sábado, 24 de julho de 2010

O PAGAMENTO E O AUMENTO DE SALÁRIO

Na Maçonaria operativa, os obreiros recebiam o seu pagamento em quantidades de sal, azeite, trigo, etc.
Na Maçonaria especulativa, os obreiros também recebem o seu pagamento e têm direito a aumento de salário. O ensinamento é ministrado através de símbolos e alegorias, apesar de o pagamento ser simbólico, ele deve ser efetuado em todas as reuniões para que os obreiros fiquem contentes e satisfeitos.
O pagamento dos obreiros são as instruções ministradas no dia a dia das lojas maçônicas. Quanto mais ensinamentos, maior o pagamento efetuado aos obreiros, e maior a satisfação.
Estamos sempre buscando o aperfeiçoamento moral e espiritual. É na prática das virtudes que se dá o aprimoramento de nosso ser. O trabalho do maçom é o trabalho solitário e pertinaz, da construção do templo interior, não se faz um aperfeiçoamento sem conhecimento e sem prática, cada um deve ser o próprio arquiteto construtor deste edifício.
A pedra bruta deve ser polida e transformada em pedra cúbica para ser utilizada na construção do novo ser. A argamassa que irá ligar as pedras é o cimento místico, que é constituído da soma de virtudes.
O maçom deve procurar conhecer todo o simbolismo que o cerca, de acordo com suas interpretações e procurando assimilar o que lhe é passado por outros irmãos. O trabalho coletivo bem executado é que forma a egrégora da loja.
É importante que ao iniciarmos uma reunião maçônica, que nós estejamos preparados espiritualmente, para os trabalhos que iremos participar, loja é uma oficina de trabalho e não podemos estar preocupados com os problemas e atribulações do nosso cotidiano.
Quanto mais trabalhamos, mais teremos direito a receber o pagamento, e maior será o benefício que obteremos através da soma de conhecimento que esteja disponibilizado pelos demais irmãos em loja.
Quando entendemos e praticamos os belos ensinamentos morais e espirituais que nos são passados através de símbolos, de lições e exemplos, aí sim, estaremos aptos solicitar um aumento de salário. O aumento de salário é simbólico, mas o seu significado para cada obreiro é de um valor inestimável, pois, quando tudo está justo e perfeito poderemos receber uma melhor remuneração pelo trabalho executado. Com o aumento de salário, podemos auferir de novos benefícios, poderemos evoluir e crescer na busca da perfeição, quando poderemos, então, ter o conhecimento alquímico e saber sobre o manejo da pedra de toque, a pedra filosofal, transformando os metais inferiores (vícios, defeitos, etc), em ouro (aprimoramento moral e espiritual). Só com conhecimento se consegue transformar o que é simbólico em realidade.
Passaremos a entender o verdadeiro sentido simbólico do tronco de beneficência na frase: quem tem põe, quem não tem tira. Quem tem muito a dar de ensinamento, doa para a loja e deixa o saber à disposição dos demais irmãos, aqueles que não o têm, se quiserem podem colher estes ensinamentos, estes estão disponíveis, mas é preciso querer.
Temos necessidade e obrigação de buscar constantemente o aperfeiçoamento de nosso ser, com a nossa transformação interna, influenciamos aos que estão ao nosso redor. Mas, temos que ter consciência que devemos começar esta mudança primeiramente a partir de nossa transformação pessoal.
Cada um recebe o seu pagamento, de acordo com o trabalho apresentado, mas o aumento de salário deve ser obtido apenas por aqueles que tenham merecimento.

PEDRO NEVES .’. M .’. I .’. 33
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A PARTIR DA PEDRA BRUTA A OBRA PRIMA

“Na fase da conclusão de seu trabalho, para merecer aumento de salário, o aprendiz conhece boa parte do programação, no momento posterior ao estudo e a racionalidade, está pronto para entrar no próprio íntimo e obedecer plenamente ao imperativo “CONHECE-TE A TI MESMO”.

Livre interpretação da obra do pintor Di Prinzio, por Pedro Neves.

