terça-feira, 15 de julho de 2008

A DOUTRINA DO RITO MODERNO

A doutrina do Rito Moderno, evidentemente, é, em sua maior parte, idêntica à doutrina maçônica comum a todos os ritos. Os princípios fundamentais dessa doutrina, são:

1. Respeito aos direitos individuais dos maçons:
2. Respeito à autonomia das Lojas;
3. Efetiva contribuição, através da doutrinação, ao aperfeiçoamento das instituições
sociais e políticas;
4. Contribuição, através de influência moral, tendente a eliminar as lutas de classes
e as discriminações raciais;
5. Colaboração no estudo e solução dos problemas nacionais;
6. Contribuição no campo da assistência social, através do amparo à infância e à
velhice, além da luta pela erradicação do analfabetismo;
7. Luta constante pela integridade da Pátria;
8. Defesa intransigente das democracias liberais;
9. Defesa da liberdade de consciência;
10. Eqüidistância de todos os extremismos;
11. Condenação dos métodos de opressão e de escravidão, além da pregação da
fraternidade entre todos os homens livres;
12. Condenação do arbítrio pessoal e total respeito à Justiça, dentro da magna trilogia,
Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Esses princípios são comuns a todos os ritos. O Rito Moderno, todavia, inscreve mais uma importante idéia doutrinária, que é a seguinte:

A Maçonaria reconhece a total liberdade de investigação da verdade, dentro do espírito crítico e do raciocínio científico; representa, também, a garantia das franquias religiosas, de acordo com o princípio de que as concepções de ordem metafísica são de foro íntimo, pertencendo, portanto, ao domínio da consciência individual.

É de acordo com esse princípio que o Rito Moderno, respeitando a liberdade de crença de cada maçom, não preconiza invocações, preces e a imposição de um definido padrão religioso. Assim, já na iniciação, o candidato à luz maçônica não presta juramento, mas, sim, um compromisso de honra, como homem livre, respondendo "Eu prometo", às seguintes perguntas do Venerável Mestre:

"Sobre esse esquadro, emblema da retidão e do Direito, prometeis trabalhar com zelo
e constância na obra da Maçonaria"?
"Prometeis procurar espalhar a verdade"?
"Prometeis auxiliar os fracos, fazer justiça a todos e ser dedicado à família e à Pátria,
além de digno para convosco"?
"Prometeis amar aos vossos Irmãos, observar, fielmente, a lei maçônica e nada
revelar do que, em segredo, vos for revelado"?

Ao responder, efetivando seu compromisso, o candidato, de pé, coloca a mão direita sobre o esquadro, que se acha sobre o Triângulo da Sabedoria.

Ainda sobre a doutrina do Rito Moderno, pode-se citar a preleção que o Venerável Mestre faz ao neófito, após a iniciação, a qual encerra a maneira como a Maçonaria Modernista encara o ritual iniciático:

"Meu Irmão, as provas de vossa iniciação são muito diferentes das que, outrora,
eram usadas e que ainda o são, em outros ritos.
A iniciação maçônica, que, nos primórdios da Maçonaria Especulativa, era uma
cerimônia muito simples, tornou-se bastante complexa, a partir dos fins do século
XVIII, através da adoção de certas práticas de fundo místico, que muitos achavam
que eram originárias das sociedades iniciáticas d o Egito Antigo.
Nessas provas, procurava-se demonstrar a coragem do candidato e elas eram
realmente terríveis.
O candidato apresentava-se seminu e passava pela purificação, através dos quatro
elementos da Antigüidade: ar, água, fogo e terra.
Muitas vezes ele era introduzido no templo deitado num esquife, para simbolizar
a morte física, outras vezes, ele devia passar através de um diafragma de papel,
simbolizando a passagem a uma nova existência.
No templo, o candidato ouvia ruídos de tempestade, gritos, gemidos, tinir de
espadas e choques de objetos, era precipitado de um lugar elevado, sendo
amparado na queda.
Era, ainda, obrigado a beber um cálice de uma bebida amarga, tinha suas mãos
mergulhadas na água e passava pelo meio das chamas. Solicitavam-lhe que se
submetesse à aplicação de um ferro em brasa, sendo-lhe exigida, também, uma
obrigação escrita e assinada com o seu próprio sangue. Muitas vezes, outras
provas, bem mais aterrorizantes, eram exigidas do candidato.
Não será, pois, motivo de admiração, se encontrardes práticas semelhantes a essas.
Não devereis, portanto, vos perturbardes, sabendo que o progresso é lento e que a
evolução humana é muito complexa".

Esta alocução mostra, simplesmente, que a Maçonaria Modernista, dentro de um espírito evolutivo, adaptável a todas as épocas, não vê razão para admitir o candidato em seminudez
e nem submetê-lo a provas que podem deixá-lo sob grande tensão emocional, pois, nessas condições, ele não terá a suficiente tranqüilidade para demonstrar, através de suas respostas, se tem o discernimento e o preparo mental necessários para ser um bom maçom.

José Castellani

Colaboração: Ir.:Carlos Afonso Urnau Athanasio M.:I.:

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