão Constantino Peres Quireza Filho
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As Doze Virtudes Gemeas

O texto a seguir é um capítulo do livro INICIAÇÃO de ELIZABETH HAYCH (editora pensamento).

Neste livro, a grande mestra de Yoga conta sua vida e especialmente a memória que teve de uma vida no antigo Egito onde foi rainha e Sacerdotisa.

Neste capítulo, ela relembra um diálogo com o grande Sacerdote, seu mestre, Ptahhotep. Ele está dando a ela uma aula onde explica as virtudes essenciais que uma pessoa necessita desenvolver para atingir um maior contato com seu Eu superior e, consequentemente, com Deus.

Observe como você lidando com essas virtudes em sua vida, especialmente agora que será iniciado (a) no terceiro nível e passará a ter a possibilidade de ampliar ainda mais sua consciência.

AS DOZE VIRTUDES GÊMEAS

Na noite seguinte, estou outra vez diante de Ptahhotep.

Chegou a hora - disse ele - de você praticar as doze séries de virtudes gêmeas: esse será seu próximo exercício. Por ocasião da iniciação, será testada sobre elas. Portanto , ouça com atenção e lembre-se bem do que lhe disse agora:

“Assim como ‘Calar-se’ e ‘Falar’ são duas partes complementares da mesma força, também existem doze pares de virtudes que precisa aprender a dominar. A partir de agora, terá de passar todas as manhãs no templo; em seguida, ao voltar para o palácio, terá de aproveitar todas as oportunidades possíveis para estar no meio de pessoas, pois é muito mais fácil dominar essas qualidades no templo que no mundo. Aqui você encontrará vários neófitos parecidos com você, que também se esforçam por adquirir a unidade divina, bem como sacerdotes e sacerdotisas que já vivem nela. No mundo, entretanto, você estará sujeita a toda sorte e tentações. Lá encontrará muitos materialistas que tentarão influencia-la. O perigo de cair em tentação é muito maior. Quando puder ser senhora de todas as virtudes na agitação mundana, então também passará nas provas para a iniciação. As dose séries de virtudes gêmeas são:

1ª. Silenciar - Falar

2ª. Ser Suscetível - Ser Imparcial

3ª. Ser Obediente - Ter Domínio

4ª. Ser Humilde - Ser Autoconfiante

5ª. Ter Rapidez - Ter Prudência

6ª. Aceitar Tudo - Saber Diferenciar

7ª. Ter Cautela - Agir Com Coragem

8ª. Nada Possuir - Dispor De Tudo

9ª. Ser Desapegado - Ser Fiel

10ª. Exibir-se - Passar Desapercebido

11ª. Desprezar a Morte - Valorizar A Vida

12ª. Ser Indiferente - Saber Amar

A terra está passando por um longo período em que, aos poucos, pessoas materialistas e egoístas desejam assumir o poder. Mas você já sabe que no lugar em que revelam forças negativas também tem de estar presentes as forças positivas, embora não sejam evidentes. Durante este período de trevas na terra, os filhos de Deus, que manifestam as leis divinas do desapego, precisam abandonar gradualmente o âmbito terreno, voltando para o irrevelado. Mas continuarão a atuar no inconsciente do homens, visto que serão a inconsciência da humanidade e que na alma das pessoas amadurecidas se revelarão como uma ânsia pela liberdade e salvação.

“A ânsia pelo poder de alguns e a crescente insatisfação das massas de homens escravizados se confrontarão durante milênios em lutas cada vez mais amargas. Milênios de lutas constantes e de domínio da avidez, da vaidade, da inveja, do desejo de vingança, do ódio e de outras características animalescas deturpariam tudo o que ha de bom e de belo, se a providencia Divina não se preocupasse em salvar, por meio de uma comunidade de pessoas espiritualmente unidas – sob a liderança dos filhos de Deus atuando de uma outra dimensão espiritual – a duração e proliferação do conhecimento, antes que este caia no esquecimento. A TERRA – como qualquer outro planeta – está sob a direção de uma elevada força espiritual -, e esta por meio dos filhos de Deus revela-se de forma adequada aos homens. Essa força é revelada pela multidão de homens espiritualmente iniciados, que ao trilharem o caminho da evolução tornam-se semelhantes aos filhos de Deus. Todos trabalham em conjunto na grande obra : Arrancar e salvar a terra das trevas, do domínio das forças materiais e satânicas, do isolamento. Todo iniciado participa desse trabalho, e como você será iniciada, também participará”.

