O texto a seguir é um capítulo do livro INICIAÇÃO de ELIZABETH HAYCH (editora pensamento).
Neste livro, a grande mestra de Yoga conta sua vida e especialmente a memória que teve de uma vida no antigo Egito onde foi rainha e Sacerdotisa.
Neste capítulo, ela relembra um diálogo com o grande Sacerdote, seu mestre, Ptahhotep. Ele está dando a ela uma aula onde explica as virtudes essenciais que uma pessoa necessita desenvolver para atingir um maior contato com seu Eu superior e, consequentemente, com Deus.
Observe como você lidando com essas virtudes em sua vida, especialmente agora que será iniciado (a) no terceiro nível e passará a ter a possibilidade de ampliar ainda mais sua consciência.
AS DOZE VIRTUDES GÊMEAS
Na noite seguinte, estou outra vez diante de Ptahhotep.
Chegou a hora - disse ele - de você praticar as doze séries de virtudes gêmeas: esse será seu próximo exercício. Por ocasião da iniciação, será testada sobre elas. Portanto , ouça com atenção e lembre-se bem do que lhe disse agora:
“Assim como ‘Calar-se’ e ‘Falar’ são duas partes complementares da mesma força, também existem doze pares de virtudes que precisa aprender a dominar. A partir de agora, terá de passar todas as manhãs no templo; em seguida, ao voltar para o palácio, terá de aproveitar todas as oportunidades possíveis para estar no meio de pessoas, pois é muito mais fácil dominar essas qualidades no templo que no mundo. Aqui você encontrará vários neófitos parecidos com você, que também se esforçam por adquirir a unidade divina, bem como sacerdotes e sacerdotisas que já vivem nela. No mundo, entretanto, você estará sujeita a toda sorte e tentações. Lá encontrará muitos materialistas que tentarão influencia-la. O perigo de cair em tentação é muito maior. Quando puder ser senhora de todas as virtudes na agitação mundana, então também passará nas provas para a iniciação. As dose séries de virtudes gêmeas são:
1ª. Silenciar - Falar
2ª. Ser Suscetível - Ser Imparcial
3ª. Ser Obediente - Ter Domínio
4ª. Ser Humilde - Ser Autoconfiante
5ª. Ter Rapidez - Ter Prudência
6ª. Aceitar Tudo - Saber Diferenciar
7ª. Ter Cautela - Agir Com Coragem
8ª. Nada Possuir - Dispor De Tudo
9ª. Ser Desapegado - Ser Fiel
10ª. Exibir-se - Passar Desapercebido
11ª. Desprezar a Morte - Valorizar A Vida
12ª. Ser Indiferente - Saber Amar
A terra está passando por um longo período em que, aos poucos, pessoas materialistas e egoístas desejam assumir o poder. Mas você já sabe que no lugar em que revelam forças negativas também tem de estar presentes as forças positivas, embora não sejam evidentes. Durante este período de trevas na terra, os filhos de Deus, que manifestam as leis divinas do desapego, precisam abandonar gradualmente o âmbito terreno, voltando para o irrevelado. Mas continuarão a atuar no inconsciente do homens, visto que serão a inconsciência da humanidade e que na alma das pessoas amadurecidas se revelarão como uma ânsia pela liberdade e salvação.
“A ânsia pelo poder de alguns e a crescente insatisfação das massas de homens escravizados se confrontarão durante milênios em lutas cada vez mais amargas. Milênios de lutas constantes e de domínio da avidez, da vaidade, da inveja, do desejo de vingança, do ódio e de outras características animalescas deturpariam tudo o que ha de bom e de belo, se a providencia Divina não se preocupasse em salvar, por meio de uma comunidade de pessoas espiritualmente unidas – sob a liderança dos filhos de Deus atuando de uma outra dimensão espiritual – a duração e proliferação do conhecimento, antes que este caia no esquecimento. A TERRA – como qualquer outro planeta – está sob a direção de uma elevada força espiritual -, e esta por meio dos filhos de Deus revela-se de forma adequada aos homens. Essa força é revelada pela multidão de homens espiritualmente iniciados, que ao trilharem o caminho da evolução tornam-se semelhantes aos filhos de Deus. Todos trabalham em conjunto na grande obra : Arrancar e salvar a terra das trevas, do domínio das forças materiais e satânicas, do isolamento. Todo iniciado participa desse trabalho, e como você será iniciada, também participará”.
“Para tornar-se um colaborador útil da Grande Obra é preciso primeiro dominar toda a escala da série de virtudes gêmeas”.
