quarta-feira, 22 de junho de 2011

Breve Histórico do Rito Francês ou Moderno

Antes de entrarmos na história do Rito Moderno, convém fazer menção ao nome. Preliminarmente consta que o Rito se chamou Moderno em função dos ideais ou preceitos que norteavam os seus membros, adversários que eram com relação à inserção nas sessões, ou no rito, de menções religiosas. Os outros eram os Antigos que foram aqueles nossos irmãos que pretenderam continuar com os usos e costumes tradicionais, ou seja, a continuidade de evocar os sentimentos religiosos dentro da maçonaria.
Se olharmos convenientemente este fator, devemos concordar que a Maçonaria de então, nasceu sob o manto da religiosidade e daí esta se firmar dentro dos vários ritos praticados na época. O Rito Moderno, como assim começou a ser conhecido, foi inaugurado e praticado na França abolindo qualquer citação à religião. E isto repercutiu, e muito, dentro do seio da maçonaria imperante na época, que era visceralmente religiosa. Haja vista a disposição do templo, na época e ainda hoje, quanto à semelhança da distribuição interna de uma catedral ou igreja e um templo. Há, entretanto, outros que consideram o templo maçônico uma imitação do Parlamento inglês. Seja de uma ou outra forma, nós o consideramos apenas um detalhe que em nada vai alterar o procedimento das sessões maçônicas.
Só, posteriormente, é que os franceses houveram por bem adotar o nome de RITO FRANCÊS OU MODERNO nome pelo qual foi conhecido e reconhecido tanto na Europa como no resto do mundo, especialmente na América do Sul e dentro dela, no Brasil.
A historiografia, que é a arte de escrever a história, é um tema portador de muitas datas e nomes e nem sempre há concordância entre os autores ou historiadores.
Assim também ocorre com o Rito Moderno. Há divergências de datas, especialmente da época de sua instituição como Rito ou de sua fundação. Não queremos discordar nem discutir estes fatos, pois, não encontramos em toda a bibliografia um autor sequer que nos conduzisse, com provas, ao dado mais aceitável.
Assim, procuraremos, neste breve relato, transmitir nossa opinião baseada em dados a fim de relatar, com a maior imparcialidade possível, o nosso propósito no dia de hoje.
O Rito Francês ou Moderno foi criado na França em 1761, constituído a 24 de dezembro de 1772 e proclamado pelo Grande Oriente da França a 9 de março de 1773 com os três graus simbólicos. Por sua vez, o Grande Oriente da França nasceu a 22 de outubro de 1772, sendo seu primeiro Grão-Mestre FELIPE D’ORLEANS-Duque de Chartres.
Não foi um período fácil para o Grão-Mestre. Este pretendia coibir a proliferação de Altos Graus e para tanto nomeou uma comissão que, após alguns anos de estudo, acabou renunciando propondo, entretanto, ao Grande Oriente da França a extinção de todos os graus filosóficos. O Grão-Mestre aceitou a proposta motivando grande descontentamento dos irmãos porque, naquele tempo, dava-se suma importância aos graus superiores. Só em 1782 reiniciou-se a revisão dos Rituais tanto simbólicos como dos Altos Graus .
O Rito Francês ou Moderno é composto de Rituais e Regulamentos elaborados nos anos 1780 e adotados oficialmente em 1785 para os três graus simbólicos (também conhecidos como graus azuis) e, entre 1784 e 1786, para os altos graus (também chamados de graus filosóficos). Os rituais citados são a base para a prática, hoje, do Rito Francês ou Moderno na Grande Loja Nacional Francesa nos três graus simbólicos e sob os auspícios do Grande Capítulo Francês os graus filosóficos.
A Grande Loja Nacional Francesa sustenta que o nosso Rito começou a se praticar em 1780. Informa, também, a prática do Rito desde, pelo menos, 1.760. Esta afirmação, continua a GLNF, é confusa e não se baseia em qualquer dado histórico. Porém pode-se aceitar que naquele tempo havia uma prática maçônica francesa que continha procedimentos relativamente homogêneos e que o Rito Francês de 1780 é profundamente baseado nessa prática anterior.
As datas acima referidas nem sempre coincidem entre autores. Assim, o Grande Colégio de Ritos, do Grande Oriente da França, informa a criação do Rito Francês ou Moderno em 1786 (Ligou, Bereaniak e Berlewi-p. 519).
Em 1785 aparece o primeiro ritual, visto que antes deste ano não se conhecem rituais oficiais na França, denominado “Le Régulateur de 1801” que estabelece:
“Se o Regulamento de 1801 não pode ser considerado como a fonte do Rito Francês, é, ao menos, o modelo único relacionado às tradições orais e manuscritas anteriores”.
Causa espécie dizer-se que o primeiro ritual aparece em 1785 e o Regulamento ser de 1801! Nem tanto. É que só foi impresso em 1801.
No início do século XIX proliferaram os ritos, a introdução da religião dentro deles e, portanto, a confusão reinante entre a maçonaria e a religião. Chegou-se a dizer que a religião mandava dentro da maçonaria. Não creio que tal fato possa ser verdadeiro mas, na falta de provas, vale apenas como conhecimento.
Dentro desta situação é que surge a idéia central de que a Maçonaria tem que se desvincular da religião. E isto ocorre, como acima informado, em 1876.
Superada essa questão, embora não aceita por todos, o Rito Francês ou Moderno toma a dianteira em virtude de sua propalada condição de ser um Rito Maçônico que se coloca eqüidistante de todas as religiões e, assim, considera que esta questão é de foro íntimo de cada irmão, mas não o é do Rito Moderno que exclui de suas sessões qualquer menção ou referência à religião, qualquer que seja ela.
O fato de, hoje em dia, estar sobre a mesa do Venerável Mestre a Bíblia e outros Livros religiosos, todos fechados, é a maior prova do respeito que do Rito Moderno tem para cada uma das religiões adotadas por seus membros. Este detalhe, embora imperceptível à vista de alguns ou muitos irmãos, é de suma importância, pois, o Rito Moderno respeita todas as religiões e por esta razão admite em seu seio membros de qualquer religião porque não interessa a religião do futuro irmão e sim o pensamento filosófico e a sua vontade de servir à sua nação, onde vive, para difundir e aumentar o real significado do objetivo do Rito Moderno, qual seja a de fazer imperar a liberdade colocando o social acima do particular ou individual pela difusão e prática desinteressada da solidariedade na formação de construtores sociais.
Mas, voltemos ao nosso propósito inicial. Estávamos falando de entre 1770 e 1786. Pois bem, a partir dessa época da vida, o Rito Francês ou Moderno foi se reforçando e, conforme José Castellani, em 1779, ano da morte de Rousseau e Voltaire, havia, na França, 554 lojas praticando o Rito Moderno ou Francês e o GOF mantinha correspondência com 1.200 lojas estrangeiras. Foi, pois, o auge de nosso Rito na França e na Europa.
De resto, pouco se tem sabido do Rito Moderno, seja na França ou no resto da Europa.
Teve um ressurgimento em Portugal, no século XIX, quando, inclusive, se praticou o grau 8, pertencente à quinta ordem dos graus filosóficos, denominado Cavaleiro da Águia Branca e Preta.
O Grau 9, também pertencente à quinta ordem dos graus filosóficos, denominado Cavaleiro da Sapiência e do qual não temos registro escritural, foi implantado definitivamente em 1992, pelo Supremo Conselho do Rito Moderno, com sede internacional no Brasil.
Encontramos registros do Rito Moderno ou Francês, no século XX, exatamente em 1998 quando o Rito, através de seus dirigentes, sai do Grande Oriente da França e passa à Grande Loja Nacional Francesa, esta reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
Esta Grande Loja é considerada, desde 1929, como todos sabem, a Grande Loja Mãe da Maçonaria, no mundo, tendo editado certas imposições para reconhecer outras Obediências, sob o título de “Princípios Fundamentais para o Reconhecimento de Grandes Lojas”, incluindo aí qualquer GO. E, quem tem a sua regularização, seja Grande Oriente ou Grande Loja, deve cumprir os 8 princípios de regularidade. Entre estes encontramos que o 2º, o 3º e o 6º fazem referencia ora ao GADU ora ao Livro da Lei Sagrada. Quanto à expressão GADU, foi o Grande Oriente da Bélgica que suprimiu, de seus rituais, a invocação a partir de 1872 e nem por isso a GLUI se manifestou contra. Quanto ao Livro da Lei Sagrada, como assim o intitula a GLUI, ele será “sempre exposta nos trabalhos da Grande Loja e das Lojas de sua Jurisdição”. Em nenhum momento se pede que o Livro da Lei Sagrada seja aberto ou que fique num lugar pré-determinado. Apenas diz que será exposta. É conveniente que se esclareça que o Rito Moderno, pertencente ao Grande Oriente do Brasil, e este, por sua vez, ter o reconhecimento da GLUI, tem de cumprir a obrigação de expor (para usar a palavra dos Princípios Fundamentais) e cumpre. Fica encima da mesa do Venerável. E junto com ele podem estar também outros como a Torah, o Alcorão, etc.etc.
Entre todos os fatos históricos ocorridos nos séculos XVIII e XIX, há um de grande importância para a Maçonaria e, em especial, para o Rito Moderno. Trata-se da Reforma Institucional de 1877, que assim é narrada pelo nosso saudoso irmão José Castellani:
Em 1872, depois de estudos iniciados em 1867, o Grande Oriente da Bélgica suprimia, de seus rituais, a invocação do G\A\D\U\, sem provocar qualquer reação por parte da G\L\da Inglaterra. Diante disso, de um golpe, a campanha pela revisão, na França, aumenta de intensidade. A cada ano, a Convenção é tomada por votos pela revisão, repelidos pelo Conselho da Ordem, até que, em 1876, um voto da loja “La Fraternité Progressive”, de Villefranche, solicitando a supressão das cláusulas dogmáticas, foi tomada à consideração, sendo regulamentarmente enviada às Lojas, para estudo e retornando à Convenção em 1877. Nessa ocasião, duzentas e dez lojas enviaram representantes e dois terços delas se manifestaram a favor da adoção do voto. O relator geral foi um pastor protestante, Desmons, que apresentou um estudo memorável, o qual, aprovado, resultou na supressão do segundo parágrafo do artigo 1º da Constituição de 1865, que dizia: “Ela tem por princípio a existência de Deus e a imortalidade da alma”.
Viénot, o Orador da Convenção, situou, muito bem, o que representou essa atitude:
“Essa redação, meus Irmãos, não é, portanto, nem uma reforma, nem uma revolução; ela é um chamamento e um retorno aos princípios primordiais da Francomaçonaria, porque a Francomaçonaria, respeitando todos os dogmas e todas as consciências, não é, não quer ser e não pode ser uma instituição dogmática ou teológica”.
Essa resolução aboliu a invocação, mas não a fórmula do G\A\D\U\, como freqüentemente se afirma. Era a tolerância, elevada ao máximo, que motivava o Grande Oriente a rejeitar qualquer afirmação dogmática, na concretização do respeito à liberdade de consciência e ao livre arbítrio de todos os maçons. A síntese dos debates da Assembléia, que conduziram à resolução, mostra bem essa preocupação.
A Francomaçonaria não é deista, nem ateísta, nem sequer positivista. Instituição que afirma a prática à solidariedade humana, é estranha a todo dogma e a todo credo religioso. Tem por princípio único o respeito absoluto da liberdade de consciência. Nenhum homem inteligente e honesto poderá dizer, seriamente, que o Grande Oriente da França quis banir de suas Lojas a crença em Deus e na imortalidade da alma, quando, ao contrário, em nome da liberdade absoluta de consciência, declara, solenemente, respeitar as convicções, as doutrinas e as crenças de seus membros”.
Tudo isto leva à conclusão de que toda a questão é eminentemente política, dadas as rivalidades não só entre as duas Potências (a GLUI e o GO da F) mas entre os dois países rivais na paz e confrontados no curso de longas e sangrentas guerras. Havia também motivos filosóficos e morais divergentes devido à escalada das aspirações democráticas na França e no G\O\F\ que inquietavam o conservadorismo inglês; filosóficos porque a tendência racionalista, que prevalecia no G\O\F\ opunha-se ao dogmatismo da G\L\U\I\.
É notório assinalar que, de outro lado, o Grande Oriente da França, cria já em 1921 uma organização internacional de nome “Association Maçonnique Internationale” –AMI- oriunda do Bureau d’Infomation Maçonnique criado em 1921, na Suíça, quando congrega 12 Obediências : GL de Nova York; GO da Bélgica; GL de Viena; GL da Bulgária; GL da Espanha; GO da França; GO da Itália; GO dos Países Baixos; GO de Portugal;GL da Suíça-Alpina e GO da Turquia. Com todas estas relações, ora políticas, ora filosóficas, o GOF conseguiu grande alcance social chegando a 38 Obediências em 1923.