“Para tornar-se um colaborador útil da Grande Obra é preciso primeiro dominar toda a escala da série de virtudes gêmeas”.

Portanto, terá de ser aprovada no teste.

“Dominá-las significa usar as qualidades na época certa e no lugar apropriado. A mesma virtude que é Divina, se usada no local e na época corretos, torna-se satânica, se empregada no lugar e na época errados. Pois Deus somente cria o bem, a beleza e a verdade. Não existem qualidades más ou forças maléficas, o que ha são qualidades e forças mal empregadas”.

1ª. “O que significam o correto SILENCIAR E FALAR você mesma já sentiu. O silêncio é uma virtude Divina. Ela traz bênçãos se a usarmos quando e onde for preciso, quando e onde tivermos de nos calar. Mas se silenciarmos quando e onde deveríamos falar, por exemplo, no caso de podermos salvar alguém de um grande perigo com uma palavra, então o silêncio divino também se torna diabólico. Quando a palavra for dita na ocasião e no lugar errados, dessa capacidade divina de fala surge uma tagarelice satânica”.

2ª. “Uma das metades da próxima virtude gêmea, a SUSCETIBILIDADE, é divina quando nos tornamos abertos a tudo o que for elevados, portanto, à beleza, à bondade e à verdade, quando deixarmos Deus atuar sobre nós e nós o recebemos. Mas torna-se fatídica e diabólica se transformarem influenciabilidade e falta de caráter.

Sua outra metade a IMPARCIALIDADE, significa a capacidade de resistir a todas as influencias inferiores e exercer a inabalável resistência contra elas. Mas se também resistirmos às forças mais elevadas, da imparcialidade divina, surge o ( isolamento) infernal.”

3ª. “Absoluta OBEDIÊNCIA à vontade divina é a missão de todo ser que colabora na grande Obra. A vontade de Deus pode revelar-se por meio de você mesma e de outras pessoas. Reconhecerá a vontade divina quando verificar se tudo o que lhe pedem está de acordo com suas convicções intimas. Deus nos fala através de nossa convicções mais íntimas, então temos de obedecer. Obedecer a alguém contra nossas próprias convicções apenas por medo, covardia ou eventualmente por desejo de sermos bonzinhos, ou até por interesses financeiros, portanto, devido a razões pessoais, inferiores, significa subserviência, e esta também é demoníaca.

DOMÍNIO: pessoas fracas e ignorantes não devem depender da própria força de vontade. Reunindo todas as forças do povo, o amor universal deve levar ao bem estar geral sem ferir o livre arbítrio humano. quem pretende dobrar a vontade alheia somente por motivos egoístas e quem fere o direito que os outros tem de exercer a própria transforma a virtude divina do domínio numa satânica tirania.

4ª. “HUMILDADE é a virtude que devemos obter do nosso eu superior que nos anima. Nesse caso, devemos Ter consciência de que todas as qualidades boas e verdadeiras LHE pertencem, que nosso ser é mero instrumento de revelação, um aparelho destinado a projetar a divindade, mas que em si mesmo não passa de uma concha vazia. Você terá de reconhecer em si mesma a divindade que se abre a tudo - o ser eterno - , entregando-se humildemente a ELE. Porém nunca se dobre às forças terrenas ou do submundo, e nunca se ajoelhe diante de formas terrenas. Nesse caso, da humildade divina se desenvolveria um humilhação covarde, malévola; com isso você ofenderia o seu eu vivificado por DEUS.

Se quiser ser uma boa servidora no plano divino de salvação da terra, nunca se esqueça de que não vive nem trabalha por força própria. Toda força provem de Deus, e todas as forças que você manifesta fluem de seu superior –Deus. Tenha consciência disso: sua pessoa nada mais é do que uma aparência. Seu verdadeiro ser, a única realidade eterna em você, é Deus! AUTOCONFIANÇA portanto, significa Ter confiança em seu Deus interior, e não no seu ser aparente, em sua pessoa. Autoconfiança divina é impreterível para cada atividade criativa e significa uma ligação íntima com Deus. Mas quando uma pessoa imagina que suas qualidades e forças lhe pertencem e não a Deus, a autoconfiança divina transforma-se nua arrogância demoníaca.

5ª. “Como colaboradora na Grande Obra você também terá de saber decidir-se com a RAPIDEZ de um relâmpago. Precisa aprender a escolher a melhor das possibilidades, sem hesitações, no momento oportuno. Podem surgir situações em que um instante de atraso na decisão signifique a perda de uma oportunidade única. Se você se concentrar profundamente no intuito de aproveitar a presença de espirito em qualquer ocasião, agindo no momento certo, estará revelando a vontade divina. Mas se agir dessa forma sem a necessária presença de espirito e sem se concentrar, essa rapidez se transformará em pressa excessiva, que é diabólica”.