Portanto, terá de ser aprovada no teste.
“Dominá-las significa usar as qualidades na época certa e no lugar apropriado. A mesma virtude que é Divina, se usada no local e na época corretos, torna-se satânica, se empregada no lugar e na época errados. Pois Deus somente cria o bem, a beleza e a verdade. Não existem qualidades más ou forças maléficas, o que ha são qualidades e forças mal empregadas”.
1ª. “O que significam o correto SILENCIAR E FALAR você mesma já sentiu. O silêncio é uma virtude Divina. Ela traz bênçãos se a usarmos quando e onde for preciso, quando e onde tivermos de nos calar. Mas se silenciarmos quando e onde deveríamos falar, por exemplo, no caso de podermos salvar alguém de um grande perigo com uma palavra, então o silêncio divino também se torna diabólico. Quando a palavra for dita na ocasião e no lugar errados, dessa capacidade divina de fala surge uma tagarelice satânica”.
2ª. “Uma das metades da próxima virtude gêmea, a SUSCETIBILIDADE, é divina quando nos tornamos abertos a tudo o que for elevados, portanto, à beleza, à bondade e à verdade, quando deixarmos Deus atuar sobre nós e nós o recebemos. Mas torna-se fatídica e diabólica se transformarem influenciabilidade e falta de caráter.
Sua outra metade a IMPARCIALIDADE, significa a capacidade de resistir a todas as influencias inferiores e exercer a inabalável resistência contra elas. Mas se também resistirmos às forças mais elevadas, da imparcialidade divina, surge o ( isolamento) infernal.”
3ª. “Absoluta OBEDIÊNCIA à vontade divina é a missão de todo ser que colabora na grande Obra. A vontade de Deus pode revelar-se por meio de você mesma e de outras pessoas. Reconhecerá a vontade divina quando verificar se tudo o que lhe pedem está de acordo com suas convicções intimas. Deus nos fala através de nossa convicções mais íntimas, então temos de obedecer. Obedecer a alguém contra nossas próprias convicções apenas por medo, covardia ou eventualmente por desejo de sermos bonzinhos, ou até por interesses financeiros, portanto, devido a razões pessoais, inferiores, significa subserviência, e esta também é demoníaca.
DOMÍNIO: pessoas fracas e ignorantes não devem depender da própria força de vontade. Reunindo todas as forças do povo, o amor universal deve levar ao bem estar geral sem ferir o livre arbítrio humano. quem pretende dobrar a vontade alheia somente por motivos egoístas e quem fere o direito que os outros tem de exercer a própria transforma a virtude divina do domínio numa satânica tirania.
4ª. “HUMILDADE é a virtude que devemos obter do nosso eu superior que nos anima. Nesse caso, devemos Ter consciência de que todas as qualidades boas e verdadeiras LHE pertencem, que nosso ser é mero instrumento de revelação, um aparelho destinado a projetar a divindade, mas que em si mesmo não passa de uma concha vazia. Você terá de reconhecer em si mesma a divindade que se abre a tudo - o ser eterno - , entregando-se humildemente a ELE. Porém nunca se dobre às forças terrenas ou do submundo, e nunca se ajoelhe diante de formas terrenas. Nesse caso, da humildade divina se desenvolveria um humilhação covarde, malévola; com isso você ofenderia o seu eu vivificado por DEUS.
Se quiser ser uma boa servidora no plano divino de salvação da terra, nunca se esqueça de que não vive nem trabalha por força própria. Toda força provem de Deus, e todas as forças que você manifesta fluem de seu superior –Deus. Tenha consciência disso: sua pessoa nada mais é do que uma aparência. Seu verdadeiro ser, a única realidade eterna em você, é Deus! AUTOCONFIANÇA portanto, significa Ter confiança em seu Deus interior, e não no seu ser aparente, em sua pessoa. Autoconfiança divina é impreterível para cada atividade criativa e significa uma ligação íntima com Deus. Mas quando uma pessoa imagina que suas qualidades e forças lhe pertencem e não a Deus, a autoconfiança divina transforma-se nua arrogância demoníaca.
5ª. “Como colaboradora na Grande Obra você também terá de saber decidir-se com a RAPIDEZ de um relâmpago. Precisa aprender a escolher a melhor das possibilidades, sem hesitações, no momento oportuno. Podem surgir situações em que um instante de atraso na decisão signifique a perda de uma oportunidade única. Se você se concentrar profundamente no intuito de aproveitar a presença de espirito em qualquer ocasião, agindo no momento certo, estará revelando a vontade divina. Mas se agir dessa forma sem a necessária presença de espirito e sem se concentrar, essa rapidez se transformará em pressa excessiva, que é diabólica”.