Por ocasião de sua fundação emitiu a seguinte declaração, afirmando em seu trecho principal:
A Franco-Maçonaria, instituição tradicional, filantrópica e progressista (só mais tarde, no Brasil, se acrescentou evolucionista) baseada na aceitação do princípio de que todos os homens são Irmãos, tem por objetivo a procura da verdade, o estudo e a prática da Moral e da Solidariedade. Ela trabalha pela melhoria material e moral, assim como pelo aperfeiçoamento intelectual e social da humanidade. Ela tem por princípio a tolerância mútua, o respeito ao próximo e a si mesmo e a Liberdade de Consciência. Ela tem por dever estender a todos os membros da humanidade os laços fraternais que unem os Franco-Maçons sobre toda a face da Terra.
Desejamos assinalar o que escreve o saudoso ir.’. José Castellani no “Manual do Rito Moderno”:
O rito, embora criado sob moldes racionais, seguia a orientação dos demais, em matéria doutrinária e filosófica, baseada, entretanto, na primitiva Constituição de Anderson, com tinturas deístas, mas largamente tolerante, no que concerne à religião, como se pode ver na primeira de suas Antigas Leis Fundamentais (Old Charges): “O maçom está obrigado, por vocação, a praticar a moral; e, se bem compreender os seus deveres, jamais se converterá num estúpido ateu nem em irreligioso libertino. Apesar de, nos tempos antigos, os maçons estarem obrigados a praticar a religião que se observava nos países que habitavam, hoje crê-se mais conveniente não lhes impor outra religião senão aquela que todos os homens aceitam e dar-lhes completa liberdade com referência às suas opiniões particulares. Essa religião consiste em serem homens bons e leais, ou seja, honrados e justos, seja qual for a diferença de nome ou de convicções“.
Deixemos, assim, o aspecto francês do Rito Moderno e passemos a nos debruçar o que aconteceu no Brasil.
Bastantes homens de cultura e poder econômico enviaram seus filhos a estudar na Europa. Aqueles que estiveram na França ou Portugal e se interessaram pela Maçonaria naqueles países, foram iniciados. E qual o Rito que estava em evidência? O Rito Moderno, ou Francês. Estes líderes, ao voltar ao Brasil traziam consigo aqueles princípios de liberdade, de república, de adogmatismo, além de outros conhecimentos adquiridos nas faculdades que cursaram em ambos os países.
Houve, no Brasil, certas lojas que trabalharam no Rito Adorinhamita, antes de 1922, mas eram lojas isoladas e que, pelos seus princípios, não tinham como objetivo transformar o Brasil num país independente. Daí que os irmãos brasileiros que freqüentaram o RM na Europa encontram, na situação brasileira, uma enorme possibilidade de, aqui, colocar em prática o que haviam aprendido lá.
Segundo Adelino de Figueiredo Lima em “Nos Bastidores do Mistério”, ed. de 1953, nenhum outro Rito, senão o Rito Moderno esteve presente nas lutas pela independência do Brasil. Em conferência proferida no Primeiro Simpósio Brasileiro de Maçonaria Simbólica, patrocinado pela Loja José Bonifácio do Rio de Janeiro em 1961, ressalta que:
“Foi o Rito Moderno quem proclamou a igualdade das raças e destruiu pela base as discriminações religiosas”.
Renato de Alencar, em “Enciclopédia Histórica do Mundo Maçônico” página 213, afirma:
“Diga-se o que quiser, o Rito Moderno ou Francês, dado o espírito filosófico e de reforma progressiva que inspira sua doutrina, é o mais racional e adequado à nossa época”
Voltando à época do início dos trabalhos maçônicos no Brasil, e enfocando o Rito Moderno, podemos afirmar que desde 1815 já existia, no Brasil, uma loja maçônica do Rito Moderno. Era a Loja Comércio e Artes, primaz do Brasil, fundada em 15 de novembro de 1815 sob os auspícios do G\O\de Portugal da qual extraímos o seguinte texto:
GR.’.BEN.’.GR.’.BEN.’.AUG.’.RESP.’.LOJ.’.SIMB.’. COMÉRCIO E ARTES Nº. 001-PRIMAZ DO BRASIL, fundada em 15-11-1815-MARCO HISTÓRICO DA MAÇONARIA BRASILEIRA,
Fundada em 15 de novembro de 1815, sob os auspícios do GR.’.OR.’.de Portugal a Loj.’. COMÉRCIO E ARTES teve seus trabalhos interrompidos em virtude das perseguições desencadeadas por motivo das revoluções de 1817 em Portugal e Pernambuco tida como obra dos pedreiros livres que nessa ocasião, em um como outro reino, pagaram forte tributo de sangue. Reavivamos os seus trabalhos em 4 de novembro de 1921 tornou-se o centro do esforço patriótico em favor da emancipação política de nossa Pátria. CÉLULA MATER DA MAÇONARIA BRASILEIRA, de seu corpo se formaram por “sissiparidade” –desdobramento- as duas outras LLOJ.’. METROPOLITANAS – UNIÃO E TRANQÜILIDADE E ESPERANÇA DE NICTHEROY, em 21 de junho de 1822, para a continuação do GR.’.OR.’. do Brasil.
Há quem afirme que essa mesma loja iniciou seus trabalhos com o Rito Adorinhamita. Vejamos o que escreve nosso ir.’. José Francisco Simas:
Em 17 de junho de 1.822 a Loja Comércio e Artes da Idade do Ouro, União e Tranqüilidade e Esperança de Niterói formaram, o Grande Oriente Brasileiro, que adotou inicialmente o Rito Adorinhamita e, logo em seguida, passou para o Rito Moderno ou Francês e de pronto reconhecido pelo Grande Oriente da França e pelas Grandes Lojas da Inglaterra e dos Estados Unidos da América. Seu primeiro Grão Mestre foi José Bonifácio (o Pitágoras). Em 2 de agosto de 1.822 D. Pedro de Alcântara, Príncipe Regente, foi iniciado na Loja Comércio e Artes, adotando o nome de Guatimozim. Em 5 de agosto foi exaltado e em 4 de outubro foi eleito Grão Mestre da Maçonaria brasileira com 23 anos de idade. Segue-se um período político e maçônico confuso, ficando adormecido o Grande Oriente Brasileiro até 1.831.
Em 7 de abril de 1.831, D. Pedro I abdica do trono brasileiro em favor de D. Pedro, agora II, e embarca para Portugal. A Maçonaria reinicia suas atividades. Em 1.832, o Grande Oriente Brasileiro passou a ser denominado Grande Oriente Brasileiro do Passeio, por ter se instalado na Rua do Passeio, número 36. Em 1840, o Grande Oriente adquiriu, pela Cia. Glória do Lavradio, o prédio projetado para abrigar um teatro e cuja construção havia sido suspensa desde 1.832. Nesse prédio, na Rua do Lavradio, número 97, o Grande Oriente do Brasil, funcionou, até a mudança para Brasília. Hoje existe lá o Palácio Maçônico do Rio de Janeiro, onde funcionam 52 lojas e o Museu Maçônico.
O Rito Moderno ou Francês era o Rito Oficial do Grande Oriente do Brasil e continua sendo até a presente data.
No início da Maçonaria no Brasil, pelo Rito Moderno, foi utilizado um Ritual, português, impresso em Lisboa em cuja capa dizia: “Regulador do Rito Moderno-Grande Oriente Luzitano”. O segundo ritual, do Rito Moderno, impresso no Brasil, conforme Joaquim da Silva Pires, foi em 1837 na “Typographia Austral, Beco do Bragança, nº. 15-Rio de Janeiro” e trazia as seguintes inscrições:
”Regulador Maçônico do Rito Moderno para uso nas Officinas deste Rito-G\O\do Brasil-Primeiro Grao-Aprendiz-Anno da V\L\ 5837”.
Todavia, o primeiro ritual do Rito Moderno, genuinamente brasileiro, impresso, portanto, no Brasil, foi em 1833, na tipographia de “Seignot-Planchet”, rua do Ouvidor 96, Rio de Janeiro, segundo Joaquim da Silva Pires no Boletim Oficial do GOSP nº. 2335 de 06 de setembro de 1999, página 23. Este ritual teria sido organizado pelo Padre da Capela Imperial, Ir\Januário da Cunha Barbosa, com base numa tradução do Ir\Hipólito José da Costa Furtado de um ritual francês.
Sabe-se que a primeira loja maçônica do RM no ESP foi a Loja Inteligência de Porto Feliz, do Rito Moderno, no ano de 1930, seguida pela Loja Amizade-A Pioneira, na Capital de São Paulo em 1932.
A título de curiosidade, o Ir\Adelino de Figueiredo Lima nos conta que na Loja Amizade, em 1832, havia “nada menos de trinta e um sacerdotes”.
Temos, portanto, que de 1822 a 1832, o rito dominante na Maçonaria Brasileira era o Moderno ou Francês, inicialmente praticado pelas três lojas existentes na época, consideradas as três pedras angulares em que se assentam os alicerces do Grande Oriente do Brasil.
Foi nelas, diz Adelino de Figueiredo Lima que “José Bonifácio, o Príncipe D. Pedro e Joaquim Gonçalves Ledo, deram início à gloriosa Epopéia da Independência Nacional”.
O Rito Moderno, como componente da Maçonaria Brasileira, participou dos seguintes movimentos:
-A Inconfidência Mineira – 1789, pela ação isolada de maçons.
-A Revolução Pernambucana de 1817. Idem acima.
-A Independência de 1822.
-A Confederação do Equador em 1824.
-O Movimento pela Maioridade do Imperador D.Pedro II.
-A Revolução Farroupilha -1835/1845.
-A Revolução Liberal de 1842.
-A Abolição da Escravatura em 1888.
- A República de 1889.
Sem ter a pretensão de ter esgotado a história do Rito Moderno no Brasil, gostaria de me referir aos tempos atuais.
Hoje, o Rito Moderno conta com 100 (cem) lojas espalhadas pelos Estados de RS, SC, PR, SP, MG, RJ, ES, BA, MS, MT, BRASÍLIA, RO, PE, MA, PA, PB. E deveremos inaugurar algumas mais, dentro de pouco tempo.
O Supremo Conselho do Rito Moderno, reconhecido legalmente pelo Grande Oriente do Brasil através de Tratado de Reconhecimento, que trabalha no Grau 9-Cavaleiro da Sapiência, tem o âmbito de atuação Nacional e Internacional. Nos Estados há os Grandes Conselhos Estaduais, que funcionam com o grau 8-Cavaleiro da Águia Branca e Preta e dentro de cada um deles há os Sublimes Capítulos Regionais que trabalham nos graus 4 ao 7-Eleito, Escocês, Cavaleiro do Oriente e da Espada e Cavaleiro Rosa-Cruz.
O nosso ir.’. Antonio Onías Neto, assim se manifesta a respeito do mesmo assunto acima:
Na França, somente a partir de 07 de agosto de 1989 foram instituídos os Graus Filosóficos pelo Supremo Conselho do Rito Moderno obtendo a Carta Patente e lhes dando poderes para a outorga dos Graus Filosóficos e reconhecidos pela Grand Loge Nationale Française a 09 de fevereiro de 1999. Dois anos depois, em 15 de fevereiro de 2001, iniciaram-se as tratativas para a criação dos respectivos Grandes Conselhos Estaduais e o Supremo Conselho do Rito Moderno para a França culminando a 08 de setembro de 2001 com Sessão presidida pelo Embaixador Plenipotenciário do Supremo Conselho do Rito Moderno, ir.’.Lúcio Ferreira Ramos, concedendo os graus 8 e 9 para Irmãos Franceses.
Queremos, neste momento, ao encerrar nossa participação neste seminário do RM em Sorocaba, prestigiar outro ir.’. do RM que muito se tem dedicado à sua expansão e ao seu desenvolvimento. Trata-se do ir.’. Laudimir Manoel Cardoso, que assim se expressou num trabalho que apresentou à loja Ordem e Progresso, da qual é membro efetivo:
É, portanto o momento do FORTALECIMENTO e da EXPANSÃO do Rito moderno; fazer com que os outros Ritos entendam a história, a filosofia, a prática, e por que não dizer a singeleza participativa dos maçons deste pedaço tão importante da Maçonaria. Fortalecer o Rito significa sermos cada vez mais participativos e ativos em todas as castas sociais dentro e fora da Oficina de trabalho levando à sociedade os valores que temos naturalmente e que aperfeiçoamos dentro do Rito Moderno. Atravessamos caminhando para o terceiro milênio com a convicção de que temos hoje, tivemos ao longo de todo um período histórico, e teremos no futuro – missões que auxiliem a sociedade como um todo, e que faça especificamente do Brasil, este país com dimensões continentais, um lugar melhor para se viver, pois a participação dos maçons, qualquer que seja o Rito, é fundamental para o desenvolvimento das nações, mas, neste caso especial no Brasil. Os potenciais de mudanças são imensos por sermos tão jovens e tão promissores dentro do contexto mundial. Façamos a nossa parte e caminhemos para o terceiro milênio com garra, ampliando cada vez mais os nossos quadros e sempre convivendo com os outros Ritos no melhor entendimento de nossos preceitos e conceitos constitucionais, morais e filosóficos.
É de nossa máxima obrigação estudar o Rito, a filosofia e a sua aplicação na sociedade. Nunca nos esqueçamos que o objetivo do Rito Moderno é nos tornarmos, dentro das possibilidades de cada um, construtores socais com a tríplice bandeira de LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE.
José Maria Bonachi Batalla