Portanto, terá de aprender a se adaptar à PRUDÊNCIA divina.

Antes de agir, terá de refrear seu temperamento e deixar que a decisão amadureça em você, com toda a paciência. Muitas vezes terá de se dar um pouco para reconhecer a vontade divina, até descobrir qual é a decisão correta. Isso significa trabalhar com prudência. Mas se prolongarmos interminavelmente essa decisão, de prudência divina surgirá uma diabólica indecisão”.

6ª. “Como colaboradora útil da Grande Obra, Terá que aprender tudo que o destino lhe trouxer. Não são as circunstâncias exteriores que lhe dão valor, apenas o grau em que revelar Deus. Seus valores interiores não podem diminuir ou eliminar humilhações ou aborrecimentos terrenos. Mas enaltecimentos e cantos de louvor também não podem aumenta-los. Portanto, o modo como as pessoas ignorantes a tratarem não deve atingi-la. Você será o que é, quer a humilhem quer a enalteçam. Aprenda a ficar satisfeita com todos acontecimentos e a ACEITÁ-LOS sem abalar-se. Se o seu trabalho na Grande Obra exigir que você viva na maior pobreza ou então no mais elevado posto dispondo de grande riqueza terá de encarar uma ou outra situação como um meio para um grande objetivo. Nenhuma situação deverá mudar a sua disposição. Utilizada assim a aceitação de tudo se torna divina. No entanto sempre terá que ousar, mesmo que nada toque seu íntimo, deverá defender-se quando estiver representando a liderança mais elevada contra a ofensa e humilhação, e terá de saber também quando retrair-se com simplicidade fugindo dos louvores alheios. A aceitação de tudo nunca deve transformar-se em desinteresse apático ou em covarde falta de caráter”.

“Escolha sempre o que for melhor e não se contente com o que vale menos. Terá de saber diferenciar o bonito do feio, o bem do mal, o verdadeiro do falso, o divino do satânico. Sem a perfeita capacidade de DIFERENCIAÇÃO somos inúteis na Grande Obra”.

“Por outro lado, se desejar ser útil, também terá que saber lutar com todas as forças. Com a Espada da verdade lutará contra a sombra do erro, para que a divindade vença sobre a terra. No entanto de sua nobre e corajosa disposição para a luta, nunca deve haver o irracional desejo de vingança”.

“Seja qual for a intensidade da luta e sua freqüência nunca poderá se esquecer de que terá que lutar com armas espirituais a fim de trazer paz a terra. Deve lutar para transformar o que está rompido numa unidade e apaziguar os lutadores. O seu amor pela paz porém não deve torná-la uma covarde ou um confortável desejo de não lutar.

7ª. “Se quiser ser uma colaboradora útil no plano da salvação precisará a TER CAUTELA, e, ao mesmo tempo saber distinguir em que momento e lugar usar esta virtude divina. Por meio de cautela poderá salvar-se e a muitos outros do perigo e dos danos. Porém não Ter coragem de fazer alguma coisa por medo e falta de confiança torna a virtude divina da cautela uma covardia satânica”.

“Deve possuir CORAGEM inabalável. Não poderá temer nenhum perigo. Terá de enfrentar corajosamente todas as dificuldades e combater cada ataque contra o divino como um homem forte, desde que o grande objetivo lhe exija isto. Mas a coragem divina nunca deve transformar-se em atrevimento temerário.

8ª. “Como colaboradora na Grande Obra você precisa se acostumar a NÃO POSSUIR nada. Se sua tarefa exigir que seja totalmente pobre ou se a colocar em posição de grande riqueza, tenha consciência de nunca e em lugar algum algo lhe pertencerá, pois tudo pertence a DEUS, o que você recebe corresponde ao que terá de usar no cumprimento da sua tarefa.

Da mesma forma que é indiferente a um canal de água, se a água que corre por ele lhe pertence ou não, você terá que observar tudo o que o destino lhe reservar como algo que provém de Deus e que terá de transmitir aos outros. Você recebe exatamente tanto quanto precisa. E mesmo que fosse muitíssimo rica, precisaria respeitar sua posição de não possuidora como condicionamento da consciência. Nunca porém essa posição positiva divina deve transformar-se desprendimento de tudo, nem caracterizar-se em desprezo da matéria. Você não deve esperar que os seus semelhantes a sustentem sem que você nuca trabalhe.

