VAIDADE, palavra pequena e de fácil pronunciamento, de tonalidade suave aos ouvidos, porém, encerram em muitas ocasiões, situações gravíssimas no comportamento do ser humano, com conseqüências desastrosas.
A vaidade, literalmente falando, é a qualidade do que é vão, vanglória, ostentação, presunção malformada de si, futilidade, e etc.
Soberba, orgulho, arrogância, vaidade e altivez são palavras que possuem significados muito próximos nos dicionários. Especialistas consideram que todos estes sentimentos sejam sinônimos.
Dessas qualidades a vanglória é perniciosa, pois objetiva o indivíduo jactancioso, ou seja, presunçoso, arrogante e soberbo.
Pessoas tomadas por estes sentimentos são aquelas que olham para si como dignos de admiração pelos outros. Crêem que estão acima das demais pessoas, seja por sua beleza física, qualidades intelectuais, erudição, cultura ou condições financeiras.
Vamos juntar todos estes sentimentos no adjetivo que se usou para batizar um dos sete pecados capitais: vaidade.
Eu sou o máximo!
Comigo ninguém pode!
Deus no céu e eu na terra!
Orgulho-me de minha humildade…
O vaidoso é aquele indivíduo arrogante, que se julga superior, melhor, acima. Aquele indivíduo que olha para as opiniões alheias com desprezo, ou na melhor das intenções, até com dó mesmo e sobre os que professam opiniões diferentes das suas, pensa: Idiotas!
O vaidoso tem orgulho de suas conquistas, de suas coisas, de suas idéias, de sua existência que trás beleza e sabedoria ao mundo.
Na atualidade em função de sua beleza e “posição social”, torna-se um sujeito arrogante e soberbo. Orgulhoso de suas qualidades, a tal ponto de embriagar-se em sua vaidade e desejar em seu coração ser igual a Deus.
É isto! O vaidoso é um semideus.
Assim, o sujeito vira o seu próprio Deus.
E não raro o fim dos arrogantes é a desgraça, mesmo que momentânea.
A grana pode acabar.
A saúde pode faltar.
A família pode esfacelar-se.
A demissão pode bater à porta.
O vaidoso pode descobrir sua real impotência.
Quando somos espelhos
O homem não gosta de se ver no espelho e usa as virtudes capitais como se fossem valores naturais na espécie e não o resultado de um rígido controle dos instintos em busca do autoconhecimento.
Afirmar categoricamente que o egoísmo faz parte da natureza humana faz com que vozes se levantem com inúmeros argumentos para negar à afirmativa.
São muitas as qualidades que ajudam a encobrir o óbvio, mas, como tudo que foge à verdade, há um momento em que a redoma da hipocrisia se desfaz e o ser humano não tem alternativa senão se render às evidências, geradas por sua própria experiência.
É bem verdade que muitos de nós nem chegaremos a nos incomodar com determinados sentimentos; muitos nem fomos tocados pelas virtudes e pela necessidade de aprimorar o caráter e o espírito.
Assim, movidos por um instinto gregário e social aceitamos, sem qualquer reflexão, aquilo que é comum a todos nós.
Todos entendemos que a vaidade é a conseqüência do egoísmo que se vê limitado pela sociedade.
Vaidade é este desejo de estar sempre em evidência e que mostra apenas um malabarista que improvisa virtudes que nem sempre tem o que também não quer dizer que a vaidade seja sinônima de incompetência.
Para Aristóteles, as virtudes e os vícios podem ser definidos pelo critério do excesso, da falta e da moderação.
O vício sempre seria uma conduta ou um sentimento excessivo ou deficiente. Já a virtude seria o sentimento ou conduta moderado.
Para o filósofo, a vaidade peca pelo excesso, a modéstia pela deficiência e a virtude estaria no respeito próprio, diante da vaidade ou da modéstia. Mais uma vez, encontramos a triangulação que encontra no centro a justiça e a perfeição das nossas atitudes e comportamentos.
A vaidade personificada tem sua origem na mitologia grega. Narciso era um jovem e belo rapaz que rejeitou a ninfa Eco e foi punido com a maldição de apaixonar-se de forma incontrolável por sua própria imagem refletida na água.