BIBLIOGRAFIA:
- O RITO FRANCÊS OU MODERNO-A Maç. do Terceiro Milênio-SCRM-1994
-Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom – José Castellani
-A maçonaria Moderna – José Castellani – Ed. A Gazeta Maçônica – 1987
-História do Grande Oriente do Brasil–José Castellani-Graf. e Edit. do GOB-1997
-O Rito Moderno-A Verdade Revelada- Fered. G. Costa-Ed. Mac. A Trolha-1990
-Dicionário de Maçonaria-Joaquim G. de Figueiredo-Ed. Pensamento-1990
-História do Rito Moderno-Henrique C.Camargo-Palestra no GOERJ-1984
-A Simbólica Maçônica-Jules Boucher-Ed.Pensamento-1993
-La Synbolique Maçonnique du troisièm millénaire-Irène Mainguy-Ed.Dervy-2001
-A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática-Jean Palou-Ed.Pensamento-1997
-L’Histoire du GOF-Henry-Félix Marcy-Paris-1956
-Maçonaria-História e Filosofia-Ambrosio Peters-Ac.Paranaense Letras Maç.-1999
-História e Doutr. da Franco-Maç.-Marius Lepage-Ed.Pensamento-1997
-Dictionaire Thématique Ilustré de la Franc-Maç.Jean Lhomme-Ed.EDL-1993
-A Maçonaria Moderna-José Castellani-Ed. A Gazeta Maçônica-1987
-Manual do Rito Moderno-Feed.G.Costa e Jos[é Castellani-Ed.Gaz.Maç.-1991
-Momento Historio do RM do Brasil-Lúcio Ramos-Ed.Saraiva-2002
-Textos cedidos pelo ir.’. Antônio Onías Neto
-Textos cedidos pelo ir.’. Laudimir Manoel Cardoso
-Textos cedidos pelo ir.’. José Francisco Simas
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A MAÇONARIA NO SÉCULO XXI

A história da maçonaria pode se dividida em dois períodos distintos: o primeiro, operativo, quando a instituição desempenhava, basicamente, atividades ligadas à arte da construção no período medieval; o segundo, especulativo, quando a arte de construir já não era mais um critério para participar da instituição e foram admitidos indivíduos originários de outros espaços sociais. Esse momento especulativo é consolidado no início do século XVIII, na Inglaterra, com a publicação de regulamentos que constituirão o que vem sendo chamado de "movimento maçônico regular".

A chegada da Maçonaria ao Brasil, no final do século XVIII, pode ser entendida como um dos sinais do processo de modernização do país, pois a instituição foi o mais importante espaço de divulgação do ideário moderno (mesmo que mesclado com um ideário tradicional) e conseguiu atrair uma parcela significativa da elite para dialogar, à sua maneira, com esse ideário iluminista emergente no período.

A atividade maçônica formou, a partir do início do século XIX, uma rede de Lojas por todo o território brasileiro e organizou o que, provavelmente, foi a primeira atuação política articulada (nacional e internacionalmente) de uma instituição civil de que temos notícia no nosso país, funcionando como uma espécie de arena para discussões voltadas ao processo de modernização, tais como: a independência, o abolicionismo, a abdicação de Dom Pedro I, a questão religiosa, a separação da Igreja do Estado, o movimento republicano e outros menos comentados.

O ambiente maçônico é um lugar que privilegia discussões filosóficas, atividades filantrópicas, debates sobre a realidade sócio-econômica e cultural. Ao mesmo tempo, a Maçonaria é uma instituição secreta e iniciática, conseqüentemente, aristocrática, na qual só participam homens (pelo menos no "movimento maçônico regular"), alfabetizados, sem defeitos físicos, maiores de idade e com nível de renda suficiente para assumirem os custos da filiação à instituição; instituição na qual a hierarquia está presente em todos os seus procedimentos, desde a estratificação em graus iniciáticos, até os vários níveis de luto quando da morte de seus integrantes.

Ao longo do século XX o adensamento da sociedade civil e a conseqüentemente emergência de novos atores no espaço público fez com que a Maçonaria perdesse aquele protagonismo identificado no século XIX. Embora não possamos desenvolver esse tema neste momento, é importante frisar que existem alguns indícios importantes que apontam para uma participação efetiva da instituição nesse século que se inicia, pois a organização está presente em todos os Estados da Federação, em todas as capitais e principais cidades do país. Além disso, estima-se que somente o Grande Oriente do Brasil (uma das federações maçônicas brasileiras) abrigue em torno de 100 mil maçons.

A Maçonaria não tem feito um percurso linear ao longo da história. Nos três séculos de sua existência, viveu muitos momentos de glória, bem como situações extremamente difíceis, como aconteceu nas perseguições de nazistas e comunistas. Em todos esses momentos, os "filhos da viúva" mostraram grande poder de reinventar suas próprias tradições para continuar seu caminho.
Resta saber se essa força e capacidade continuaram a caracterizar a instituição neste século que se inicia.

Ir.·. Rodorval Ramalho
http://brasilmacom.com.br
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Prancha de Traçar

Uma “Prancha de Traçar”, ou “Prancha Traçada” como também é costume se designar, pois é o resultado final que é avaliado, não é mais do que um trabalho efetuado por um maçom. Independentemente do material do qual é elaborado ou tema abordado, ela é sempre de extrema relevância no processo de aprendizagem e formação do maçom bem como no seu trajeto pelos vários graus do rito que pratique.

O facto de se designarem por Pranchas de Traçar, os trabalhos apresentados em Loja e executados por Maçons, é originário da Maçonaria Operativa, a maçonaria dos artífices pedreiros da época da Idade Média.

Era nas suas pranchas que eles desenhavam as plantas dos imóveis, criavam os seus projetos de construção e montavam a maqueta da construção a realizar. Algo que nos dias de hoje, é efetuado pela classe dos arquitetos (provindo dessa classe outra designação pela qual também é conhecida a prancha de traçar, a “Peça de Arquitetura”).

É através da execução de pranchas que o maçom toma um maior contato com a vasta simbologia maçónica e a interpreta à sua própria maneira. Ele nas suas pranchas, emprega o seu cunho pessoal e a sua noção sobre os vários assuntos ou temas maçónicos em análise.

Qualquer assunto é passível de ser traçado numa prancha, devendo apenas o mesmo ser executado através de um método de estudo e pesquisa sobre o tema, de forma a completar ou inovar o que já existe sobre a matéria em análise, ou se possível, criar algo novo que ainda não exista comentado ou feito, nomeadamente no caso de pranchas em que a pintura ou a música são a temática central.

Todas as pranchas são passíveis de serem comentadas, apesar de ser costumeiro se afirmar que “prancha de Mestre não se comenta”, as críticas e comentários existem à mesma, nem que seja para assertivar ou elogiar o Irmão que a executou para além do tema que serviu de base à construção da prancha. Já em relação às pranchas dos Aprendizes e Companheiros, essas recebem as críticas necessárias à formação dos mesmos, na medida em que tal seja necessário.

E tal como a construção mais simples é fruto de uma intensa pesquisa e enorme trabalho no seu desenvolvimento, também as pranchas dos pedreiros, agora “livres”, são executadas com o mesmo sentido de responsabilidade e labor. Sendo que a prancha a realizar, independentemente do seu tema, dever acima de tudo conter as três grandes qualidades maçónicas, “Força, Sabedoria e Beleza”.

“Força”, porque deve ser forte o suficiente para ficar impregnada na alma do maçom; “Sabedoria”, porque uma prancha deve conter informação relevante que ensine os demais; e “Beleza”, porque neste mundo nada pode ser forte e sapiente, se não encerrar em si algo de belo.

Agora se esta prancha que eu “tracei” engloba as qualidades maçónicas, só os leitores o poderão afirmar…
Disse.

Nuno Raimundo
http://brasilmacom.com.br
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A BELEZA DE NOSSA LOJA!

O bom Venerável não pensa em reeleição. Prepara uma Loja melhor para seu substituto!
A beleza de nossa Loja não é dizer que tem um Deus que zela por ela, é sim dizer que ela tem um grande Deus.
A beleza de nossa Loja não está só em nós, seus obreiros, trabalharmos para a construção da Sociedade Humana, mas se quisermos realmente mudar o mundo, comecemos por mudar uma pequena parcela dele: esta parcela que chamamos de “Eu”, ou seja, começar por nós mesmos. E ainda que a nossa pretensão não seja essa, mas tão somente a de manter a paz e a serenidade em nossos corações, o caminho é o mesmo: procurar tais recursos dentro de nós. Se pensássemos menos em disputas e mais em compartilhar, viveríamos em um mundo bem melhor, construído por nós mesmos. Nós não precisamos de muita coisa, só precisamos uns dos outros, pois somos a soma das nossas decisões. Consideremos o que nos ensinou Charles Chaplin: “cuidado com as palavras pronunciadas em discussões e brigas, que revelem sentimentos e pensamentos que na realidade você não sente e não pensa… Pois minutos depois, quando a raiva passar, você delas não se lembrará mais… Porém, aquele a quem tais palavras foram dirigidas, jamais as esquecerá”
As palavras nunca ofendem, o que ofende é o tom com que elas são ditas. As pessoas esquecerão do que foi dito, esquecerão do que foi feito, mas nunca esquecerão do que sentiram. Sejam quais forem as suas raivas contra um Irmão, ao invés de esmerar-se em criticá-lo, farejando defeitos, apedrejando-o, rasgando sua reputação, continue a vê-lo e amá-lo.
Aprendamos com as cordas do violão, que são independentes, mas cada uma fazendo a sua parte, juntas constroem as mais belas melodias.
Os Irmãos se completam não por serem metades, mas por serem pessoas inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida! Por isso nunca nos dispersemos.
A beleza de nossa Loja está na maturidade de cada Irmão falar “eu errei”. E ter a ousadia para dizer: “perdoe-me”. E ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. E ter a capacidade de dizer: “eu o amo meu Irmão”.
A beleza de nossa Loja não está na fachada de seu templo, nem no esplendor de seu interior, nem em sua ornamentação, ou na grandeza de sua Sala dos PP\PP\, nem mesmo em seu espaçoso Átrio.
A beleza de nossa Loja não está no seu quadro de obreiros cultos, pois nem sempre um homem culto é um homem sábio. Cultura são conhecimentos adquiridos. Sabedoria são as experiências vividas. Mesmo poucos ou muitos, ricos, grandes ou sábios, o importante é que sejamos honrados, estejamos sempre unidos, um ao lado do outro, apesar das diferenças, os obstáculos sempre foram transpostos, tanto nos momentos de dificuldade como nos momentos de esforço maior.
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A beleza de nossa Loja se realiza quando os Irmãos mais idosos, mesmo não tendo mais a força da juventude, oferecem sua simpatia à dor e seus ombros para apoiar a cabeça de um Irmão quando ele chora. Todos precisam de um ombro para chorar em algum momento da vida.
Com os anos não se fica mais culto ou mais sábio: fica-se mais simples. E na simplicidade são obtidas sínteses significantes da visão do mundo. A sabedoria não está no que pensamos saber e sim naquilo que ainda não sabemos. Existirá sempre algo para aprendermos. Somos Aprendizes, alunos em formação.
A beleza de nossa Loja não está em não poder realizar grandes coisas, está apenas em fazer dia a dia, pequenas coisas com um grande amor, gestos de compreensão, solidariedade, respeito, ternura, fraternidade, benevolência, indulgência e perdão. Cada Irmão põe quanto é no mínimo que faz, porque assim a Loja brilha acima de cada um. O todo é maior que a soma das partes.
A maior beleza do Aprendiz de nossa Loja, não está só nas Instruções do Ritual que os tornam infinitamente melhores, mas no caminho que percorre e nos momentos que compartilha com os verdadeiros Irmãos, nos ingredientes que vão além da amizade, na confiança, na alegria de “estar junto”, no respeito, na admiração, na tranqüilidade.
Para que o desabrochar da dignidade de cada um possa tornar-se uma realidade viva e completa, “antes de jurar silêncio sobre tudo quanto se passou”, se houver alguma coisa para enterrar (esquecer) sejam as palavras ásperas que disse, os gestos solidários que não fez, os preconceitos que externou, porque, ao julgar os outros, colocamos em nossas críticas o amargor de nossos próprios fracassos. Em nossas necessidades, sempre seguimos as três abençoadas regras: “Corrigir em nós o que nos desagrada nos outros; Amparar-nos mutuamente; Amar-nos uns aos outros.
Agradeço a Deus, ter me concedido a alegria de ao ter deixado meu veneralato e ter sido promovido a obreiro comum, falar mais uma vez dos laços que nos unem, porque não é sem razão que nos encontramos, nos reunimos e irmanados no mesmo trabalho e ideal, fundamos nossa Loja. E como um círculo, não tem começo e fim.
Reitero, aqui, meu agradecimento comovido e sincero a todos. Vale a pena trabalhar para um fim, quando não se está só.
E quando lá fora o mundo se prepara para as lutas mais dolorosas e mais rudes devemos agradecer ao Grande Arquiteto do Universo a felicidade de nos conservarmos em paz em nossa Oficina, sob a égide do Seu divino amor.
Permita-nos SENHOR continuarmos por Vós guiados e abençoados, conservando a tranqüilidade sagrada em nossos lares e corações e que também cubra de bênçãos, de vida abundante, feliz, repleta de Luz, Beleza, Bondade e Amor, toda a Humanidade.
Assim, esperamos em Sua infinita misericórdia, criar um mundo sem exploração do homem pelo homem, sem as contundentes diferenças de classes sociais e de compreensão, bondade, paz, harmonia, belezas e de amor com que tanto sonhamos.
Valdemar Sansão – M\M
ARLS\ Arnaldo Alexandre Pereira, n° 636 (GLESP)
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CATEDRAL