A matéria é uma revelação de Deus; portanto você também deve valorizá-la como divina, mas dominando-a e DISPONDO dela. Terá de possuir a arte de sempre juntar tantos bens materiais quantos precisar para o cumprimento de sua tarefa terrena... Fique bem consciente do seguinte: enquanto habitar no âmbito terrestre, terá de agir com ele, não sem ou contra ele. É necessário que consiga juntar matéria, usá-la e dominá-la de forma correta, caso contrário será presa fácil para as forças materiais e não poderá cumprir livre e independentemente sua missão terrena. Entretanto, fique atenta para que o Dom divino de poder dominar a matéria não se transforme numa satânica e egoísta cupidez.

9ª. “Como colaboradora na Grande Obra NÃO PODERÁ APEGAR-SE a nenhum ser humano. Reconheça em todos o que neles existe de divino, mas também o que é infernal e terreno. Não ame a pessoa mas ame nela o que é divino , suporte o mundano e evite o infernal . Se sua tarefa o exigir, é preciso abandonar sem hesitação o ser amado, pois sempre deverá ter em mente que o que nele é digno de amor é a centelha divina e não a pessoa. Esta é o mero instrumento da revelação de Deus. Portanto, também poderá amar esta revelação em outras pessoas. Nosso Senhor está em cada ser humano, portanto não deve ligar-se a nenhum. Mas este desapego não deve transformar-se em falta de carinho pelos semelhantes”.

“Contudo, pessoas em que você reconhecer a revelação de Deus devem merecer sua FIDELIDADE, na vida e na morte. Você ama o seu mestre e os seus colaboradores na Grande Obra, pois neles reconhece Deus. Você é fiel ao Deus que mora neles, pois ama as suas pessoas unicamente como instrumentos de Deus. Assim, essa veneração e fidelidade para com seu mestre e companheiros de trabalho nunca se tornará uma adoração, um culto pessoal”.

10ª. “Se quiser ser um instrumento útil na Grande Obra, Terá de deter a arte de usar a sua pessoa como instrumento obediente também na vida social. Terá de EXIBIR as suas aptidões e talentos diante de multidões de pessoas vivificando-as através das suas forças espirituais. deve elevá-los a ponto de brilharem, de modo que o seu espirito seja revelado por sua pessoa – através da postura do corpo, do movimento de suas mãos, da irradiação de seus olhos, do seu olhar e da sua oratória – no maior grau possível. Assim terá os homens sobre sua influencia, aos quais elevará até uma etapa superior,. Portanto, deverá poder exibir o seu espirito através da sua personalidade em público, sem vergonha e sem inibições. Mas a arte de exibir não deverá despertar vaidade e nem auto satisfação, transformando as suas aptidões divinas num exibicionismo que pertence ao diabo. Se as turbas lhe prestarem homenagens e a aplaudirem, não pode cessar de Ter consciência do fato de que os homens não estão encantados com você, que não passa de uma concha vazia; eles estão encantados com Deus, que se manifestou através da concha terrena”.

“ Se você não se entregar ao diabo da vaidade durante o processo de se exibir, o fato de PASSAR DESPERCEBIDA quando estiver cumprindo outras tarefas entre os homens não a incomodará nem um pouco. Nesse caso, não deverá mostrar suas aptidões, mas viver entre os homens como qualquer um deles, sem chamar a atenção e sem querer sobressair, preferindo desaparecer sem que a notem. Mas essa atitude humilde não deve causar um complexo de inferioridade e nem um processo de autodestruição. Terá sempre de trazer a dignidade humana no coração”.

11ª. “Se quiser ser uma colaboradora útil na Grande Obra, terá de passar na prova do perfeito DESPREZO PELA MORTE. Deverá possuir a inabalável convicção de que na verdade não existe morte. quando o seu corpo estiver gasto, o seu eu se livrará dele. O eu é apenas um galho na árvore da vida, a própria vida é a vida eterna. Se se tornar idêntica à vida na sua consciência, não terá medo da morte, e caso a sua tarefa a fizer correr risco de vida, você o enfrentará com inabalável desprezo pela morte. Não se permita, no entanto, que o desprezo pela morte se transforme em desvalorização da vida, portanto, em desprezo pela vida”.

“Você precisa VALORIZAR A VIDA acima de todas as coisas. A vida é o próprio Deus. Em tudo o que vive, revela-se o ser eterno. Nunca deverá colocar irracionalmente a vida em perigo. Preze também a vida em seu corpo, viva com alegria. Porém, nunca a alegria pela vida deverá tornar-se o próprio motivo para dar vazão às paixões desenfreadas.