Portanto, terá de aprender a se adaptar à PRUDÊNCIA divina.
Antes de agir, terá de refrear seu temperamento e deixar que a decisão amadureça em você, com toda a paciência. Muitas vezes terá de se dar um pouco para reconhecer a vontade divina, até descobrir qual é a decisão correta. Isso significa trabalhar com prudência. Mas se prolongarmos interminavelmente essa decisão, de prudência divina surgirá uma diabólica indecisão”.
6ª. “Como colaboradora útil da Grande Obra, Terá que aprender tudo que o destino lhe trouxer. Não são as circunstâncias exteriores que lhe dão valor, apenas o grau em que revelar Deus. Seus valores interiores não podem diminuir ou eliminar humilhações ou aborrecimentos terrenos. Mas enaltecimentos e cantos de louvor também não podem aumenta-los. Portanto, o modo como as pessoas ignorantes a tratarem não deve atingi-la. Você será o que é, quer a humilhem quer a enalteçam. Aprenda a ficar satisfeita com todos acontecimentos e a ACEITÁ-LOS sem abalar-se. Se o seu trabalho na Grande Obra exigir que você viva na maior pobreza ou então no mais elevado posto dispondo de grande riqueza terá de encarar uma ou outra situação como um meio para um grande objetivo. Nenhuma situação deverá mudar a sua disposição. Utilizada assim a aceitação de tudo se torna divina. No entanto sempre terá que ousar, mesmo que nada toque seu íntimo, deverá defender-se quando estiver representando a liderança mais elevada contra a ofensa e humilhação, e terá de saber também quando retrair-se com simplicidade fugindo dos louvores alheios. A aceitação de tudo nunca deve transformar-se em desinteresse apático ou em covarde falta de caráter”.
“Escolha sempre o que for melhor e não se contente com o que vale menos. Terá de saber diferenciar o bonito do feio, o bem do mal, o verdadeiro do falso, o divino do satânico. Sem a perfeita capacidade de DIFERENCIAÇÃO somos inúteis na Grande Obra”.
“Por outro lado, se desejar ser útil, também terá que saber lutar com todas as forças. Com a Espada da verdade lutará contra a sombra do erro, para que a divindade vença sobre a terra. No entanto de sua nobre e corajosa disposição para a luta, nunca deve haver o irracional desejo de vingança”.
“Seja qual for a intensidade da luta e sua freqüência nunca poderá se esquecer de que terá que lutar com armas espirituais a fim de trazer paz a terra. Deve lutar para transformar o que está rompido numa unidade e apaziguar os lutadores. O seu amor pela paz porém não deve torná-la uma covarde ou um confortável desejo de não lutar.
7ª. “Se quiser ser uma colaboradora útil no plano da salvação precisará a TER CAUTELA, e, ao mesmo tempo saber distinguir em que momento e lugar usar esta virtude divina. Por meio de cautela poderá salvar-se e a muitos outros do perigo e dos danos. Porém não Ter coragem de fazer alguma coisa por medo e falta de confiança torna a virtude divina da cautela uma covardia satânica”.
“Deve possuir CORAGEM inabalável. Não poderá temer nenhum perigo. Terá de enfrentar corajosamente todas as dificuldades e combater cada ataque contra o divino como um homem forte, desde que o grande objetivo lhe exija isto. Mas a coragem divina nunca deve transformar-se em atrevimento temerário.
8ª. “Como colaboradora na Grande Obra você precisa se acostumar a NÃO POSSUIR nada. Se sua tarefa exigir que seja totalmente pobre ou se a colocar em posição de grande riqueza, tenha consciência de nunca e em lugar algum algo lhe pertencerá, pois tudo pertence a DEUS, o que você recebe corresponde ao que terá de usar no cumprimento da sua tarefa.
Da mesma forma que é indiferente a um canal de água, se a água que corre por ele lhe pertence ou não, você terá que observar tudo o que o destino lhe reservar como algo que provém de Deus e que terá de transmitir aos outros. Você recebe exatamente tanto quanto precisa. E mesmo que fosse muitíssimo rica, precisaria respeitar sua posição de não possuidora como condicionamento da consciência. Nunca porém essa posição positiva divina deve transformar-se desprendimento de tudo, nem caracterizar-se em desprezo da matéria. Você não deve esperar que os seus semelhantes a sustentem sem que você nuca trabalhe.