Certa vez, ao visitar uma enorme construção, uma pessoa parou diante de um operário e perguntou-lhe o que estava fazendo. O trabalhador respondeu: “Estou assentando tijolos”. Continuando seu passeio, o visitante fez a mesma pergunta a um segundo operário, recebendo como resposta: “Uma parede”. Mais adiante, inquirindo um terceiro trabalhador (a fazer a mesma coisa que os dois primeiros), teve como resposta: “Estou construindo uma catedral”.
Por que nossos sonhos não se tornam realidade? A estória acima nos ajuda a entender um pouco esta questão. Aquele que está fazendo uma parede não tem sonhos, simplesmente está juntando tijolos e argamassa e, para seu suplício, isto vai se repetir dia após dia. O primeiro, que está somente assentando tijolos, está em situação ainda pior, não sabendo se os tijolos vão constituir uma parede curta ou longa, alta ou baixa. Nem quantos são os tijolos…
O terceiro trabalhador, todavia, está construindo uma catedral. Em sua mente, ao trabalhar, vê, com clareza, a imponência do edifício e antevê as solenidades que ali ocorrerão, trazendo multidões. Com esta imagem precisa, certamente suas forças e seu interesse se multiplicarão. Terá imenso cuidado e incontida alegria a cada tijolo acrescentado; parará, por vezes, para mirar com admiração e orgulho o seu trabalho já feito e para imaginá-lo já concluído. Nada será capaz de tirá-lo ou desviá-lo de seu objetivo. Suportará e vencerá os obstáculos.
E por que? Porque tem um sonho, que se traduz em um objetivo, em uma razão fortíssima para estar ali, como os demais, assentando tijolo por tijolo, parede após parede mas, diferentemente dos demais, persegue um RESULTADO: a catedral pronta, em festa, cheia de pessoas rezando a seu Deus.
E nós? O que estamos fazendo? Assentando tijolos, fazendo paredes ou construindo uma catedral?
Parece que, na maioria das organizações, desvirtuadas ao longo do tempo, estamos assentando tijolos. Isto é, não temos um sonho que, na linguagem das organizações, pode ser chamado de OBJETIVO. Estamos, é certo, fazendo muitas coisas, o dia todo, o ano inteiro, estamos desempenhando tarefas, muito bem, por sinal. Mas, e os resultados?
Não sabemos o que estamos fazendo numa dimensão maior. E, se não sabemos, não estamos nos dedicando convenientemente a “construir a catedral”, a alcançar resultados, a fazer coisas grandes. E, com isto, todos perdemos, nós e as organizações às quais pertencemos. Não nos permitimos crescer. Condenamo-nos a sermos pequenos.
E esta constatação nos deixa frustrados, incompletos.
Certamente é muito pouco fazer as tarefas que nos determinam cumprir, mecânica e automaticamente, por hábito, como robôs. “Cumprimos o dever”, “fazemos certinho as coisas”, seguimos a rotina …
Mas, e a catedral?
Sonhemos! Nossos sonhos vão nos permitir estabelecer objetivos. Os objetivos vão se constituir em alvos que perseguiremos com ânsia e com garra. Seremos inflexíveis nesta jornada. Estaremos movidos por uma visão clara do que queremos como pessoas e como membros de uma organização.
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Estranha mulher

Eu sei que ela existe,
(embora eu nunca a veja…)
mulher estranha de mãos imensas,
semeando esmolas, misteriosamente,
cercada de respeito, de lendas e de temor
as mãos dessa mulher tem forma de amor
mãos que ninam os berços da orfandade,
mãos que põem luz na noite da viuvez,
mãos que cortam o erro, como espadas
mãos que abençoam, que denunciam crime
e que trazem, no gesto que redime,
toda a unção das próprias mãos de Deus.
Essa mulher tem a graça das Acácias,
a ternura que consola a dor alheia,
o bem que ela faz gravando só na areia,
vem a onda e o leva ao seio do grande Artista
que vala sobre o triste, o fraco e o oprimido.
Essa mulher, se escuta algum gemido,
se pressente a dor, a injustiça, a queda,
como o vento desloca-se flecha ousada e firme
na pressa de salvar, servir e se esconder.
Ela está de pé às portas da miséria…
Junto ao incapaz, ela é o braço potente,
amparo ela o é ao lado do indigente
arrimo da velhice, luz da juventude,
e ante a própria morte, aos pés do ataúde,
essa mulher é esteio, é força e segurança.
Seus braços, quais colunas talhadas na rocha,
já sacudiram tronos, muralhas e cidadelas,
já libertaram escravos e enriqueceram os pobres,
já ergueram nações sobre cinzas de impérios…
Ela já viu morrer os filhos em prol da liberdade,
e, embora chorando sobre seus tristes restos,
seu braço ergueu, em sagrado protesto,
a bandeira santa do amor universal.
De sua mesa farta, tal como em família,
reparte ela o pão da graça feminina,
sem humilhar aquele a quem sobrou pobreza,
e sua mão direita, segundo o evangelho,
jamais presenciou o que a esquerda fez.
A ordem do Senhor: “Amai-vos uns aos outros”
à frente do seu Templo essa mulher gravou,
e como irmãos se tratam milhões de filhos seus,
homens predestinados, cidadãos benditos
que não se envergonham – oh não – de crer em Deus.
Essa mulher estranha, sem jóias e sem fraqueza
essa mulher estranha, temida e venerada,
mil vezes perseguida, vencendo com galhardia,
é cidadã do mundo, é MAÇONARIA.

Maria Ivone Corrêa Dias
Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás
posta
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SE FOSSE APENAS UMA FÁBULA, SERIA ÓTIMO.

Qualquer semelhança com a vida real;
é uma mera coincidência.
Era uma vez um grande navio, que era comandado por um grupo de seletas raposas felpudas.
Os ratos, enquanto mandavam as raposas, criticavam tudo, falavam mal de tudo, não perdoavam deslizes ou erros, sempre afirmando que a embarcação afundaria se os métodos de navegação e a rota não fossem alteradas.
Enfim, tanto disseram e prometeram que acabaram por assumir o controle da embarcação.
Para tal empreitada, tiveram que se associarem a outros ratos, oriundos de diversos porões. Era necessário, assim foi feito.
Juntaram-se ao grupo, as vaquinhas de presépio, os lobos, alguns veados e sapos, além de outros menos cotados.
Cada qual passou a reivindicar seu quinhão de poder e foram sendo acomodados. Estes trouxeram alguns amigos para auxiliar nas árduas tarefas, deu até briga, para saber quem faria o quê.
Velhas raposas, inclusive algumas que já haviam comandado a nau, em um tempo obscuro da história, a pretexto de ajudar na administração, também se juntaram aos ratos, foram recebidos de braços abertos, e, claro, agraciados com cargos e benesses.
Foi então que um rato foi pego tentando ganhar algum extra, negociando benefícios e exclusividade em contratos com setores da administração. O tumulto foi geral, pois o rato era protegido de um grande rato-chefe e até agora ainda não se sabe se este último era conivente com as negociatas e se receberia parte do arrecadado.
As raposas felpudas, aliadas a outros animais, de pronto, exigiram a formação de uma comissão para esclarecer o caso. Os ratos, não concordaram e a coisa pegou fogo.
Para apagar o incêndio, foi preciso ampliar os acordos com outros grupos animais, raposas de grupos diferentes e até cobras coloridas, todos saíram em defesa dos ratos, e logo em seguida cobraram o valioso auxílio, exigindo mais poder de decisão e mais cargos e verbas.
Chamaram um velho conhecido que é especialista em propaganda. O felino de alta linhagem, logo tratou de fazer inúmeras propagandas que imediatamente começaram a ser veiculadas.
Enquanto isso, o navio não sai do lugar, parece atolado em banco de areia, esperando a maré subir. Vários grupos de animais, vendo a fragilidade do comando, também se amotinam, alguns fazem greve, outros invadem cabines já ocupadas, há uma onda de mortes, roubos, furtos e outros crimes.
Enquanto isso, o grande rato chefe continua fazendo proselitismo, viagens, passeios, inaugurações, e discursos cheios de metáforas, porém distantes da realidade do navio.
O prestígio do Grande Rato-Chefe cai vertiginosamente, começam a dizer que ele e seu grupo de sábios não sabem navegar e não conhecem suficientemente as condições do navio, do tempo, e dos instrumentos para levar a embarcação ao porto seguro.
Começaram, veladamente, depois mais abertamente a falar em quebrar a regra do jogo, para dividir o poder do Grande chefe, como já foi tentado em outra ocasião.
Ante, os sinais do naufrágio que já são mais evidentes, tanto, que os ratos e outros animais começam a abandonar o navio. Uns desancam a criticar o que anteriormente elogiavam, alguns, que até dividem o comando, ameaçam ir embora, apoios, antes irrestritos, vão diminuindo.
Um ratinho acusa a administração do Navio de ineficiência no combate aos crimes. Um Ratão, que toma remédio controlado, antes amigo íntimo, ao ponto de se vangloriar do mesmo sobrenome do grande rato-chefe, agora, percebendo a possibilidade do desastre, diz que estão fazendo tudo errado e que se continuar assim ele também vai cair fora do barco.
Os dias vão-se passando e os problemas vão se acumulando aos montes, e não se vislumbram soluções, ao contrário, parece que o navio vai mesmo afundar.
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A Estrutura do Universo

A astronomia compele a alma a olhar mais longe ...(Platão).

O SISTEMA SOLAR
Nosso planeta se encontra a 150 milhões de quilômetros do Sol. A velocidade da luz no vácuo é de 300.000 quilômetros por segundo; o que faz com que a luz gaste 8 minutos para sair do Sol e chegar a Terra. Dizemos assim que a nossa distância ao Sol é de 8 minutos-luz. O planeta mais distante no sistema solar, Plutão, está a 62 minutos-luz do Sol.

O sistema solar consiste do Sol; os nove planetas, cerca de 90 satélites dos planetas, um grande número de pequenos astros (os cometas e asteróides), e o meio interplanetário. (Existem também mais satélites planetários que foram descobertos mas que não foram oficialmente batizados.) O sistema solar interior contém o Sol, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Os planetas do sistema solar exterior são Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.

As órbitas dos planetas são elipses com o Sol em um dos focos, embora Mercúrio e Plutão terem órbitas quase circulares. As órbitas dos planetas estão mais ou menos no mesmo plano (chamada de eclíptica e definida pelo plano da órbita da Terra). A eclíptica está inclinada somente 7 graus em relação ao plano do equador do Sol.

A órbita de Plutão é a que mais se desvia do plano da eclíptica com uma inclinação de 17 graus. Os diagramas acima mostram os tamanhos relativos das órbitas dos nove planetas de uma perspectiva um pouco acima da eclíptica. Todos eles orbitam na mesma direção (anti-horário olhando acima do pólo norte do Sol); todos menos Vênus, Urano e Plutão também tem a sua rotação no mesmo sentido.