O Sol, corpo celeste mais rico em simbolismo; representa o espírito, princípio da vida e de todas as coisas, símbolo da divindade por excelência. Emblema da geração, conservação e sustentação da vida, força positiva, agressiva e dominadora. É o princípio vital. Representado por um círculo (símbolo do espaço e do tempo infinitos) com um ponto no meio (símbolo do espírito). O seu anjo é Zaraquiel.
A Lua, a “Deusa da noite”, mãe universal, princípio feminino, representa a alma e a matéria. Força de caráter magnético. Símbolo da imaginação. Representada por um crescente em forma de copa, simbolizando o lado receptivo da natureza humana. O seu anjo é anjo Tsafiel.
Vênus para os gregos e romanos representa a figura da sua Deusa do amor e beleza, Afrodite. Amor espiritual e atração sexual. Natureza feminina. A sua cruz na parte inferior do círculo, significa o espírito tentando se libertar da matéria. O seu anjo é Hamaliel.
Júpiter o maior dos planetas, simboliza o pai, o patriarca, o rei, grandeza de espírito, sabedoria e generosidade. Representado por uma meia-lua crescente (consciência da alma) unida a uma cruz (matéria), natureza masculina, positiva. Seu anjo é Gabriel.
Mercúrio “O mensageiro dos deuses”, representado por um círculo com a meia lua em cima e a cruz embaixo, são a força ativa do eu, a consciência da humanidade, o intelecto, natureza andrógina. O seu anjo é Rafael.
Saturno simboliza o tempo, o terrível apetite para a vida, devora todas as suas criações, poderoso e malévolo, devido à natureza sutil e imperceptível com que mina a vitalidade do organismo físico. Natureza lenta, paciente, furtiva e velada. Representado pela cruz surgindo da meia-lua crescente, significa a manifestação da consciência. Positivo e masculino. Seu anjo é Micael.
Marte símbolo da força viril, da atividade e capacidade criadora, “Deus da guerra”, destrói rápido como um raio. Representado por um círculo com uma flecha na parte superior direita, significando a força criadora do espírito. Seu anjo é Ouriel.
O Diamante representa o “centro Místico irradiante”, conectado ao sol, é a luz, atributo das divindades, simbolizando o poder divino. O diamante é a obra prima que se obtém da pedra bruta, sobre ele simbolizando o adepto que alcançou o conhecimento está o homem, Acima dele a representação do infinito. Em torno do diamante a corda simbolizando que tudo é possível através da união de todos.
A pedra cúbica tem em suas faces os instrumentos que foram usados no desbastamento da pedra bruta. O esquadro, representa a perfeição. O compasso, a medida justa. O malho é a força criadora. O cinzel o juízo que direciona a força. A trolha símbolo do trabalho.
Tudo está justo e perfeito entre as colunas, que simbolizam a vida e morte, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino.
Na penumbra, diversos vultos, parecem admirar a obra prima, eles ainda não atingiram a luz. Estão até mesmo fora do pavimento de mosaicos, símbolo da dualidade, amor e ódio, belo e feio, o bem e o mal, a vida e morte.
O trilhar do adepto sobre o pavimento de mosaicos é difícil, ele deve caminhar sempre entre o preto e o branco, é uma linha muito fina para se atingir a perfeição.

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PEDRO NEVES .’. M .’. I .’. 33
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A Viagem - reflexão

Acompanhe-me numa singular viagem.

Para isto é necessário que você aceite alguns postulados e a pouca consistência do que mostrarei, considerando que, em essência, tudo não passa de simples fantasia, mas os conceitos são os mais modernos de que a ciência dispõe. Façamos à semelhança de nossas lendas na Maçonaria, que mesmo em sendo ficções, pretendem transmitir profundos conhecimentos filosóficos, dependendo apenas do grau de interesse e desenvolvimento de cada indivíduo e da perseverança em alcançar o conhecimento que leva a educação natural.

Tenha certeza que a pretensão é flutuar por caminhos fascinantes que poderão revelar entendimento de verdades complexas e difíceis de explicar de outra forma.

Preparando o Ambiente da Viagem

Façamos de conta que estamos parados no centro de uma loja aberta ritualisticamente. Aparelhada com todos os instrumentos de trabalho do maçom, bem como sua matéria prima: a pedra bruta.

Esotericamente falando, o teto não existe, então, vamos tirar de vez esta cobertura do lugar de onde está e empurrá-la para bem longe, tão longe que desapareça. Descortina-se sobre nós o espaço infindo e ao longe brilha o sol.

