Quem me conhece sabe que não sou dado a grandes explicações simbólicas, nem tão pouco tenho seguido a via do esoterismo.
Acredito que as coisas têm um fundamento e que esse fundamento poderá ser encontrado na História, nos Usos e Costumes, ou em Livros Sagrados.
O que fazemos com as coisas pode derivar da interpretação dada, tenha ela sido a mais correcta ou não, ou simplesmente diferente.
Hoje decidi pegar na Acácia.
A Maçonaria elegeu como um dos seus símbolos a Acácia, outros, e apenas a título de exemplo, são o Esquadro e o Compasso.
Porquê a Acácia e não o Cedro? Sabemos pela tradição e pela História que estas madeiras foram usadas no Templo de Salomão, base simbólica da Maçonaria Especulativa tal como a conhecemos actualmente.
Aliás o Cedro é muito mais mencionado como material de construção do Templo que a Acácia, mas não é utilizado na simbologia Maçónica.
E a Acácia, ou mais propriamente o Ramo de Acácia (Inglês: Sprig; Francês: Rameau) passou a ser claramente um símbolo.
As primeiras referências à Acácia aparecem no Antigo Testamento no Livro do Êxodo. Aqui Deus determina que será esta a madeira e não outra a que será utilizada para a construção da Arca a Aliança onde estão depositadas as Tábuas da Lei, bem como para a construção da mesa Para os Pães da Preposição e outros objectos de culto utilizados naquele que foi na verdade o primeiro Templo.
Não um templo de pedra como o que o rei Salomão constrói ( ou manda construir), mas um templo móvel que era erguido nos acampamentos do Povo Judeu.
A estrutura deste Templo Móvel é depois emulada por Salomão para a construção do Templo em Jerusalém, respeitando as proporções e os compartimentos. Nesse Templo foi depositada a Arca da Aliança e os demais objectos de culto.
Ora o Templo era revestido a cedro, mas os Objectos de Culto em Acácia.
O termo hebraico é Shittah e pensa-se que referencia a espécie de Acácia hoje conhecida por Nilotica ou Seyal. Sendo que na região também existem a Albida, Tortilis e Iraqensis.
Mas esta referência é à madeira de Acácia. Todavia como já disse antes o Símbolo é o Ramo de Acácia.
E as referencias ao Ramo de Acácia aparecem também relacionadas com os Hebreus, mas não com o Templo.
De entre as tribos do Povo Judeu uma originou a linhagem dos Sacerdotes. Primeiro no Templo móvel e depois no Templo de Jerusalém. Ora por uma questão religiosa estes Sacerdotes não podiam aproximar-se de cadáveres humanos e por consequência das respectivas campas.
Na altura os cemitérios não estavam tão organizados como actualmente e os defuntos eram inumados nos terrenos fora das cidades mas muitas vezes sem critérios de localização. Ora isto representava um problema para os Sacerdotes pois para cumprirem os preceitos religiosos tinham que saber onde estavam essas campas.
Como sabemos a Acácia é considerada em muitos sítios uma praga, pois precisa de poucos recursos para viver e em caso de incêndio é a primeira planta a aparecer, não deixando que as espécies autóctones voltem e assim causando desequilíbrios ambientais.
Esta característica seguramente levou a que as campas passassem a ser marcadas com um Ramo de Acácia para assim serem facilmente reconhecidas pelos Sacerdotes.
Daqui à Lenda de Hiram é um passo, pois a lenda situa no espaço e no tempo a estória da morte de Hiram , espaço e tempo que são os que acabo de referir , Jerusalém na época da construção do templo.
Na Lenda Hiram é assassinado e o seu cadáver enterrado fora da cidade para encobrir o crime. Todavia a regra mandava marcar a sepultura com um Ramo de Acácia.
Temos aqui a ligação.
Hoje o ramo de acácia continua a ser usado como símbolo, sendo que e tanto quanto consegui perceber é o Ramo da Acácia Nilotica ou Seyal, ou eventualmente o da Acácia Robinia.
Publicado no Blog A partir da Pedra (Loja Maçônica de Portugal)
sábado, 1 de agosto de 2009
O Ramo de Acácia
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