Existem ainda pequenos astros que habitam o sistema solar: os satélites dos planetas; o grande número de asteróides (pequenos corpos rochosos) orbitando o Sol, a maioria entre Marte e Júpiter mas também em outros lugares; e os cometas (pequenos corpos congelados) que vem e vão das profundezas do sistema solar em órbitas altamente alongadas e em orientações aleatórias em relação à eclíptica. Com algumas poucas exceções, os satélites planetários orbitam no mesmo sentido que os planetas e aproximadamente no plano da eclíptica mas isto não é geralmente verdade para cometas e asteróides.

A VIA LÁCTEA
À noite, olhando o céu, percebemos que estamos avizinhados em todas as direções por um número incalculável de estrelas, semelhantes a nosso Sol. A estrela mais próxima do Sol se chama Próxima Centauro e está a 4,2 anos-luz de nós. Encontramos 20 estrelas dentro de um raio de 20 anos-luz do Sol, distribuídas de forma aleatória. Essas estrelas são como que casas em nosso quarteirão. Houve uma época que a humanidade pensava estarem às estrelas distribuídas aleatoriamente por todo o universo. Hoje sabemos que as estrelas se reúnem em grupos imensos, com formas e movimentos característicos. A esses grupos damos o nome de galáxias. A nossa galáxia, que recebe o nome de Via Láctea, é constituída por centenas de milhões de estrelas e tem um diâmetro de 100.000 anos-luz. A Via Láctea está para o universo assim como nossa cidade está para o planeta Terra.

AGLOMERADOS E SUPERAGLOMERADOS GALÁCTICOS
Também as galáxias se reúnem em grupos. A Via Láctea faz parte de um extenso aglomerado de 20 galáxias ao qual chamamos Grupo Local. O diâmetro do Grupo Local é de aproximadamente 4 milhões de anos-luz. Próximos ao Grupo Local, também em todas as direções, encontram vários e vários outros aglomerados. Os aglomerados galácticos também se reúnem em grupos. O Grupo local juntamente com algumas dezenas de outros aglomerados constituem o que chamamos Super Aglomerado Local. O Grupo Local se encontra próximo à borda do Super Aglomerado Local que tem um diâmetro de 150 milhões de anos-luz. Dentro da analogia que estamos fazendo o Aglomerado Local seria equivalente a nosso Estado, Minas Gerais, e o Super Aglomerado Local a nosso país, Brasil.

O UNIVERSO CONHECIDO
Como uma conseqüência daGrande Explosãoque deu origem ao universo, vê todo o universo em expansão. O Super Aglomerado Local é também avizinhado em todas as direções por outros aglomerados e super aglomerados, que se movem afastando-se uns dos outros. Quanto mais distante um corpo se encontra de outro, maior essa velocidade de afastamento. Através do horizonte observável detectamos, além de uma radiação uniforme também proveniente da "Grande Explosão Cósmica", pontos de grande intensidade de radiação aos quais denominamos quasares. São esses os objetos mais distantes observados. Os mais longínquos, a aproximadamente 16 bilhões de anos-luz, estão se afastando de nós com uma velocidade superior a 90% da velocidade da luz. Pela ciência atual a velocidade da luz é uma velocidade limite; atingível apenas por orpos muito especiais, como o fóton, que não têm massa. Os quasares estariam assim próximos ao limite do universo.

OLHANDO PARA O PASSADO
Quanto mais distante vemos um objeto, mais no passado estamos observando-o. Se ocorrer uma explosão no Sol agora só a veremos daqui a 8 minutos. A Próxima Centauro que estamos vendo agora é na realidade a Próxima Centauro de 4,2 anos atrás. Da mesma forma, a luz que detectamos hoje desses quasares foi emitida a bilhões de anos atrás, antes mesmo de a nossa galáxia existir. Não detectamos nenhum quasar nas proximidades de nosso super aglomerado simplesmente porque eles não existem mais. Muito possivelmente os quasares são os objetos que deram origem à estrutura de super aglomerados, aglomerados e galáxias.

Segundo Platão, cuja cosmogonia é expressa no mito do Timeu, pois a física é apenas um passatempo para o espírito, o mundo, obra de um demiurgo, é belo e vivo. Cópia corpórea e sensível do modelo inteligível é habitado por uma alma que mistura três essências: a indivisível, unidade absoluta do todo inteligível, a divisível, ou multiplicidade que caracteriza os corpos e seu vir-a-ser, e uma terceira, intermediária, a existência, que participa das duas primeiras. O centro da alma, uma espécie de envoltório esférico do corpo do mundo, coincide com o centro do mundo, e seus movimentos circulares se confundem. O corpo do mundo é composto do fogo e da terra, entre os quais se interpõe, por razões matemáticas, a água e o ar, matéria ou elementos que preexistem à ação do demiurgo e cujo começo de organização explica-se mecanicamente.

O UNIVERSO E A SUA RELAÇÃO ESOTÉRICA
Citando Hermes o Trimegisto (2.700 a. C):
"Sob as aparências de Universo, de Tempo, de Espaço e de Mobilidade está sempre encoberta a Realidade Substancial - a Verdade Fundamental."

A substância é aquilo que se oculta debaixo de todas as manifestações exteriores, a essência, a realidade essencial, é coisa em si mesma. Substancial é aquilo que existe atualmente, que é o elemento essencial, que é real, etc... A realidade é o estado real, verdadeiro, permanente, duradouro atual de um Ente. O Todo é mental e o Universo é Mental.

Aquele que compreender a Verdade da Natureza Mental do Universo estará avançado no Caminho do Domínio. Todo o Universo é Mental e quando o Homem dominar sua própria Mente, a colocará em sintonia com a Mente Universal e terá o domínio da Verdade.

O Todo é Espírito, é incognoscível e indefinível em si mesmo, mas considerado como uma Mente Vivente Infinita e Universal. Todo o Universo é simplesmente uma Criação Mental do Todo, sujeito às Leis das Coisas Criadas, e tem sua existência na Mente do Todo, em cuja Mente vivemos e temos nossa existência.

O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima. Este é o Princípio da Correspondência e nele fica estabelecido que no Microcosmo assim como no Macrocosmo, tudo segue o seu destino e o nosso corpo é apenas um reflexo das manifestações do Universo, como provam os átomos, que no Micro como no Macro. Reage de uma única forma. As reações astrais são as mesmas de nosso corpo interior - mesmos átomos, mesmos movimentos.

Este princípio contém a Verdade, que existe uma correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da Existência e da Vida. Este Princípio é de aplicação e manifestação Universal nos diversos planos do Universo material mental e espiritual: É uma Lei Universal. O Princípio de Correspondência habilita o Homem a raciocinar inteligentemente do Conhecido ao Desconhecido.

O UNIVERSO E A SUA RELAÇÃO COM A ARTE REAL - O UNIVERSO REPRESENTADO DENTRE DE UMA LOJA

A ABÓBADA CELESTE.
"No princípio, Deus criou o Céu e a Terra... Deus disse: Haja Luz! E houve Luz... Viu que a Luz era boa e separou a Luz das Trevas... Deus disse: Haja um firmamento... e chamou o firmamento de Céu. O Céu da Loja em Maçonaria, simbolicamente, representa o firmamento natural e se denomina de Abóbada Celeste. Platão já nos falava:
"Para crer em Deus basta erguer o olhar para cima".

A Abóbada, de cor azulada, está decorada com astros, estrelas e nuvens. É a representação do firmamento celeste. Não apenas na Maçonaria, como também em várias religiões. O Templo significa o Cosmo, é o símbolo da universalidade. Está atribuída à construção da primeira abóbada aos romanos, que tiveram influência dos etruscos e gregos na arquitetura, construindo-a com tal habilidade e beleza que, naquela época, foi considerada como inspirada pelos deuses.

"No teto da Loja figuram: do lado do oriente, um pouco à frente do Trono do Venerável, o Sol; por cima do Altar do Primeiro Vigilante, um estrela de cinco pontas; acima do Altar do Segundo Vigilante, a Lua; no centro do teto, três estrelas da constelação de órion; entre estas últimas e o nordeste, as estrelas da constelação de Plêiades, Híades e Aldebaran; a meio do caminho entre Órion e o nordeste, Réguluz; ao norte, a Ursa Maior; a nordeste, em vermelho, Arcturos; a leste, a Spica da Virgem; a Oeste, Antares; ao Sul, Formalhaut. Júpiter no Oriente; Vênus no Ocidente; Mercúrio nas proximidades do Sol; Saturno e seus anéis, próximo a Órion.

A distribuição dos astros e estrelas no teto da Loja variam em alguns ritos. Cada astro e estrela têm sua importância simbólica e merece um estudo mais aprofundado. Mas para não deixar o trabalho muito longo, farei apenas alguns comentários a respeito dos astros e estrelas, começando pelas duas luminárias principais do nosso planeta:

O SOL é a estrela do centro do sistema solar (e pensar que Galileu Galilei quase morreu por defender o óbvio!!!), tem cerca de cinco bilhões de anos e continuará brilhando por mais cinco bilhões de anos. O Sol também é o símbolo do Deus Único, sustentado por Akenaton (faraó egípcio) no século XIV antes de Cristo, numa época em que o politeísmo (vários deuses) era a idéia predominante. No Egito Osíris era representado no Sol; na Síria Adônis era o Sol; na Grécia, o sumo sacerdote conhecido como Hierofante, simbolizava o Sol. No nosso caso não vamos adentrar na figura mitológica do Sol (ex. a lenda do Deus Rá, símbolo do Sol); tendo seu significado para cada povo da Antigüidade. Basta verificarmos o Panteão de deuses e deusas na mitologia grega.

O Sol na Maçonaria aparece no painel de Aprendiz; no avental do Mestre Instalado; na jóia do Orador; no oriente da Loja à frente do Trono e na denominação do 28º grau Adonhiramita, Cavaleiro do Sol. O mais importante para nós, neste grau, é o que está escrito no ritual de Aprendiz Adonhiramita, pg. 33: "Assim como o Sol aparece no Oriente para principiar sua carreia e romper o dia, assim o Venerável ali tem assento para abrir a Loja, ajudar os Obreiros com seus conselhos e iluminá-los com suas Luzes.

A LUA é o único satélite natural da Terra, tendo exatamente ¼ do tamanho da Terra. Nas antigas Escolas de Mistério, sempre esteve representada. No Egito era a deusa Ísis, patrona dos Mistérios Menores; na Síria, era a deusa Astaroth; na Grécia, Hecate. Na Loja a Lua aparece acima do Altar do Segundo Vigilante e no Painel de Aprendiz.

Os Planetas: Mercúrio é o menor dos planetas e o mais próximo do Sol; Vênus é o segundo mais próximo, quase do tamanho da Terra e de estrutura semelhante; Júpiter é o quinto planeta e o maior do Sistema Solar, existindo 16 luas jupterianas conhecidas; Saturno é o sexto planeta em distância do Sol, quase tão grande quanto Júpiter, possuindo 18 luas.Astros e estrelas estiveram representados em estátuas, quadros, arcos e pórticos de várias Igrejas do Velho Mundo. Para deixar mais claro, citamos um trecho do livro "Os Mistérios das Catedrais" de Fulcanelli, que faz comentários de uma gravura da Catedral de Notre Dame de Paris: "No centro do tímpano, na cornija média, olhai o sarcófago, assessório de um episódio da vida de Cristo; vereis aí sete círculos: são os símbolos dos sete metais planetários. O Sol indica o Ouro, o Azougue o mercúrio; o que Saturno é para o chumbo, é-o Vênus para o bronze; a Lua da prata, Júpiter do estanho; e Marte do ferro, são a imagem.

Sem dúvida, a configuração desses planetas, que são os mesmos do teto da Loja, juntamente com o Sol e a Lua, é de cunho alquímico, um paradoxo do pensamento alquímico/rosacruz da época, iluminando o Templo do pensamento cristão. As Nuvens representam a ascensão da consciência e a pureza de pensamento que se volatiliza em direção ao Cosmos. A Abóbada Celeste é um Caminho Simbólico para alcançarmos verticalmente o Conhecimento Espiritual, dentro do Universo Infinito. O salmo 18 diz: "Os céus contam a Glória de Deus e o Firmamento proclama Sua Obra.

Os Cargos Em Loja E Os Planetas
Os sete principais cargos estão diretamente relacionados com os sete planetas esotéricos. Alguns autores maçons dizem que estão grafadas na Abóbada Celeste as presenças destes planetas por sobre os cargos a eles relacionados. Abordaremos a questão da Abóbada Celeste no próximo tópico. Iniciando pelo Ven. .M. . Está relacionado ao planeta Júpiter, visto que representa a Sabedoria. Júpiter rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre e a felicidade.