Empurremos também as paredes de nosso templo para bem longe. Estamos no centro do espaço infindo que só não é totalmente negro porque a luz do luzeiro o ilumina.

Eliminemos igualmente o piso de nosso templo, afastando-o mais devagar para que nossa mente se acostume lentamente com o flutuar no espaço. Como não temos mais referenciais, não sabemos ao certo se é o piso da loja e a Terra que estão se afastando, ou se somos nós que estamos levitando, viajando espaço afora.

Se pensar que paramos aí, enganou-se, agora possuímos poderes sobrenaturais que nos permitem parar o tempo, o que fazemos.

Este é nosso novo Universo: nada ao nosso redor, o tempo parado e apenas o Sol a nos iluminar. Neste ambiente especial construído por nossa imaginação, apenas nós nos movemos. Estamos sem ponto de referência a não ser o sol. Longe de tudo. Não existe ruído ou necessidade de ar. Somos poderosos.

Olhamos ao redor e observamos a imensidão. Como é diminuta a nossa estatura em relação a este Universo ilimitado e sem horizonte.

Com nossa nova capacidade de imaginação deixamos nosso corpo material e flutuamos para fora de nossa prisão. Olhamos para as pedras brutas que somos pelo seu lado externo de formas como nunca nos foram dadas observar. Observamos como é nosso túmulo material. Como já aprendemos, o que este corpo tem por fora é mero invólucro de nossa manifestação material no Universo tridimensional, o importante desta massa é seu conteúdo interno, algo que aos olhos materiais é impossível identificar.

Foi devido a esta limitação que saímos de nossos túmulos materiais e estamos aqui fora olhando para eles.

Aqui somos finitos e infinitos. Nesta existência artificial não rege tempo ou matéria, não existe início ou fim. Todas as coisas materiais que possuímos em nossa efêmera vida material são nada se comparados com a imensidão que ora contemplamos ao lado de fora de nossos cárceres que nos servem apenas como instrumentos de nossas experiências sensoriais.

Locke defendeu que as idéias são formadas a partir de experiências sensoriais exteriores e que a reflexão interior colocava em seu devido lugar. Combateu o Inatismo, filosofia que parte do pressuposto do homem possuir idéia inata do Grande Arquiteto do Universo; que esta idéia já nasce com a pessoa. Vamos comprovar esta assertiva ao sairmos do nosso corpo apenas por força de nosso pensamento e levarmos junto conosco apenas nossas capacidades de ver e pensar.

Na Maçonaria nos é ensinado que nascemos livres porque nascemos racionais e os seres humanos são, por isto, considerados iguais, independente de governos e outros homens. Usamos desta experimentação sensorial não apenas através de nossos dispositivos de percepção da realidade, criamos uma nova percepção, pela fantasia, e por um exercício do pensamento estamos passeando fora de nossos corpos físicos pelo espaço infindo.

Parece insanidade, mas é divertido. E como diz Domenico de Masi: não sei se estou trabalhando, aprendendo ou me divertindo.

Os trabalhos do Rito Escocês Antigo e Aceito querem demonstrar ser o homem infinito e que suas posses são finitas. Locke concebe o infinito como resultante da unidade homogênea de espaço, número e duração, e o que diferencia uma da outra é que o infinito apenas não tem limite. Deduzimos que o homem material é finito enquanto presa da materialidade e torna-se infinito quando desperta para a liberdade da razão apoiada pelo conhecimento.

É isto a que este passeio conduz.

Início do Passeio

Percebe quão devagar estão nossos passos neste passeio? Não há necessidade de correr. Nossas experiências mais eficientes não ocorrem sempre aos saltos, mas em pequenos avanços de uma dimensão para a outra de um conhecimento alicerçando o próximo, ciclos eternos de tese, antítese e síntese. Assim se faz na Maçonaria. O salto é dado pela mente e não pelo corpo material. É disto que devemos nos libertar para penetrar nos segredos de nós mesmos. Apenas em condições especiais obtemos a verdadeira luz para investigar a verdade oculta em nós mesmos. Nossa fantasia cria o ambiente, nossa racionalidade preenche os vazios.