A matéria é uma revelação de Deus; portanto você também deve valorizá-la como divina, mas dominando-a e DISPONDO dela. Terá de possuir a arte de sempre juntar tantos bens materiais quantos precisar para o cumprimento de sua tarefa terrena... Fique bem consciente do seguinte: enquanto habitar no âmbito terrestre, terá de agir com ele, não sem ou contra ele. É necessário que consiga juntar matéria, usá-la e dominá-la de forma correta, caso contrário será presa fácil para as forças materiais e não poderá cumprir livre e independentemente sua missão terrena. Entretanto, fique atenta para que o Dom divino de poder dominar a matéria não se transforme numa satânica e egoísta cupidez.
9ª. “Como colaboradora na Grande Obra NÃO PODERÁ APEGAR-SE a nenhum ser humano. Reconheça em todos o que neles existe de divino, mas também o que é infernal e terreno. Não ame a pessoa mas ame nela o que é divino , suporte o mundano e evite o infernal . Se sua tarefa o exigir, é preciso abandonar sem hesitação o ser amado, pois sempre deverá ter em mente que o que nele é digno de amor é a centelha divina e não a pessoa. Esta é o mero instrumento da revelação de Deus. Portanto, também poderá amar esta revelação em outras pessoas. Nosso Senhor está em cada ser humano, portanto não deve ligar-se a nenhum. Mas este desapego não deve transformar-se em falta de carinho pelos semelhantes”.
“Contudo, pessoas em que você reconhecer a revelação de Deus devem merecer sua FIDELIDADE, na vida e na morte. Você ama o seu mestre e os seus colaboradores na Grande Obra, pois neles reconhece Deus. Você é fiel ao Deus que mora neles, pois ama as suas pessoas unicamente como instrumentos de Deus. Assim, essa veneração e fidelidade para com seu mestre e companheiros de trabalho nunca se tornará uma adoração, um culto pessoal”.
10ª. “Se quiser ser um instrumento útil na Grande Obra, Terá de deter a arte de usar a sua pessoa como instrumento obediente também na vida social. Terá de EXIBIR as suas aptidões e talentos diante de multidões de pessoas vivificando-as através das suas forças espirituais. deve elevá-los a ponto de brilharem, de modo que o seu espirito seja revelado por sua pessoa – através da postura do corpo, do movimento de suas mãos, da irradiação de seus olhos, do seu olhar e da sua oratória – no maior grau possível. Assim terá os homens sobre sua influencia, aos quais elevará até uma etapa superior,. Portanto, deverá poder exibir o seu espirito através da sua personalidade em público, sem vergonha e sem inibições. Mas a arte de exibir não deverá despertar vaidade e nem auto satisfação, transformando as suas aptidões divinas num exibicionismo que pertence ao diabo. Se as turbas lhe prestarem homenagens e a aplaudirem, não pode cessar de Ter consciência do fato de que os homens não estão encantados com você, que não passa de uma concha vazia; eles estão encantados com Deus, que se manifestou através da concha terrena”.
“ Se você não se entregar ao diabo da vaidade durante o processo de se exibir, o fato de PASSAR DESPERCEBIDA quando estiver cumprindo outras tarefas entre os homens não a incomodará nem um pouco. Nesse caso, não deverá mostrar suas aptidões, mas viver entre os homens como qualquer um deles, sem chamar a atenção e sem querer sobressair, preferindo desaparecer sem que a notem. Mas essa atitude humilde não deve causar um complexo de inferioridade e nem um processo de autodestruição. Terá sempre de trazer a dignidade humana no coração”.
11ª. “Se quiser ser uma colaboradora útil na Grande Obra, terá de passar na prova do perfeito DESPREZO PELA MORTE. Deverá possuir a inabalável convicção de que na verdade não existe morte. quando o seu corpo estiver gasto, o seu eu se livrará dele. O eu é apenas um galho na árvore da vida, a própria vida é a vida eterna. Se se tornar idêntica à vida na sua consciência, não terá medo da morte, e caso a sua tarefa a fizer correr risco de vida, você o enfrentará com inabalável desprezo pela morte. Não se permita, no entanto, que o desprezo pela morte se transforme em desvalorização da vida, portanto, em desprezo pela vida”.
“Você precisa VALORIZAR A VIDA acima de todas as coisas. A vida é o próprio Deus. Em tudo o que vive, revela-se o ser eterno. Nunca deverá colocar irracionalmente a vida em perigo. Preze também a vida em seu corpo, viva com alegria. Porém, nunca a alegria pela vida deverá tornar-se o próprio motivo para dar vazão às paixões desenfreadas.