O Orad. . Está relacionado com Mercúrio o planeta que rege a expressão da Verdade, pois é oenviado de Deus . Mercúrio tem asas nos pés e é o porta-voz, aquele que dá as boas vindas e domina os escritos. O cargo de Secr. . relaciona-se com o planeta Saturno . É ele o responsável de gravar para a eternidade os fatos de forma fria e exata. Ele é o controlador rígido da ordem dos processos e cioso pela documentação dentro das normas. O M. .de Ser. . por sua vez está relacionado ao planeta Sol. O Sol caminha diariamente pelo Céu, levando e trazendo a existência, a verdade e a justiça. É ele que anima a vida e que circula no oriente e no ocidente. O Tes. . recebe a simbologia da Lua em sua atividade. A Lua dispõe sobre os assuntos mundanos e materiais. Ela é o principal elemento de ligação com o mundo concreto regendo toda geração de uma nova vida ou o desenvolvimento de um corpo já existente. A Lua rege a família, a cidade, o lar e o corpo; portanto rege o Templo.

De forma óbvia, o 1o Vig. . e o 2o Vig. . são regidos respectivamente por Marte e Vênus, planetas da força e da beleza, simbologia das CCol. . onde têm seus tronos. Marte rege o início, a coragem, o pioneirismo e o impulso. Vênus rege a harmonia, o prazer, a alegria, e a beleza como reflexo da manifestação do G. .A. .D. .U. ..

Como sempre nos é ensinado devemos associar as ferramentas de trabalho aos sentidos místicos e extrair delas o seu significado e a sua essência para que possamos transmutar este conhecimento e realizar a obra criadora da luz divina.

O Circulo
Símbolo da livre criação, do infinito e do universo, visto não ter começo nem fim e resultar apenas de um ponto central (o homem), que o traça utilizando um instrumento (o compasso) cujo raio é o limite dos seus conhecimentos, da sua iniciativa e da sua ousadia.

Compasso
Símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas. Algumas ciências naturais e artes acabaram se perdendo através dos séculos e acabe a maçonaria reunir os seus ensinamentos e preservar a sua essência, dois exemplos bem claros destes são a Alquimia e a Cabala Judaica.

Contra o racionalismo do Século XVIII, sobreveio uma reação no Século XIX, com o crescimento de um misticismo novo que muito deve à Santa Cabala, tradição antiga do Judaísmo, que relaciona a cosmogonia de Deus e universo à moral e verdades ocultas, e sua relação com o homem. Não é tanto uma religião, mas, sim, um sistema filosófico de compreensão fundamentado num simbolismo numérico e alfabético, relacionando palavras e conceitos.

Alquimia - é a arte espagírica: aquela que separa e reúne. Isto é perfeitamente expresso na máxima alquímica "solve et coagula" (dissolve e coagula). A alquimia é a arte de entender o universo. Ao seu modo, os alquimistas foram os psicólogos, filósofos e médicos de sua época. Suas idéias em comum envolvem: Imortalidade - Longa Vida Androginia - Pedra Filosofal - Tornar-se um Deus - Panacéia.

Para Dante Alighieri o décimo céu é o empíreo, ou esfera do fogo, onde se encontra a Cidade Santa. Mas enquanto os nove céus inferiores são animados de moto rotatório que transmite ao cosmo a fluência do tempo, o décimo permanece imóvel, num eterno presente sem passado nem futuro. Para Pitágoras o cosmo era envolvido pela esfera do tempo, ou periekon, e Arquitas afirmava que além do periekon existia uma esfera caracterizada por um tipo diferente de tempo que ele chamava de tempo psíquico. Na Divina Comédia, Dante mostra como, passando da consciência humana à consciência divina (localizada no décimo céu) se torna possível a conexão entre o tempo físico e o tempo psíquico. Nesse tempo psíquico o princípio e o fim se reúnem garantindo assim a solução do problema da mortalidade física dos seres humanos.

Ninguém sabe exatamente o que existe além dos extremos limites do universo, mas a cosmologia moderna nos oferece uma visão extremamente sugestiva. Vários bilhões de anos atrás, uma explosão primordial (big bang) deu origem não apenas ao mundo material como também ao cenário onde o cosmo está mergulhado, os seja o espaço-tempo. Desde o instante inicial do big bang o espaço-tempo tem se propagado com a velocidade da luz uniformemente em todas as direções fazendo com que o universo ocupe agora um volume limitado, embora ainda em expansão. É claro, então, que além dos limites do universo sempre se encontrará algo de indefinível, mas que não é espaço vazio, pois o espaço-tempo ainda não chegou lá. Nessa região, que envolve totalmente o cosmo, o tempo não transcorre porque lá ele não existe. Assim, a visão cosmológica dos antigos pitagóricos apresenta, pelo menos na questão do tempo, uma considerável analogia com a estrutura do universo proposto pelos cientistas modernos.

Os efeitos dos corpos celestes sobre os assuntos terrestres tem sido observados e registrados por milhares de anos. Evidencia-se que nenhum sistema de conhecimento poderia ter sobrevivido às vicissitudes de centenas de eras se não estivesse fundamentado numa verdade demonstrável. Os antigos estavam convencidos por incontáveis observações que os corpos celestes não apenas influenciam os assuntos do mundo, mas também que tal influencia é periódica e consistente, e os elementos envolvidos podem ser representados numa Ciência Exata - a única Ciência Profética Exata que o Homem preservou.

"Assim como ao final do grande ciclo do ano sideral, medido pela precessão dos equinócios em torno do círculo do Zodíaco, os corpos celestes voltam a ocupar as mesmas posições relativas, assim também, no final do ciclo de Iniciação, a parte divina do homem recuperava seu prístino estado de divina pureza e conhecimento", do qual partiu para realizar sua peregrinação através da. Matéria, mas enriquecido pelas experiências então obtidas.

O mais antigo zodíaco circular conhecido se encontra em Dendera, no Egito.As constelações estão representadas no medalhão central, circundado por outro círculo que contem caracteres hieróglifos, contidos em um quadrado.As constelações zodiacais, misturadas a outras configuram uma espiral. Nas extremidades desta espiral após uma revolução estão Leo e Câncer.O Leão está sobreuma serpente e sua cauda é segurada por uma mulher.Após o Leão vemos uma Virgem segurando uma espiga de milho, e logo depois a balança (Libra), acima da qual num medalhão aparece a figura de Harpócrates. Em seguida vemosrepresentados os signos deEscorpião e Sagitário, o qual foi representado como um Centauro alado com dupla face.Após Sagitário estão sucessivamente colocados Capricórnio (Cabra com rabo de peixe), Aquário (figura humana), Piscis (Peixe) , Áries (Carneiro), Taurus (Touro)e Geminis (Gêmeos) A precessão zodiacaltermina em Câncer (representado pelo escaravelho, o emblema da alma). Os pl anetas também são exibidos, com os signos nos quaisestão exaltados (Vênus em Piscis; Marte em Capricórnio; Mercúrio em Virgo e Saturno em Libra). O círculo externo indica a precessão dos equinócios.

Esta era a forma de representar o universo no passado associando as constelações e conhecimentos existentes a sua relação esotérica, pois muito se não tudo que o homem tem e conhece ou foi ensinado pelas palavras do GADU ou transmutado das estrelas, ou seja, o conhecimento contido na estrutura do universo se deposita em forma de luz ao chegar a terra e este conhecimento depositado é transmutado e renasce como a fênix das cinzas em forma de ensinamento e de interpretações da lógica universal e das viagens físicas e mentais que a consciência percorre na sua busca através dos conhecimentos que uma vez assimilados são extraídos da forma mais pura de consciência e associados à essência do Universo e de sua infinita sabedoria.

Este trabalho não tem a intenção de esclarecer a maioria das perguntas a serem feitas nem de revelar todo o conhecimento sobre o universo ou sua relação com a humanidade, é apenas uma ferramenta para despertar a alma e impulsioná-la na busca de mais conhecimentos, pois é o infinito o limite do tempo e do espaço e da busca pelo conhecimento, infinita é a sabedoria do GADU e infinitas são as faces da alma e do tempo e espaço a serem descobertos, e infinita deve ser a nossa sede de conhecimento, pois nós somos a maçonaria e a maçonaria é uma filosofia e uma fraternidade, onde os homens bons se "encontram no nível e se separam no quadrado .Isto une todos maçons através de um laço místico de irmandade sincera e amor mútuo. Fé e trabalho, alma e corpo, coração e mão estão sempre unidas entre os maçons, por isto, em toda lugar onde trabalha, a maçonaria levará paz e harmonia para honrar o criador e servir a humanidade.


Flávio Dellazzana, C.'. M.'.
A.'.R.'.L.'.S.'. PEDRA CINTILANTE, 60
G.'.O.'.S.'.C.'./C.'.O.'.M.'.A.'.B.'.


BIBLIOGRAFIA:
1. Símbolos Maçônicos e suas origens Assis Carvalho Ed. A Trolha;
2. Comentários ao Ritual de Aprendiz, vol. 2 e 3, Nicola Aslan Ed. A Trolha;
3. Grau do Aprendiz e Seus Mistérios Dr. Jorge Adoum Pensamento;
4. Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom- Edit. A Gazeta Maçônica - 1a. ed. - 1985 - 2a. ed. 1992.
5. Maçonaria, um estudo completo Júlio Doin Vieira Ed. A Trolha;
6. Maçonaria Simbólica Raul Silva Pensamento;
7. Iniciação à Astronomia, Vol. 1 e 2 Euclides Bordignon Ordem Rosacruz;
8. Instruções de Aprendiz Adonhiramita GOSC
9. Ritual de Aprendiz Adonhiramita GOSC
10. Bíblia de Jerusalém Ed. Paulinas.
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A Física Quântica seria necessária para explicar a Consciência?

Esta palestra foi ministrada no encontro Questões Metodológicas em Ciências Cognitivas realizado no Instituto de Estudos Avançados da USP em 1994, a convite de Henrique del Nero, tendo sido publicada na Coleção Documentos - Série Ciência Cognitiva - 20, pp. 184-9. Por Osvaldo Pessoa Jr.