Sendo eco e reflexo de si mesmo e não podendo levar a termos sua própria paixão, Narciso se suicida por afogamento. Na realidade, este é um assunto que podemos debater a partir do ponto de vista da filosofia, mas que o nosso saber prático permite que todos tenham condições de falar e construir um pensamento a este respeito.
Neste sentido, a arte desempenha um importante papel, na medida em que nos proporciona as grandes noções da vida, por meio de uma experiência emocional. É assim com a literatura, com a música, com o teatro, com a dança.
Identificamo-nos com os personagens e isto nos proporciona uma catarse, uma descarga de desordens emocionais que nos purifica. Interessante observar que para o artista, o simples fato de representar o coloca nos dois lados da questão, além de poder se identificar com os conflitos internos na pele dos personagens, também pode se esconder deles com a mesma ferramenta.
A vaidade, nestes casos, fica encoberta pelo talento, pela contingência profissional, o mostrar-se é socialmente aceito e o palco acolhe a sua grande explosão. Não é de se estranhar que a maioria dos artistas se diz tímida.
A alma humana é a mais completa de todas, não é só instinto, é também sensível, mas o grande diferencial está na racionalidade.
O que nos faz humanos não é deixar fluir os nossos instintos, mas fazermos o uso racional deles.
Em princípio, o ser humano quer ser feliz e para isso pode se contentar com a posse e contato com seus objetos de prazer, como pode precisar alimentar a sua vaidade por meio do reconhecimento de sua excelência pessoal pelo outro.
O homem também pode entender que a felicidade é possível por estar bem consigo mesmo.
É quando ele próprio se reconhece em sua magnitude e busca se premiar por isso, com comportamentos compatíveis com sua maneira de pensar, com valores voltados para si mesmo e que podem ser consumidos no viver bem e na busca da felicidade.
Este é um aspecto do egoísmo que o mal não é real; o que se evidencia é o respeito a si mesmo, e isto é uma virtude.
A tão propalada vaidade feminina não traz conseqüências, pois se atém tão-somente na área de estética. A masculina quando não se atém às futilidades torna-se algo de preocupação, encerra-se muitas vezes em disputas desnecessárias, gerando graves problemas de ordem interna, principalmente quando essa vaidade inclui fator poder.
O fator poder é inerente ao ser humano, na Maçonaria no desbastar da Pedra Bruta, ou seja, no seu próprio burilamento cada um recebe a incumbência de burilar a si próprio e aos que estão a sua volta.
Arvorar-se na condição do dever cumprido, de ser possuidor de títulos ou de possuir extensa bagagem maçônica, não contribui em nada para os destinos da Ordem.
Maçonaria se faz no dia-a-dia, na conquista permanente de novos adeptos e na tentativa da melhoria constante da espécie humana. A busca incessante e permanente da verdade faz da Sublime Instituição, organização sem similar.
A permanência da Maçonaria como instituição respeitável como é, deve necessariamente contar com a renúncia das possíveis vaidades de seus membros para o bem comum.
A perpetuação de uma instituição passa, com absoluta certeza, pelo grau de compreensão de seus membros e na renovação sistemática de suas lideranças. Cabe a cada um de seus membros renunciarem às vaidades e presunções infundadas para o bem.
Ter vaidade de ser Maçom é muito bom e proveitoso, mas ser um Maçom vaidoso e refém do poder, com absoluta certeza, não trará qualquer benefício à Ordem e aos Irmãos.
A Maçonaria é uma escola de humanismo e disso ninguém pode duvidar. Tanto no estudo da filosofia, da filologia e no campo social, a Maçonaria incute aos seus adeptos essa capacidade de modificação no comportamento e na visão geral da sociedade, notadamente, nas condutas de moral e ética.
Portanto, dentro da Ordem, não há espaço para as vaidades pessoais, devemos sim, preservá-la e mantê-la fora dessas situações tão comprometedoras de seu futuro. Não temos o direito de atentar contra seus sublimes princípios.
Reflitamos de nossas atitudes.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
VAIDADE… QUANTA VAIDADE!!!
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