12ª. “Por último, terá de passar pela mais difícil das provas: a do amor, e a do terrível amor que é a INDIFERENÇA. Esse último par de virtudes já forma aqui mesmo na Terra uma unidade indivisível. Sempre que se revela uma metade, a outra se mostra involuntariamente.
“Terá de renunciar ao seu desejo pessoal, às suas tendências e sentimentos; terá de SABER AMAR como Deus ama, amar tudo, sem fazer diferenças! Amar tudo na unidade ligada ao ser eterno. Assim como o sol banha com seus raios o belo e o feio, o bom e o mau, o verdadeiro e o falso com perfeita indiferença. O mais elevado amor divino consiste no mais perfeito amor indiferente! Para você deve ser completamente indiferente se algo ou alguém é belo ou feio, bom ou mal, verdadeiro ou falso; terá de manifestar o mesmo amor por ele. Deverá aprender que o belo não existiria se não existisse o feio. Terá de compreender que o bem não existiria sem o mal, nem o verdadeiro sem o falso. E assim terá de amar tudo igualmente. Deverá reconhecer que a beleza e a feiúra, a bondade e a maldade, a verdade e a mentira somente são reflexos complementares do indizível a que, numa palavra, denominamos Deus.
“Se um perfeito amor indiferente, igual, se irradiar de você para todos os seres vivos, nesse amor não se intrometerão mais as tendências pessoais. Você observará tudo do ponto de vista de todo, e quando o ponto de vista geral se opuser ao ponto de vista da pessoa isolada, você representará sem hesitar o ponto de vista do todo e desconsidera os interesses de uma única pessoa. Essa indiferença sempre terá de estar de arraigada no amor universal divino e não deverá provir da antipatia pessoal.
“Mas terá de revelar aos semelhantes esse seu amor tornando impessoal, horrivelmente indiferente, apenas no caso de Ter de salvar a alma pelo preço do bem-estar terreno, e só quando eles estiverem próximos de você. Também poderá ser necessário ver com toda a indiferença, os seus entes queridos correrem o maior perigo, sem conseguir detê-los caso não reajam aos meios usuais, nem com violência espiritual, hipnose ou meios mágicos, mesmo que a salvação de sua alma peça isso. É preferível deixar um ser humano aniquilar-se material ou fisicamente, até mesmo morrer, do que deixá-lo perder a alma. Você deverá apoiar imprescindivelmente a salvação de sua alma. Assim como Deus não se intromete nos assuntos dos homens, deixando-lhes o livre-arbítrio, você também deve deixá-los fazer o que quiserem e não obrigá-los a fazer nada com violência. Sua disposição de ajudar deve se relacionar ao ponto de vista da saúde anímica, sem visar o bem-estar terreno ou corpóreo. Nunca porém esse divino e terrível amor imparcial deve degenerar em falta de carinho, e você nunca poderá recusar-se a prestar ajuda por antipatia pessoal, se puder salvar alguém com meios terrenos.
“Essas são as provas mais difíceis, pois terá de abrir mão de seus sentimentos pessoais e desligar-se deles. Só quando dominar por completo todos esses pares de virtudes, poderá ouvir a voz de Deus com suficiente clareza, a ponto de sentir seguramente o que poderá fazer ou não por puro amor, mesmo nos casos mais difíceis!
“Mas então não correrá mais o risco de errar, pois você será o próprio amor! E o amor só pode fazer tudo por amor. Nada mais terá a fazer do que irradiar o seu eu, sendo o que é, e todo o universo poderá criar a partir do seu calor, da sua luz e da sua força. Aí você terá se tornado divina, com a consciência idêntica a Deus. Você passou do mundo da árvore do conhecimento do bem e do mal, portanto do reino da árvore da morte, em que tudo aparece como separação e divisão, para o reino da árvore da vida, o reino da unidade divina. Você tornou a comer dos frutos da árvore da vida e os deu também para os seus descendentes comerem, a fim de que todos voltassem à unidade da vida eterna, imortal ao ser eterno... Deus.”
Ó representante de Deus! Nunca esquecerei as suas palavras. Elas calaram tão profundamente na minha alma que me tornei idêntica ao seu sentido. Elas se impregnaram no meu sangue, nos meus ossos; depois de ouvir esses ensinamentos, nunca mais fui a mesma pessoa.
Minha tarefa, entretanto, é concretizar tudo isso.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
As Doze Virtudes Gemeas
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