1.Introdução

Seria a consciência um fenômeno quântico? Por mais forçada que tal especulação possa parecer, ela tem sido seriamente considerada por vários pesquisadores nos últimos cinco anos.A motivação para essa abordagem, grosso modo, é que como a consciência é uma coisa misteriosa, e os fenômenos quânticos também o são, então esses dois mistérios poderiam estar ligados. O presente trabalho, ainda em fase preliminar, é um estudo dos diferentes argumentos utilizados para defender tal ligação, e das diferentes linhas de pesquisa em neurociência que fazem uso de considerações da física quântica.Veremos que a questão de se a consciência é um fenômeno quântico é basicamente uma questão empírica, ainda em aberto, mas que uma formulação precisa desta questão requer esclarecimentos filosóficos relativos às definições de "consciência" e de "fenômeno quântico".
2.A quem interessa tal Tese?
Vamos nos colocar dentro do contexto do materialismo, e supor que estados e processos conscientes são idênticos a certos estados e processos fisiológicos.Neste contexto, existe um debate em psicologia que gira em torno do funciona¬lismo ("strong AI"), que defende que a mente depende apenas da estrutura dos processos cerebrais, e não de sua realização física. Assim, em princípio, um computador poderia ter consciência, ou mesmo uma sociedade poderia ter uma consciência própria, desde que os elementos destes sistemas satisfizessem certas propriedades estruturais, ainda não conhecidas pela ciência. A mente seria como um programa de computador.
A tese de que o problema mente-corpo só poderá ser esclarecido quando for levado em conta a natureza quântica do cérebro tem sido usada como um argumento anti-funcionalista. Esta posição defende que existe algo nos detalhes dos processos fisiológicos da mente que é essencial para a consciência. Talvez esse "algo" seja um processo quântico! Se isto for verdade, então computadores feitos com chips convencionais e sociedades humanas não poderão ter consciência.
3. O que é a Consciência?
Boa pergunta!Não sei bem! Espero aprender nesta conferência!
Mas tem algo a ver com eu (ou você) estar aqui agora, tendo acesso a impressões sensoriais que possuem uma qualidade fenomênica (os "qualia", a qualidade branca neste branco, etc.), tendo acesso a memórias que são sempre relativas às experiências minhas, tendo desejos e pensamentos que parecem ter sempre uma intencionalidade, tendo uma noção de unidade de minha consciência, tendo uma noção de tempo e um terrível pavor ao representar adequadamente a minha morte.
4. O que é um Fenômeno Quântico?
Um ponto filosofico crucial a ser esclarecido se refere ao significado da expressão "fenômeno quântico", em oposição a um fenômeno "clássico". A física quântica é a teoria científica que descreve os objetos microscópicos, como átomos, e sua interação com a radiação (luz, etc.). Como ela é uma teoria muito bem sucedida, pode-se dizer que qualquer fenômeno microscópico é um fenômeno quântico. Assim, como nosso cérebro é constituído de entidades microscópicas, num sentido trivial nosso cérebro é quântico, assim como nossa consciência (supondo o materialismo).
Mas não é essa a nossa pergunta. Queremos saber se a física quântica é necessária para explicar a consciência, ou seja, se a física clássica é incapaz de explicá-la. Mas afinal, o que é a teoria quântica? Em poucas palavras, podemos dizer que o que a física quântica tem de essencial é que ela é uma teoria que atribui propriedades ondulatórias para partículas individuais. Na década de 1920, comprovou-se que toda radiação é absorvida em quantidades discretas de energia ou massa, chamados de "quanta", e que todas as partículas ou quanta podem exibir propriedades ondulatórias, como interferência, difração, etc. Esta constatação é uma versão fraca do princípio da "dualidade onda-partícula".
A física clássica incluia a mecânica de partículas e a mecânica ondula¬tória, mas cada qual tinha um domínio de aplicação exclusivo. Partículas seguiam trajetórias bem definidas e não se dividiam em espelhos semi-refletores. Ondas se espalhavam pelo espaço, se dividiam, interferiam consigo mesmas, eram limitadas pelo princípio de incerteza (por exemplo, um pulso de luz emitido em um intervalo de tempo curto não podia ter uma freqüência bem definida), sofriam tunela¬mento, e exibiam flutuações em sua intensidade. A física quântica é justamente a teoria que atribui todas essas propriedades ondulatórias a partículas individuais.
Considere agora um determinado tipo de objeto, como um elétron, e o conjunto de suas manifestações (ou seja, os diferentes tipos de experimentos que podem ser feitas com esse elétron). Em geral, a cada um destes experimentos pode-se atribuir ou uma descrição corpuscular, ou uma ondulatória (esta é uma versão forte da dualidade onda-partícula, conhecida como complementaridade, mas que parece ter exceções). Se este conjunto de manifestações do objeto contiver os dois tipos de comportamento (onda e partícula), então somos forçados a dizer que só a física quântica é capaz de descrever o objeto.Caso isso não aconteça (ou seja, todas as manifestações são de apenas um tipo), dizemos que o objeto se comporta classicamente.
Considere a absorção de luz pela retina. A física quântica é necessária para descrever este processo?Bem, sabe-se que certos animais são sensíveis a apenas um fóton, e assim este processo é corpuscular.No entanto, acredita-se que nenhuma das propriedades ondulatórias da luz são relevantes para o processo de absorção em si. As propriedades ondulatórias afetam a distribuição espacial dos fótons, mas a absorção em cada célula da retina independe do que está acontecendo em outras células (ou estarei enganado?).Assim, a física clássica seria suficiente para explicar a absorção de luz pela retina.
Existiria algum processo em nosso cérebro, essencial para a nossa consciência, que só pode ser explicado pela física quântica?
5.O Papel da Consciência na Física Quântica
A ligação entre consciência e física quântica foi estabelecida na década de 1930, mas em um sentido diferente do que estamos examinando aqui.Para expli¬car como que uma frente de onda espalhada podia ser detectada em uma chapa foto¬gráfica como uma trajetória quase linear, elaborou-se a noção de um colapso do pacote de onda que seria causado pela ato da observação (Heisenberg, 1927).Ora, qual é a essência de tal ato?Para alguns físicos importantes da época, era a presença de uma ser consciente.A consciência humana seria causadora de uma transição quântica! Após a Guerra, o consenso passou a ser que uma observação se caracterizaria pela presença de um aparelho macroscópico de medição, elimi¬nando assim o papel legislador da consciência (ver PESSOA, 1992). Ainda hoje, porém, alguns físicos e filósofos respeitáveis aderem à tese subjetivista.
6. O Papel da Física Quântica na Consciência
A tese que pretendemos examinar com maior cuidado não é o papel da consciência na teoria quântica, mas o papel da teoria quântica nas teorias materialistas da consciência. Apresentarei aqui os principais argumentos em favor da tese de que a física quântica é essencial para a consciência.
a) O cérebro seria um "computador quântico". Este conceito foi bastante trabalhado pelo físico David Deutsch (ver DEUTSCH, 1992), que mostrou que tal computador seria mais eficiente do que um computador digital.Por seleção natural, essa vantagem computacional poderia ter favorecido um cérebro que fosse um computador quântico ( LOCKWOOD, 1989, pp. 251-2). O problema com este argumento é que o cérebro é muito quente para que tal computação quântica pudesse ocorrer.
b) O cérebro computaria funções não-recursivas. Computadores clássicos e quânticos só podem computar funções recursivas, mas o pensamento humano (por exemplo, a intuição matemática) extrapolaria esta limitação. Uma solução inovadora ao problema do colapso na mecânica quântica talvez solucionasse também esse problema da consciência (PENROSE, 1989, pp. 403-4). O problema aqui é que não se mostrou rigorosa¬mente que o pensamento humano é capaz de computar funções não-recursivas.
c) Um fenômeno quântico semelhante à "condensação de Bose" poderia ocorrer no cérebro ( MARSHALL, 1989).Este fenômeno é observado a baixas temperaturas, quando um grande número de partículas se comporta identicamente. FRÖHLICH (1968) propôs um modelo biológico deste fenômeno de "coerência" à temperatura ambiente, envolvendo moléculas dipolares.Alguns pesquisadores afirmam ter encontrado evidência de que tal fenômeno ocorreria no cérebro (ver HAMEROFF et al., 1993, p. 340). Preciso estudar esta questão um pouco mais a fundo para poder avaliar sua plausabilidade.
d) O cérebro seria regido por leis análogas às da mecânica quântica. Existe uma abordagem em neurociência que supõe que a convencional dinâmica do neurônio e da sinapse não é fundamental, e que as funções cerebrais podem ser descritas por um "campo dendrítico" que obedeceria a equações da teoria quântica de campos (STUART et al., 1979; JIBU & YASUE, 1991).Esta abordagem matemática foi inspirada na proposta de Karl Pribram, nos anos 60, de um modelo "holonômico" para o cérebro (ver PRIBRAM, 1991).Conforme notado por WERBOS (1993, pp. 301-3), o fato de leis análogas às da mecânica quântica descreverem funções cerebrais não implica que tais funções constituam um fenômeno quântico. Além disso, em tais modelos não se introduzem medições que causam colapsos, o que sugere que a descrição destes autores é meramente ondulatória.
e) A liberação de neurotransmissores é um processo probabilístico, que seria descrito apenas pela física quântica. Tal liberação, chamada de "exocitose", ocorreria com uma probabilidade relativamente baixa (de cada 5 impulsos nervosos chegando à vesícula sináptica de células piramidais do neocórtex, apenas 1 liberaria o neurotransmissor).De acordo com John Eccles, a mente (que em sua visão dualista existe independentemente do cérebro) pode alterar levemente essas probabilidades de exocitose, o que constituiria um mecanismo para a ação da mente sobre o cérebro.Rejeitamos aqui, por motivos filosóficos, esse dualismo de Eccles. Agora, se ele estiver correto e a exocitose puder ser descrita pela teoria quântica (BECK & ECCLES , 1992), faltaria mostrar que a mecânica quântica é necessária para decrever este fenômeno, conforme explicado na seção 4, e de que forma este fenômeno está ligado com a emergência da consciência.
f) A nível subneuronal ocorreria processamento de informação. Nos anos 70 descobriu-se que as células possuem uma delicada estrutura formada por "micro¬túbulos" de proteína, formando um "citoesqueleto". HAMEROFF et al. (1993, p. 330) citam alguma evidência experimental de que o citoesqueleto tem de fato uma função cognitiva, ligada à memória. Como tais microtúbulos são cilindros com diâmetro de apenas 25 nanometros (10-9 m), é provável que eles só possam ser adequadamente descritos pela física quântica. Resta saber se de fato o cito¬esqueleto tem uma função cognitiva, além de sua função estrutural e de trans¬porte. Em um recente relato irônico a respeito deste programa de pesquisa (HORGAN, 1994, p. 77), anuncia-se que Penrose aderiu a ele.
7) A mecânica quântica explicaria fenômenos de percepção extrasensorial.Alguns autores partem do princípio de que a consciência pode exercer influência direta sobre processos naturais, e procuram mostrar como um modelo quântico da consciência daria conta deste e de outros tipos de fenômenos (JAHN & DUNNE, 1986). Marshall (citado por HORGAN , 1994, p. 78) defende que a performance mental de seres humanos é alterada quando um eletroencefalograma é feito, já que este aparelho de medição estaria provocando colapsos no cérebro. Não creio que tais propostas devam ser levadas a sério em nossa discussão.
8. Conclusão
Não existe evidência concreta, ainda, de que a física quântica seja necessária para explicar a consciência. O modelo de Fröhlich e a hipótese de que os microtúbulos tenham uma função cognitiva são bastante interessantes, e merecem ser investigados mais a fundo. Mas quanto às declarações de que tais hipóteses foram confirmadas, conhecemos bem a dinâmica da ciência para não nos deixarmos levar facilmente por tais promessas. Este é um campo em que os pré-julgamentos filosóficos possuem bastante peso.E mesmo que tais hipóteses se confirmem, permaneceria a questão de se a consciência, a ser caracterizada de maneira precisa, faria uso de maneira essencial das características quânticas dos processos cerebrais. Como saldo positivo, espero ter definido de maneira adequada um critério para caracterizar um fenômeno quântico (seção 4), que preciso ainda estender de maneira precisa para a condensação de Bose.


Bibliografia
BECK, F. & ECCLES, J.C. (1992): "Quantum Aspects of Brain Activity and the Role of Consciousness", Proceedings of the National Academy of Sciences U.S.A. 89, 11357-61.
DEUTSCH, D. (1992): "Quantum Computation", Physics World 5(6), 57-61.
FRÖHLICH, H. (1968): "Long-Range Coherence and Energy Storage in Biological Systems", International
Journal of Quantum Chemistry 2, 641-649.
HAMEROFF, S. et al. (1993): "Nanoneurology and the Cytoskeleton: Quantum Signaling and Protein Conformational Dynamics as Cognitive Substructure", in Pribram (1993), pp. 317-376.
HORGAN, J. (1994): "Can Science Explain Consciousness?", Scientific American , julho, 72-78.
JAHN, R.G. & DUNNE, B.J. (1986): "On the Quantum Mechanics of Consciousness, with Application to Anomalous Phenomena", Foundations of Physics 16, 721-772.
JIBU, M. & YASUE, K. (1993): "The Basics of Quantum Brain Dynamics", in PRIBRAM (1993), pp. 121-145.
LOCKWOOD, M. (1989): Mind, Brain, and the Quantum - The Compound "I", Blackwell, Oxford.
MARSHALL, I.N. (1989): "Consciousness and Bose-Einstein Condensates", New Ideas in Psychology 7, 73-83.
PENROSE, R. (1989): The Emperor's New Mind - Concerning Computers, Minds, and the Laws of Physics, Oxford University Press.
PRIBRAM, K.H. (1991): Brain and Perception - Holonomy and Structure in Figural Processing, L. Erlbaum, Hillsdale (NJ, EUA).
PRIBRAM, K.H. (org.) (1993): Rethinking Neural Networks: Quantum Fields and Biological Data, (Proceedings of the First Appalachian Conference on Behavioral Neurodynamics), L. Erlbaum, Hillsdale (NJ, EUA).
STUART, C.I.J.M.; TAKAHASHI, Y. & UMEZAWA, H. (1979): "Mixed-System Brain Dynamics: Neural Memory as a Macroscopic Ordered State", Foundations of Physics 9 , 301-327.
WERBOS, P.J. (1993): "Quantum Theory & Neural Systems: Alternative Approaches and a New Design", in PRIBRAM (1993), pp. 299-314.
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Filho venha ver, vêm os maçons…

Quem são eles?
Eles… são aqueles que estão caminhando do Oriente ao Ocidente e de Norte a Sul, com os pés firmemente no universo.
Porque treme a terra a cada passo que eles dão?
Porque cada um, carga sobre seus ombros o peso de um templo erguido para a Verdade.
De onde são?
Eles não têm fronteiras, a terra é sua casa e o céu é o telhado, formando uma raça sem cor e de todas as cores, mas têm sinais que os diferenciam dos outros.
Como os reconheces?
Eles levam o silêncio na boca e dedo pronto para sinalar o que é injusto, o falso e o hipócrita. Estar entre eles é como estar em casa, você não precisa de máscaras, apenas ser você mesmo.
Quantos tipos de maçons existem?
Dois os que são Luz e o que são ainda casulos.
Destes últimos há muitos, mas dos primeiros poucos; destes primeiros podemos esperar tudo, já seus rostos são lisos, sem rugas ou dobras, não temem nada, porque para ser Luz tiveram que morrer para a vida profana e secular, para finalmente ser capaz de viver.
Eles vêm do seio da terra para ver a Luz e ser a Luz, a mesma que ilumina o caminho de seus irmãos.
Tudo começa e tudo acaba no mesmo, em sua alma, deixando o casulo como uma borboleta. Mudou e deixou a pele velha por uma nova está cheia de luz.
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VAIDADE… QUANTA VAIDADE!!!