Se olharmos todo o trajeto que nos trouxe até aqui é realmente um salto imenso para a nossa pequenez de criatura vivente do espaço tridimensional. Aqui só existe a noção de espaço porque trouxemos junto conosco as carcaças que nos contêm. Qualquer forma que adotarmos, seja ela material ou assim como nos imaginamos agora, não passamos todos de simples viajantes espaciais, é o que todos somos; astronautas deslocando-se permanentemente pelo espaço sideral numa velocidade estonteante a um destino desconhecido.

Vamos diminuir de tamanho, aliás, nós não temos dimensão, podemos ser imensamente grandes ou infinitamente pequenos, basta querer. Nossa mente vai fazer com que diminuamos de tamanho lentamente, porque ainda faz pouco tempo que abandonamos nossa clausura física e adentramos nesta nova condição de existência.

Vamos encolher até que possamos entrar pelo ouvido do meu corpo material aí em frente e que conheço bem, haja vista que já fiz alguns passeios dentro dele ultimamente. Vamos diminuir de tamanho até que possamos divisar as moléculas desta carcaça.

Percebeis como meu corpo está desaparecendo?

O corpo está se dissolvendo lentamente.

Porque será?

Um Universo Interior

Boyle foi o primeiro que não aceitou mais as teorias de Aristóteles dos quatro elementos: água, terra, ar e fogo e formulou as bases e conceitos dos elementos químicos.

A diversidade de moléculas com que um corpo físico é composto é enorme, então escolhamos a primeira molécula que encontrarmos e vamos continuar a diminuir de tamanho para podermos abordar um dos átomos.

Sabia que não foi Boyle quem criou a idéia de átomo? Isto já foi cogitado na antiga Grécia, por Demócrito; é dele a idéia que os materiais são formados por partículas minúsculas. Hoje dispomos deste conhecimento porque estamos apoiados nos ombros de gigantes do passado.

Pode-se dizer que o átomo é formado por duas regiões que ocupam o espaço: o núcleo, que é seu centro compacto e pesado, e uma coroa ou eletrosfera. No núcleo estão os nêutrons e prótons e na eletrosfera movem-se os elétrons em diversas órbitas.

Rutherford sugeriu que o tamanho do átomo seria algo em torno 0,000.000.01 centímetro. Para imaginarmos melhor o significado desta dimensão consideremos o homem do tamanho de um átomo e toda a população da Terra caberia na cabeça de um alfinete e ainda sobraria muito espaço.

E nós estamos do tamanho de um átomo agora.

Só que não vemos nada.

Por quê? Se moléculas das mais diversas compõem um corpo físico, elas deveriam estar em todo lugar, trilhões delas deveriam estar presentes aqui, e deveriam obliterar a luz do sol.

Onde estarão?

A eletrosfera de um átomo é cerca de 10.000 a 100.000 vezes maior que o núcleo. Então, porque não estamos vendo nada?

Vamos diminuir mais umas 100.000 vezes o nosso tamanho. Ainda não vemos nada. O corpo pelo qual estamos viajando simplesmente sumiu. O que existe ao nosso redor é apenas espaço vazio. Só a luz do sol chega até nós.

Continuemos a procurar até encontrar um núcleo de átomo, formado de prótons, nêutrons e outras partículas insignificantes, e assim como nós, desloca-se solitário nesta imensidão do espaço. É do tamanho de uma laranja, e cabe em nossa mão.

Onde estará o elétron que faz par com este núcleo?

Sabemos que a massa do elétron tem em torno de 1.840 vezes menos massa que o núcleo. Muito pequenos para serem vistos, mesmo com estes olhos que temos agora. Temos que diminuir ainda mais de tamanho para divisar corpúsculo tão diminuto, será por isto que não vemos o elétron?

Não! Ele não é visto porque nós paramos o tempo, lembra?

Somos criaturas muito poderosas em nosso mundo de fantasia.

O elétron deste átomo está parado em algum lugar que pode estar em termos proporcionais a nossa atual estatura a alguns quilômetros daqui, ou até bem perto como alguns centímetros. Não o vemos apenas devido suas dimensões relativas diminutas.

Estou cansado. Vamos diminuir mais nossa estatura, até ficarmos tão pequenos que possamos sentar confortavelmente sobre o núcleo deste átomo.

Ainda não vemos o elétron, e teríamos que encolher ainda cerca de quase umas 2.000 vezes a nossa atual estatura, e ainda assim seria muito difícil encontrá-lo.

Vamos restaurar o fluxo do tempo.

Não se assuste com a escuridão!