12ª. “Por último, terá de passar pela mais difícil das provas: a do amor, e a do terrível amor que é a INDIFERENÇA. Esse último par de virtudes já forma aqui mesmo na Terra uma unidade indivisível. Sempre que se revela uma metade, a outra se mostra involuntariamente.

“Terá de renunciar ao seu desejo pessoal, às suas tendências e sentimentos; terá de SABER AMAR como Deus ama, amar tudo, sem fazer diferenças! Amar tudo na unidade ligada ao ser eterno. Assim como o sol banha com seus raios o belo e o feio, o bom e o mau, o verdadeiro e o falso com perfeita indiferença. O mais elevado amor divino consiste no mais perfeito amor indiferente! Para você deve ser completamente indiferente se algo ou alguém é belo ou feio, bom ou mal, verdadeiro ou falso; terá de manifestar o mesmo amor por ele. Deverá aprender que o belo não existiria se não existisse o feio. Terá de compreender que o bem não existiria sem o mal, nem o verdadeiro sem o falso. E assim terá de amar tudo igualmente. Deverá reconhecer que a beleza e a feiúra, a bondade e a maldade, a verdade e a mentira somente são reflexos complementares do indizível a que, numa palavra, denominamos Deus.

“Se um perfeito amor indiferente, igual, se irradiar de você para todos os seres vivos, nesse amor não se intrometerão mais as tendências pessoais. Você observará tudo do ponto de vista de todo, e quando o ponto de vista geral se opuser ao ponto de vista da pessoa isolada, você representará sem hesitar o ponto de vista do todo e desconsidera os interesses de uma única pessoa. Essa indiferença sempre terá de estar de arraigada no amor universal divino e não deverá provir da antipatia pessoal.

“Mas terá de revelar aos semelhantes esse seu amor tornando impessoal, horrivelmente indiferente, apenas no caso de Ter de salvar a alma pelo preço do bem-estar terreno, e só quando eles estiverem próximos de você. Também poderá ser necessário ver com toda a indiferença, os seus entes queridos correrem o maior perigo, sem conseguir detê-los caso não reajam aos meios usuais, nem com violência espiritual, hipnose ou meios mágicos, mesmo que a salvação de sua alma peça isso. É preferível deixar um ser humano aniquilar-se material ou fisicamente, até mesmo morrer, do que deixá-lo perder a alma. Você deverá apoiar imprescindivelmente a salvação de sua alma. Assim como Deus não se intromete nos assuntos dos homens, deixando-lhes o livre-arbítrio, você também deve deixá-los fazer o que quiserem e não obrigá-los a fazer nada com violência. Sua disposição de ajudar deve se relacionar ao ponto de vista da saúde anímica, sem visar o bem-estar terreno ou corpóreo. Nunca porém esse divino e terrível amor imparcial deve degenerar em falta de carinho, e você nunca poderá recusar-se a prestar ajuda por antipatia pessoal, se puder salvar alguém com meios terrenos.

“Essas são as provas mais difíceis, pois terá de abrir mão de seus sentimentos pessoais e desligar-se deles. Só quando dominar por completo todos esses pares de virtudes, poderá ouvir a voz de Deus com suficiente clareza, a ponto de sentir seguramente o que poderá fazer ou não por puro amor, mesmo nos casos mais difíceis!

“Mas então não correrá mais o risco de errar, pois você será o próprio amor! E o amor só pode fazer tudo por amor. Nada mais terá a fazer do que irradiar o seu eu, sendo o que é, e todo o universo poderá criar a partir do seu calor, da sua luz e da sua força. Aí você terá se tornado divina, com a consciência idêntica a Deus. Você passou do mundo da árvore do conhecimento do bem e do mal, portanto do reino da árvore da morte, em que tudo aparece como separação e divisão, para o reino da árvore da vida, o reino da unidade divina. Você tornou a comer dos frutos da árvore da vida e os deu também para os seus descendentes comerem, a fim de que todos voltassem à unidade da vida eterna, imortal ao ser eterno... Deus.”

Ó representante de Deus! Nunca esquecerei as suas palavras. Elas calaram tão profundamente na minha alma que me tornei idêntica ao seu sentido. Elas se impregnaram no meu sangue, nos meus ossos; depois de ouvir esses ensinamentos, nunca mais fui a mesma pessoa.

Minha tarefa, entretanto, é concretizar tudo isso.
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