VAIDADE, palavra pequena e de fácil pronunciamento, de tonalidade suave aos ouvidos, porém, encerram em muitas ocasiões, situações gravíssimas no comportamento do ser humano, com conseqüências desastrosas.
A vaidade, literalmente falando, é a qualidade do que é vão, vanglória, ostentação, presunção malformada de si, futilidade, e etc.
Soberba, orgulho, arrogância, vaidade e altivez são palavras que possuem significados muito próximos nos dicionários. Especialistas consideram que todos estes sentimentos sejam sinônimos.
Dessas qualidades a vanglória é perniciosa, pois objetiva o indivíduo jactancioso, ou seja, presunçoso, arrogante e soberbo.
Pessoas tomadas por estes sentimentos são aquelas que olham para si como dignos de admiração pelos outros. Crêem que estão acima das demais pessoas, seja por sua beleza física, qualidades intelectuais, erudição, cultura ou condições financeiras.
Vamos juntar todos estes sentimentos no adjetivo que se usou para batizar um dos sete pecados capitais: vaidade.
Eu sou o máximo!
Comigo ninguém pode!
Deus no céu e eu na terra!
Orgulho-me de minha humildade…
O vaidoso é aquele indivíduo arrogante, que se julga superior, melhor, acima. Aquele indivíduo que olha para as opiniões alheias com desprezo, ou na melhor das intenções, até com dó mesmo e sobre os que professam opiniões diferentes das suas, pensa: Idiotas!
O vaidoso tem orgulho de suas conquistas, de suas coisas, de suas idéias, de sua existência que trás beleza e sabedoria ao mundo.
Na atualidade em função de sua beleza e “posição social”, torna-se um sujeito arrogante e soberbo. Orgulhoso de suas qualidades, a tal ponto de embriagar-se em sua vaidade e desejar em seu coração ser igual a Deus.
É isto! O vaidoso é um semideus.
Assim, o sujeito vira o seu próprio Deus.
E não raro o fim dos arrogantes é a desgraça, mesmo que momentânea.
A grana pode acabar.
A saúde pode faltar.
A família pode esfacelar-se.
A demissão pode bater à porta.
O vaidoso pode descobrir sua real impotência.
Quando somos espelhos
O homem não gosta de se ver no espelho e usa as virtudes capitais como se fossem valores naturais na espécie e não o resultado de um rígido controle dos instintos em busca do autoconhecimento.
Afirmar categoricamente que o egoísmo faz parte da natureza humana faz com que vozes se levantem com inúmeros argumentos para negar à afirmativa.
São muitas as qualidades que ajudam a encobrir o óbvio, mas, como tudo que foge à verdade, há um momento em que a redoma da hipocrisia se desfaz e o ser humano não tem alternativa senão se render às evidências, geradas por sua própria experiência.
É bem verdade que muitos de nós nem chegaremos a nos incomodar com determinados sentimentos; muitos nem fomos tocados pelas virtudes e pela necessidade de aprimorar o caráter e o espírito.
Assim, movidos por um instinto gregário e social aceitamos, sem qualquer reflexão, aquilo que é comum a todos nós.
Todos entendemos que a vaidade é a conseqüência do egoísmo que se vê limitado pela sociedade.
Vaidade é este desejo de estar sempre em evidência e que mostra apenas um malabarista que improvisa virtudes que nem sempre tem o que também não quer dizer que a vaidade seja sinônima de incompetência.
Para Aristóteles, as virtudes e os vícios podem ser definidos pelo critério do excesso, da falta e da moderação.
O vício sempre seria uma conduta ou um sentimento excessivo ou deficiente. Já a virtude seria o sentimento ou conduta moderado.
Para o filósofo, a vaidade peca pelo excesso, a modéstia pela deficiência e a virtude estaria no respeito próprio, diante da vaidade ou da modéstia. Mais uma vez, encontramos a triangulação que encontra no centro a justiça e a perfeição das nossas atitudes e comportamentos.
A vaidade personificada tem sua origem na mitologia grega. Narciso era um jovem e belo rapaz que rejeitou a ninfa Eco e foi punido com a maldição de apaixonar-se de forma incontrolável por sua própria imagem refletida na água.
Sendo eco e reflexo de si mesmo e não podendo levar a termos sua própria paixão, Narciso se suicida por afogamento. Na realidade, este é um assunto que podemos debater a partir do ponto de vista da filosofia, mas que o nosso saber prático permite que todos tenham condições de falar e construir um pensamento a este respeito.
Neste sentido, a arte desempenha um importante papel, na medida em que nos proporciona as grandes noções da vida, por meio de uma experiência emocional. É assim com a literatura, com a música, com o teatro, com a dança.
Identificamo-nos com os personagens e isto nos proporciona uma catarse, uma descarga de desordens emocionais que nos purifica. Interessante observar que para o artista, o simples fato de representar o coloca nos dois lados da questão, além de poder se identificar com os conflitos internos na pele dos personagens, também pode se esconder deles com a mesma ferramenta.
A vaidade, nestes casos, fica encoberta pelo talento, pela contingência profissional, o mostrar-se é socialmente aceito e o palco acolhe a sua grande explosão. Não é de se estranhar que a maioria dos artistas se diz tímida.
A alma humana é a mais completa de todas, não é só instinto, é também sensível, mas o grande diferencial está na racionalidade.
O que nos faz humanos não é deixar fluir os nossos instintos, mas fazermos o uso racional deles.
Em princípio, o ser humano quer ser feliz e para isso pode se contentar com a posse e contato com seus objetos de prazer, como pode precisar alimentar a sua vaidade por meio do reconhecimento de sua excelência pessoal pelo outro.
O homem também pode entender que a felicidade é possível por estar bem consigo mesmo.
É quando ele próprio se reconhece em sua magnitude e busca se premiar por isso, com comportamentos compatíveis com sua maneira de pensar, com valores voltados para si mesmo e que podem ser consumidos no viver bem e na busca da felicidade.
Este é um aspecto do egoísmo que o mal não é real; o que se evidencia é o respeito a si mesmo, e isto é uma virtude.
A tão propalada vaidade feminina não traz conseqüências, pois se atém tão-somente na área de estética. A masculina quando não se atém às futilidades torna-se algo de preocupação, encerra-se muitas vezes em disputas desnecessárias, gerando graves problemas de ordem interna, principalmente quando essa vaidade inclui fator poder.
O fator poder é inerente ao ser humano, na Maçonaria no desbastar da Pedra Bruta, ou seja, no seu próprio burilamento cada um recebe a incumbência de burilar a si próprio e aos que estão a sua volta.
Arvorar-se na condição do dever cumprido, de ser possuidor de títulos ou de possuir extensa bagagem maçônica, não contribui em nada para os destinos da Ordem.
Maçonaria se faz no dia-a-dia, na conquista permanente de novos adeptos e na tentativa da melhoria constante da espécie humana. A busca incessante e permanente da verdade faz da Sublime Instituição, organização sem similar.
A permanência da Maçonaria como instituição respeitável como é, deve necessariamente contar com a renúncia das possíveis vaidades de seus membros para o bem comum.
A perpetuação de uma instituição passa, com absoluta certeza, pelo grau de compreensão de seus membros e na renovação sistemática de suas lideranças. Cabe a cada um de seus membros renunciarem às vaidades e presunções infundadas para o bem.
Ter vaidade de ser Maçom é muito bom e proveitoso, mas ser um Maçom vaidoso e refém do poder, com absoluta certeza, não trará qualquer benefício à Ordem e aos Irmãos.
A Maçonaria é uma escola de humanismo e disso ninguém pode duvidar. Tanto no estudo da filosofia, da filologia e no campo social, a Maçonaria incute aos seus adeptos essa capacidade de modificação no comportamento e na visão geral da sociedade, notadamente, nas condutas de moral e ética.
Portanto, dentro da Ordem, não há espaço para as vaidades pessoais, devemos sim, preservá-la e mantê-la fora dessas situações tão comprometedoras de seu futuro. Não temos o direito de atentar contra seus sublimes princípios.
Reflitamos de nossas atitudes.
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Poema a um irmão maçom

Caro Irmão Maçom

Quero te saudar na simbologia
Do compasso entrelaçado por um esquadro
Fulgurado no centro pela invencível estrela flamejante.
De principio, agradeço ao Grande Arquiteto do Universo
Por ter-nos criado Justos, perfeitos e Iguais.
Somos filhos de uma mesma mãe: fecunda, Generosa, Bondosa.

Viemos, como reis magos do ocidente
E dirigimo-nos para o Oriente em busca de um mestre
Que queira instruir-nos.
Este mestre deve ser sábio para ensinar-nos a ser livres,
Virtuosos, praticante dos bons costumes.

Chegando ao oriente saudaremos e felicitaremos
Nossos irmãos, incumbência a nós confiada e externaremos
Nossa pretensão de vencer nossas paixões.
Alcançando novos progressos na arte real
Colocaremo-nos a disposição de nossos irmãos, para provar
Por nossas iniciações e outras circunstancias conforme nosso
Grau e segundo rigoroso exame que nos for exigido.

E rogo ao G.A.D.U. que continues sendo incansável obreiro
No trabalho pelo bem da humanidade.

Um trip.'. frat.'. abraço
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Conhece-te a Ti Mesmo

Os deuses da Grécia Antiga, temerosos de que os homens descobrissem seu próprio potencial e ciumentos de que assim pudessem chegar ao nível deles (deuses), realizaram uma longa reunião para decidirem a maneira mais concreta de ocultar aos homens esse potencial.
Várias foram as propostas.
Houve quem pensou em esconder o potencial humano nos abismos mais imperscrutáveis dos oceanos, mas foi lembrado que, no futuro, o homem penetraria o fundo dos mares.
Apresentou-se, também, quem propôs ocultar este potencial nas montanhas mais altas da Terra, mas tal proposta não foi aceita, porque o homem, em um dia não muito distante, as escalaria.
Outro sugeriu esconder tal riqueza humana na Lua, mas salientou-se que o homem, no futuro, iria habitá-la.
Por fim, todos aceitaram uma estranha proposta:
todo aquele poder incomensurável — o potencial humano — deveria ser escondido... dentro do próprio homem.
Como justificativa para tal resolução os deuses disseram:
"O homem é tão distraído e tão voltado para fora de si que nunca pensará em encontrar seu potencial máximo dentro do seu próprio ser".
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Aprendendo com os Gansos

Pessoas que compartilham uma direção comum, com senso de equipe, atingem resultados muito mais rápida e facilmente, porque se apóiam na colaboração e confiança mútuas...

Muito temos a aprender com os animais.
Quando os gansos voam, estabelecem uma formação em "V".
A tal respeito, os cientistas fizeram algumas descobertas.
• À medida que cada ave bate suas asas, cria-se uma área de sustentação para a ave seguinte. Dessa maneira, voando em formação "V", o grupo inteiro consegue mover-se no ar, pelo menos, 71% a mais do que se cada ave voasse isoladamente.
Ensinamento: Pessoas que compartilham uma direção comum, com senso de equipe, atingem resultados muito mais rápida e facilmente, porque se apóiam na colaboração e confiança mútuas.
• Quando o ganso líder se cansa, há um revezamento. Ele vai para a parte de trás do "V", enquanto outro ganso assume a ponta.
Ensinamento: O revezamento dos esforços permite avançarmos mais facilmente nas tarefas mais árduas.
• Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a manterem o ritmo e a velocidade.
Ensinamento: Todos necessitamos ser reforçados com apoio ativo e encorajamento. Incentivo e estímulo são fundamentais, quando queremos manter ou melhorar o ritmo e a velocidade de nossas empreitadas.
• Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois outros gansos saem da formação e seguem-no, para ajudá-lo e protegê-lo. Eles o acompanham até que suas condições melhorem e, então, os três reiniciam a jornada, juntando-se a outra formação, até encontrar o grupo original.
Ensinamento: Precisamos ser solidários nas dificuldades.
• Sempre que um ganso sai da formação, sente, repentinamente, a resistência do ar e a dificuldade de voar só. Rapidamente, ele retorna à formação, para tirar vantagem do poder de sustentação da ave imediatamente à sua frente.
Ensinamento: Existe força, poder e segurança no grupo, quando rumando na mesma direção e compartilhando de um objetivo comum.
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