Consegue imaginar o que aconteceu?

Porque esta escuridão súbita?

São os elétrons! Eles nos deixaram cegos! Esconderam o Sol.

O Mundo Material

Os elétrons em movimento impedem a luz de chegar até nós. Isto porque a velocidade com que o elétron gira em torno do núcleo é tão alta que mesmo com sua minúscula massa impede a passagem da luz.

Sua velocidade é tal que pode ser comparada à própria velocidade da luz.

A velocidade dos elétrons é de tal magnitude que num determinado instante cada um deles pode estar ocupando qualquer espaço ao redor do núcleo. Ele tem apenas uma probabilidade de estar fisicamente num determinado lugar, num determinado instante. As fórmulas matemáticas da mecânica da física quântica não oferecem valores determinados, apenas probabilidades.

Compare com as hélices de um avião; as pás parecem estar em todo o entorno de seu eixo ao mesmo tempo, podemos olhar através delas porque sua velocidade é inferior a da luz. Mesmo assim, as pás parecem estar em todo lugar ao mesmo tempo. Com o elétron é parecido, mas em escala de velocidades imensamente superior.

É assim que se forma a matéria sólida de que são formados nossos corpos, o mausoléu de nossos pensamentos. A velocidade com que os elétrons giram ao redor de seus núcleos cria a matéria, lhe proporciona solidez. É como tudo no Universo físico é construído.

Esta é a assinatura do Grande Arquiteto do Universo dentro de nós mesmos.

Isto até contradiz Locke, mas não esqueçamos que nossa existência aqui é apenas resultado de ficção, do exercício de nossa mente criativa.

Mesmo assim, esta constatação nos leva a inferir ser este, de fato, o nosso local mais sagrado. Como é imenso o corpo físico de qualquer ser vivente! O homem em sua inteireza, considerando a carcaça, a mente, as emoções, sua espiritualidade e outros detalhes é um universo tremendamente complexo, semelhante ao grande Universo.

A este universo que existe dentro de cada ser vivente, devido exatamente a esta diversidade e complexidade, denominamos Macrocosmo apenas para simplificar nossas limitações de entendimento.

É assim, de forma espantosa, com quase nada de matéria, com quase absoluto espaço vazio que o Grande Arquiteto do Universo produziu toda a matéria sólida do Universo.

Milagre ou realidade?

Será que legitima a expressão do penso, logo existo, de Descartes?

Se tomarmos a realidade do ponto de vista em que nos encontramos agora, certamente deduziríamos que nada somos. Tudo o que existe é feito essencialmente de espaço vazio, somos feitos do nada, então nada deveríamos ser. Existimos apenas como que por milagre. Um maravilhoso feito do Incriado.

Heidegger argumentava que o ser se faz no tempo; e é o que constatamos em nossa experiência; o ser é o nada que o constitui.

Platão afirmava que o Universo em que vive o homem é ilusório, feito de sombras e aparências; em nossa experiência, quanto desta assertiva é verdadeiro?

O que acabamos de afirmar e virtualmente constatar, foi baseado na informação de que o elétron e o próton contêm massas, isto é, que sejam efetivamente feitos de matéria sólida, mas que o garante?

Existem considerações científicas atuais que dizem terem os átomos ora o comportamento de partícula e ora de fenômeno ondulatório, isto é, não possuírem massa e serem constituídas exclusivamente de campos de força, de campos eletromagnéticos, de energia.

Aí então a nossa pasma intelectualidade entra em pane!

Se os átomos não são nada mais que campos de força, então somos efetivamente feitos de puro espaço vazio, nada somos!

Simples fótons?

Campos magnéticos em interação e deslocando-se à velocidade da luz?

Ainda sem considerar a teoria das Supercordas que remetem até o instante do inicio da expansão do Universo, o inicio de toda a história que nossos cientistas sonhadores dão para o Universo e ao qual denominam big bang, já nos satisfazemos com o fato de constatar que existe um projeto racional e um objetivo válido para tomar parte nesta grande orquestra da vida, esta milagrosa massa de seres viventes. Porque olhando em nossa própria essência, sequer deveríamos existir! É um milagre! Os fatos apontam para uma realidade onde a vida tem uma insignificante possibilidade de se manifestar.
A Improbabilidade da Vida

Partindo da constatação que as fórmulas da mecânica quântica nos fornecem apenas probabilidades e nunca certezas qual seja a verdadeira constituição do átomo. Acrescente-se que as moléculas de que nossas carcaças são formadas constituem apenas um por cento de toda a massa do Universo, isto porque, 75% de toda matéria do Universo é formada por Hidrogênio, 24% é Hélio, e o restante 1% (um por cento) é constituído por todos os demais elementos da tabela periódica. Desde o lítio, passando pelo carbono até chegar ao urânio.

A química que dá origem à vida é uma insignificância quantitativa em relação ao gigantismo do Universo!

Daí nossa intelectualidade vir a se preocupar com a existência e a realidade nos faz singelos na imensidão deste Universo - especula-se que existam outros Universos. É deveras um milagre possuirmos consciência!

Percebe a maravilha desta descoberta dentro de nós mesmos?

Consegue observar o quanto somos infinitos na forma em que nos encontramos e o resto do Universo é finito? Em termos absolutos poderíamos até dizer que nem infinitos somos, mas inexistentes.

Conscientizou-se agora do quanto somos livres e iguais neste Universo criado pelo Grande Arquiteto do Universo?

É razão mais que suficiente para buscar o conhecimento para nos entendermos melhor uns com os outros.

Fazer estes tipos de viagens é o único caminho que dispomos para trilhar pelos caminhos que conduzem para a liberdade e perfeição; simplesmente porque nos conscientizamos que existe um criador, não é possível que tudo seja resultado de obras do acaso sem a presença de uma mente pensante por traz de tudo o que se manifesta na natureza.

Esta nossa realidade, esta nossa insignificância perante o milagre da existência material já é suficiente para nos levar a entender do porque o amor fraterno é o único caminho para a verdadeira igualdade.

Na essência somos todos relacionados e iguais. Somos imperfeitos em nossa materialidade, mas alcançamos a perfeição em nossa racionalidade, da mesma forma como disse Platão: o único círculo perfeito é a idéia de círculo que existe em nossa imaginação.
Abrangência do Mundo Interior

Estenda esta visão às outras dimensões que temos: espiritualidade, emotividade, pensamentos, e outros. Este conhecimento de nós mesmos não fica limitado ao que estamos percebendo neste instante, este crescimento exige a perfeição tanto do espírito como do coração.

Há necessidade de treinar nossas percepções tanto do visível como do invisível, e tudo é dedutível por nossa capacidade de abstração, de fantasia, até vir a comprovar-se pela experimentação científica. Assim como aconteceu com Pitágoras, que na tradição intelectual do mundo ocidental teve transformada a sua capacidade de mística matemática numa espécie de ponte entre a razão humana e a inteligência divina. De nossa parte, enquanto sonhamos, não temos provas materiais da imaginação ser realizável, ao menos enquanto estivermos restritos ao nosso cárcere material, ao nosso corpo físico. Tampouco criamos proposições que não possam ser questionadas, até contrariadas, pois algo assim, nas palavras de Isaiah Berlin, não contém informação.

Devemos procurar a justiça e a fraternidade, o amor fraterno, para obter a possibilidade de, mesmo imperfeitos em alguns aspectos, sermos levados à perfeição do intelecto e da espiritualidade pela força do pensamento.

E assim como efetuamos nossa caminhada até ficarmos sentados aqui nesta escuridão sem ter medo de nada, quando o tempo está em marcha, aonde chegamos devagar, um passo de cada vez. A Maçonaria nos ensina que o caminho da perfeição também não se dá aos saltos, senão com muita prudência e lentidão. Velocidade é coisa de elétron em sua órbita, nós devemos lentamente ir formando uma base educacional em busca da verdadeira liberdade que nos liberta do fanatismo, do ódio e outros vícios. Pois se viéssemos até aqui na superfície deste núcleo de átomo num salto, certamente desfaleceríamos. A escuridão nos enlouqueceria! Não entenderíamos que na escuridão de nosso mais recôndito ser, na falta da liberdade a que o elétron nos levou, nos sentiríamos presos, imobilizados, com medo de nos mexer, inclusive de pensar. E o medo desta prisão certamente nos induziria a adotar alguma postura fanática e alienante, quem sabe até, num ato desesperado, o suicídio.

Percebe o quanto a nossa capacidade de sonhar é infinita e como isto nos diferencia do homem-fera primitivo? A filosofia do Rito Escocês Antigo e Aceito está conectada ao conhecimento humano, desde sua pequenez diante do Universo, até o gigantismo de sua capacidade de sonhar e pensar. É pela capacidade racional inteligente que todo maçom deriva conhecimentos detalhados e genéricos para a sua própria sobrevivência física e intelectual. Uma coisa puxa a outra.

O sonhar leva a predispor o iniciado na busca contínua de instruções e conhecimentos. Isto o leva a efetuar saltos mentais e lhe impõem denodo quando se interna na caminhada dos mundos desconhecidos, reservados apenas aos que têm coragem de enfrentar as veredas do desconhecido. Mesmo que lá reine escuridão, a mente continuará a irradiar a luz do entendimento de verdades cada vez mais complexas e intrincadas.

O peregrino cego carrega junto de si a luz do entendimento ao buscar intensamente dentro de si mesmo o conhece-te a ti mesmo, de Sócrates. O homem pensador passa a aperfeiçoar-se.

Depois que se aperfeiçoou e descansou parte em nova jornada, em ciclos eternos de sonhos, racionalizações e sedimentações de novos conceitos.

Fica evidente que ao adentrarmos no mausoléu que somos, despertam idéias ocultas que até então não percebíamos. Encontramos alguns porquês da existência: De onde venho? Para onde vou? Algo que é possível descobrir com viagens ao interior de nós mesmos. Faz da passagem para o oriente eterno apenas mais uma etapa da vida; algo que alivia o constrangimento e medo da morte. Este é o conhecimento, a luz que o profano busca em nossos templos; é a travessia que o iniciado faz quando se desloca do ocidente para a luz do oriente. Ao nos libertarmos do medo da morte, rompem-se os grilhões da escravidão do mundo material e passa a brilhar a luz da sabedoria do Grande Arquiteto do Universo.
Templos Vivos

Todo maçom é considerado de fato um templo vivo.

Só a partir desta constatação o maçom passa a considerar-se criatura pura e sagrada. Certamente tudo faz para não conspurcar o ambiente sagrado de que é constituído seu templo interior, derivando que isto induza o desenvolvimento de conceitos morais e éticos cujo objetivo preservará a pureza do lugar sagrado de seu interior. Isto faz do mundo interior um lugar perenemente limpo e puro.

Desperta adicionalmente que apenas limpar o templo interior não é suficiente. A pureza moral e ética é insuficiente. Exige-se que o interior do templo, local da razão e dos sentimentos equilibrados, nutram o cérebro com estímulos que levem a buscar a perfeição. Daí ressalta-se a importância em velar na maioria das vezes do centro das emoções, o coração, de modo a mantê-lo subjugado à mente, pois é considerado esotericamente um mausoléu e tudo aponta para o coração como túmulo do maçom; ao menos enquanto não morrer o maçom que o contém.

O caminho para a liberdade e perfeição do maçom é dominar suas paixões com o objetivo de acabar com atitudes extremadas e fanáticas. E a vereda do espírito passa pela capacidade de sonhar, com grandes chances de converter a fera humana, apenas controlada pelas leis, em ser humilde diante da grandiosidade do que daqui divisamos.

Quando o tempo se desloca, em nosso interior reina escuridão enquanto não efetuarmos um salto para dentro de nós mesmos iluminados pela sabedoria do entendimento desta viagem. Este deslocamento é realizado em pequenas estações, para que o choque da descoberta desta escuridão não nos deixe cegos e com medo, assim como fazemos em nossa evolução pelos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.

O medo pode nos imobilizar e escravizar aos extremismos.

É necessária coragem para desbravar o caminho.

Agora que mostrei a minha senda, faça as tuas viagens a sós para dentro de você mesmo e descubra teus próprios caminhos. Só não se assuste com a escuridão do lugar, leve sempre junto a luz de tua capacidade intelectual para de lá sair em segurança. Ao homem maçom é dado caminhar só na busca de sua espiritualidade e liberdade, exatamente porque ninguém a pode fazer por outrem. É tarefa individual e intransferível.

E saiamos daqui, pois os trabalhos encerraram a meia-noite.


Charles Evaldo Boller, Mestre Maçom da Augusta e Respeitável Loja Maçônica Apóstolo da Caridade, n.º 21 da Grande Loja do Paraná
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